"Minha vida nunca foi fácil, mas de certa forma, eu já estava acostumada com isso. Cresci em um orfanato, e quando completei dezoito anos, fui praticamente jogada no mundo sem um plano, sem ninguém para me guiar. Eu precisava arrumar um emprego, e o único que apareceu foi em um bar de quinta categoria, no meio de uma cidade que não parava nem pra respirar.
Eu trabalhava doze horas por dia. Doze. Quando as pessoas reclamavam de trabalhar oito, eu queria rir. Sério, o que são oito horas pra quem tá acostumada a sobreviver com o mínimo? Eu dormia nos fundos do bar, em um quartinho que o dono me cedeu. "É temporário", ele disse. Só que o temporário já durava meses. O lugar? Ratos e goteiras. A cama, se é que dá pra chamar aquilo de cama, era mais dura que o chão. Mas eu não reclamava. Era o que eu tinha, e, sinceramente, eu não tinha ninguém pra ouvir minhas reclamações, de qualquer jeito.
Era sempre a mesma coisa. No bar, eu servia bebidas para gente que só queria esquecer seus problemas com uma garrafa. Eu, claro, também queria esquecer os meus, mas não tinha esse luxo. A única coisa que me fazia continuar era o sonho de que, de alguma forma, eu sairia daquela vida. Talvez uma sorte repentina, talvez... alguém que aparecesse e mudasse tudo.
Foi aí que ele apareceu.
Ele sempre chegava tarde, quando o bar já estava no final do expediente. Elegante, bem vestido. Dava pra ver de longe que ele não era como os outros frequentadores do lugar. Ele não pertencia àquele ambiente, mas lá estava ele, toda noite, pedindo o mesmo drink e me lançando olhares que eu não sabia como interpretar. Eu tentava manter a distância, afinal, quantas histórias a gente já ouviu de garotas se metendo com caras problemáticos? Mas ele... ele era diferente. Rico, bonito, e o melhor de tudo: interessado em mim. Isso não acontecia todo dia.
"Você não merece estar aqui," ele disse numa noite. Fiquei surpresa. Era a primeira vez que ele falava algo além de 'obrigado'. "Com certeza você tem algo melhor pra fazer com a sua vida."
Eu ri, meio sem jeito. "É, não tá tão fácil assim. Mas eu me viro."
"Deveria ser mais fácil," ele continuou, sem tirar os olhos de mim. "Alguém como você merece algo muito melhor. Se você quisesse, poderia ter tudo. Posso te ajudar, sabe disso, não sabe?"
E foi aí que começou. Ele me fez acreditar que eu merecia mais. Que minha vida poderia ser diferente, que eu não precisava continuar naquele buraco de bar, naquele quartinho imundo. Que ele me tiraria dali, me daria uma vida nova.
Eu fui burra o suficiente pra acreditar."
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REFÚGIO PROIBIDO
Romansa🚫MAIORES DE 18 ANOS Refúgio Proibido mergulha na tumultuada vida de Sofia, uma jovem mãe determinada a escapar de um relacionamento abusivo, levando seu pequeno filho, Arthur, em uma fuga desesperada. O destino a leva a uma mansão misteriosa, habi...