Estávamos na estrada há tempo suficiente para sentir o peso do cansaço nos vencendo, mas a tensão só começava a dar uma breve trégua. Com a mente exausta, permiti que o sono me dominasse, aproveitando o pouco de paz que nos restava antes de chegarmos à Última Cidade. Cada minuto de descanso era um raro alívio, mas no fundo, eu sabia que essa calmaria não duraria.
Fui despertada pela voz de Newt, me trazendo de volta à realidade com um chamado urgente. Abri os olhos devagar, sentindo a luz do dia invadir minha visão. O carro estava parado, e os meninos já tinham saído. Peguei minha AK7, saí do veículo e observei ao redor. Avisos pintados em placas enferrujadas e paredes quebradiças alertavam sobre o vírus, uma lembrança sombria do perigo que rondava aquele território.
Adiante, a estrada abandonada levava a um túnel escuro e ameaçador. Em meio às montanhas, aquela passagem parecia um sussurro sinistro, como se algo nos chamasse para dentro, sabendo que seríamos forçados a entrar. A boca negra do túnel engolia a luz, dando ao local uma sensação de fim, de condenação.
Caminhei até a frente do carro, encontrando Newt e os outros. Ele apontou para o túnel, com um olhar sério.
—Quer que a gente entre ali? — perguntou a Thomas, que estudava o mapa em suas mãos, imerso em pensamentos.
Newt não esperou pela resposta, continuando com sua desconfiança.
—Se eu fosse um crank, seria exatamente ali que eu me esconderia.
Olhei ao redor, sentindo a tensão crescer. —Ele tem razão — disse, tentando soar mais tranquila do que me sentia. —Mas também não há outra opção.
Thomas finalmente levantou o olhar do mapa e suspirou, resignado. —É, é verdade. Não temos.
—Então, eu vou na frente — anunciou Newt, retornando ao carro com uma determinação que tentava disfarçar o medo.
Subimos de volta, com Caçarola ao volante. O motor roncou suavemente enquanto nos preparávamos para enfrentar o desconhecido. À medida que avançávamos, os faróis iluminavam a escuridão densa à nossa frente, mas ela parecia nos cercar cada vez mais, como se o túnel quisesse nos engolir por completo.
Lá dentro, o ambiente se tornou claustrofóbico, com carros abandonados bloqueando parte do caminho. Caçarola dirigia devagar, desviando de obstáculos enquanto Newt, com uma lanterna, iluminava cada canto, pronto para qualquer coisa. A tensão era palpável; cada som, cada sombra parecia esconder algo que nos observava.
Meu coração batia forte, acompanhando o ritmo frenético da adrenalina que corria por minhas veias. Sabíamos que, num lugar como aquele, qualquer movimento em falso poderia ser nosso último.
De repente, o silêncio foi quebrado pela voz de Newt, que segurou o ombro de Caçarola, fazendo-o parar bruscamente.
À nossa frente, a luz dos faróis revelou uma figura solitária, de costas para nós. Era inconfundível: um Crank. A criatura se movia de forma desajeitada, e seus sons guturais ecoavam pelas paredes do túnel, amplificando o terror que todos nós sentíamos.