Capítulo 16 - Segredos e Suspiros

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Me vesti o mais rápido que pude, mas o coração estava acelerado. O que Gabriel poderia querer agora? Tentei manter a calma, mas não era tão fácil. O peso de tudo aquilo, a tensão entre nós, o perigo lá fora, Rafael... Tudo girava na minha cabeça. Caminhei até a biblioteca, onde ele disse que me esperaria, e encontrei-o de costas, parado, olhando para as prateleiras de livros. E, por um segundo, não pude evitar admirar cada detalhe daquele homem.

Não me julguem, eu só tive um homem na minha vida — o canalha do Rafael. Mas, para ser sincera, com ele tudo era tão rápido e... devagar ao mesmo tempo. Eu ficava me perguntando se todos os homens eram assim, tão previsíveis. Mas Gabriel, sei lá, parecia diferente. Parecia saber exatamente o que fazer com uma mulher. Claro, isso poderia ser coisa da minha cabeça, mas não tinha como negar o óbvio: a beleza, a imponência, o cheiro, os músculos delineados sob os ternos caros, e aquelas tatuagens que cobriam parte do corpo dele, deixando tudo ainda mais irresistível.

Eu sei, eu sei. Estou numa situação complicada, sou uma fugitiva e refugiada na casa de um estranho, mas não posso evitar. Sonho com ele todas as noites e, pior, acordo assustada e, vou admitir, excitada. Ele desperta uma curiosidade em mim que eu nunca senti. Porém, por mais tentador que seja, sei que preciso me manter longe. Gabriel já me avisou sobre os limites, e as circunstâncias da minha vida não me permitem quebrar a cara de novo.

Ele se virou para mim de repente, com a expressão cansada e enigmática de sempre, mas havia algo mais. O jeito que ele me olhava, dos pés à cabeça, com aquele olhar que parecia arquitetar o que faria comigo. Me tirava o fôlego, mas eu disfarcei. Estávamos jogando um jogo silencioso, e eu não sabia quem quebraria primeiro.

— Vamos ter uma visita inesperada — ele começou, com a voz grave e controlada, quase um sussurro, como se quisesse me preparar para algo mais sério. — Não quero que você mencione nada sobre o motivo de estar aqui. Vou dizer que você é uma conhecida, que está passando uns dias na cidade e eu ofereci hospedagem.

Seu tom era definitivo, sem espaço para questionamentos, e ele não deu nenhum detalhe além disso. A curiosidade me corroía, mas decidi manter minha boca fechada. Ele parecia tenso, e isso só significava que essa visita era importante. Gabriel então começou a me passar uma espécie de checklist, me dizendo o que eu deveria falar e fazer na presença dessa pessoa. A cada palavra, o mistério aumentava e, claro, a pulga atrás da minha orelha só crescia.

Será que era uma mulher? Alguém com quem ele tinha um lance? Ou, pior ainda, uma noiva? A ideia me fez sentir um aperto no peito que eu não sabia explicar, e isso me incomodou. Eu mal sabia sobre ele. A única coisa que vi foi uma revista antiga com uma reportagem sobre ele, mas nada pessoal. Gabriel poderia muito bem ter alguém escondido. Meu Deus... o que eu faria se essa mulher aparecesse?

Ele percebeu meu desconforto.

— Está tudo bem? — ele perguntou, me olhando com aquela intensidade que fazia meu corpo todo esquentar.

Eu abri a boca para responder, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, Gabriel se aproximou. A distância entre nós desapareceu em questão de segundos, e eu senti o calor do corpo dele perto do meu. Ele parou a poucos centímetros, seu olhar fixo no meu, como se estivesse testando até onde eu aguentaria. Sua mão tocou meu braço por um breve segundo, e era como se uma corrente elétrica tivesse passado por mim.

— Você sabe o que fazer, Sofia. Não complique — disse ele, sua voz baixa e provocante. O calor da sua respiração tão próxima ao meu rosto fez com que meu coração acelerasse de uma forma que eu não conseguia controlar. A tensão no ar era palpável. Ele estava perto demais, e por um momento, achei que fosse me beijar.

Eu respirei fundo, tentando me segurar. "Foco, Sofia. Foco!" Eu gritei comigo mesma em pensamento, mas era impossível não ser afetada por ele.

— Vou ficar bem — consegui responder, embora minha voz soasse mais fraca do que eu gostaria. Ele me olhou mais uma vez, parecendo medir minha força, e se afastou lentamente, voltando a ser o Gabriel frio e calculista que eu conhecia.

— Boa noite. — Ele saiu sem dizer mais nada, mas eu continuei sentindo a presença dele no quarto, como se algo tivesse ficado no ar.

Quando ele se foi, eu desabei na cadeira, tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Será que eu estava ficando louca ou Gabriel queria me beijar? E, pior, será que eu queria que ele fizesse?

REFÚGIO PROIBIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora