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Comecei a tossir descontroladamente por causa da poeira que se ergueu no ar pesado. A luz de uma lanterna cortou a escuridão, iluminando nossos rostos cobertos de sujeira e suor.
— Vocês estão bem? — perguntou Brenda, sua voz firme quebrando o silêncio sufocante.
— Claro, tô ótimo — respondeu Thomas, seu sarcasmo escorrendo em cada palavra.
Olhei para Brenda, acenando com a cabeça. Estava ilesa, mas longe de estar tranquila. Brenda ergueu a lanterna, iluminando o caminho de onde havíamos descido. A entrada estava completamente bloqueada pelos escombros do prédio.
— Não... não — murmurou Thomas, o desespero estampado em sua voz. — Como vamos voltar e encontrar os outros? — perguntou, sua ansiedade crescendo.
Olhei para Brenda, e a confiança fria em seus olhos me fez respirar um pouco mais fundo.
— Aposto que ela sabe como tirar a gente daqui — falei, tentando soar mais firme do que me sentia.
— Relaxa, vou tirar a gente daqui — disse Brenda, sua voz tão segura quanto sua postura enquanto se levantava.
Ela nos entregou lanternas, e eu peguei a minha com mãos trêmulas, a luz fraca, mas reconfortante, perfurando a escuridão ao redor.
— Por que estão nos ajudando? — perguntou Thomas, de repente, com o tom mais incisivo do que o normal, como se tivesse acabado de despertar de um transe.
— Pode acreditar, não foi ideia minha — retrucou Brenda, ajustando a mochila nos ombros. — O Jorge acha que vocês são bilhetes para um lugar seguro.
— O quê? — Thomas franziu o cenho, sem acreditar.
— Sabe, o paraíso. Livre do sol, sem infecções. O Braço Direito leva jovens pra lá há anos. Imunes, pelo menos — explicou Brenda. A menção de um paraíso seguro parecia acender uma faísca de esperança em Thomas, mas para mim, soava mais como uma promessa vazia.
Thomas se levantou lentamente, mas sua ansiedade era palpável.
— Você sabe onde fica? — ele perguntou, oscilando entre a esperança e o medo.
— Não, mas Jorge conhece um cara. Marcus. Ele contrabandeava jovens pelas montanhas. Se o Jorge sair daqui, é para lá que ele vai levar vocês — respondeu Brenda enquanto se agachava para remover pedaços de madeira de cima de um alçapão de metal. — Ele tirou alguns amigos meus de enrascadas antes.
— Se ele sair daqui? — Thomas não conseguiu esconder o ceticismo.
— Você faz muitas perguntas — retrucou Brenda, impaciente. — Agora me ajuda aqui, por favor.
Thomas se juntou a ela, e juntos, com esforço, levantaram o alçapão, revelando um buraco profundo. Um som abafado ecoou do subsolo, sinistro e distante, fazendo todos nós nos entreolharmos com preocupação.
