Corríamos desesperados pelos túneis escuros, os gritos dos cranks ecoando atrás de nós, como bestas famintas que não parariam até nos devorar. Thomas liderava, o suor escorrendo pelo rosto enquanto seus olhos frenéticos buscavam uma saída. Um beco sem saída seria o nosso fim.
— Ah, merda! -xingou Thomas, olhando rapidamente para trás. Os cranks se moviam com uma fúria irracional, suas faces retorcidas pela loucura.
— Continua! NÃO OLHEM PRA TRÁS! -gritei, a adrenalina pulsando. Eu sentia o ar pesado em meus pulmões, mas não podia parar. Corremos em direção à luz fraca no fim do túnel, como se a esperança estivesse logo ali.
Ao emergirmos, a luz ofuscante nos cegou por um segundo, e então tudo ficou claro. Estávamos em um precipício de concreto, a metros de altura, com destroços caindo ao nosso redor. Não havia para onde fugir.
— Pra onde agora? -minha voz soava vazia, cercada pelo desespero.
Brenda apontou para os destroços empilhados, sua expressão determinada. — Por aqui! -E começou a subir com uma agilidade que só o desespero traz.
Eu olhei para trás. Os cranks estavam perigosamente próximos, suas unhas imundas arranhando o chão enquanto avançavam. Sem pensar, segui Brenda, sentindo o peso da morte correndo atrás de mim. Cada passo sobre os escombros rangia, e o medo de cair era superado pelo medo de ser devorada viva.
Chegamos ao interior do prédio inclinado, o ar preenchido pelo cheiro de poeira e decadência. O local estava devastado, o chão inclinado quase verticalmente.
— Merda, e agora? -perguntou Thomas, sua voz cheia de exaustão.
— Já sei! -Brenda gritou, sem perder tempo, subindo ainda mais rápido, segurando-se nas partes mais seguras.
Eu estava logo atrás, o pânico se agarrando ao meu peito como um vício. Olhei para baixo por um segundo e o horror me atingiu: os cranks já haviam escalado parte dos destroços e avançavam, incansáveis.
— CUIDADO! -Brenda gritou com uma urgência desesperada.
Olhei para cima no último segundo e me joguei para o lado quando um armário deslizou perigosamente, passando raspando em mim. O objeto voou em direção ao chão, quebrando vidraças e acertando um dos cranks, que despencou em um grito cortante.
Mas eles continuavam vindo. Inúmeros. Irrefreáveis.
Atravessamos um espaço estreito e sufocante, a estrutura do prédio se torcendo sob nosso peso. Alcançamos o que restava de uma escadaria, mas tudo estava instável, a escada invertida, como se o mundo estivesse de cabeça para baixo. Cada passo era uma roleta russa, com a ameaça de tudo desabar a qualquer instante.
Com o som dos cranks se aproximando, o tempo parecia se esgotar. Mais um erro, e tudo terminaria ali.
— Andem logo! -exigiu Brenda, sua voz carregada de urgência.