Segunda feira, 09 de junho de 1997

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Nely ainda não tinha conseguido parar de chorar.

Ela já estava dirigindo há algumas horas. O dia já raiava, o sol despontava no horizonte.

Um novo dia.

Para trás, a carnificina, o terror.

Ela pensou em Érika. Pobre Érika! Morta por algo de que não tinha culpa.

Nenhuma delas tinha culpa.

Elas tinham feito um pacto de amizade eterna.

(amigas para sempre, amigas até morrer).

O rastro de morte ficara para trás.

E agora?

Ela pensou em Sandra que morava em uma casa bacana em Pindamonhangaba.

Ela precisava de ajuda, e a única pessoa que poderia ajudá-la era Sandra. Sandra ainda era a sua família. As duas manteriam o pacto até o final.

Nely ouviu um telefone tocar e se assustou. Olhou para trás e viu um celular em cima do banco. Encostou a viatura.

"Meu Deus!"  Pensou ela. "Estou dirigindo uma viatura! Tenho que ir à polícia!"

Nely pegou o telefone, as mãos trêmulas, o coração acelerado.

"Não atenda! Não atenda!"

- A- alô...

Por um momento seu coração parou e ela deixou de respirar. 

A voz do outro lado era agonizante, mas estava longe de ser a voz de alguém que estava morrendo, era, antes, a voz de quem sentia muita dor e... muita raiva:

- Eu... ainda sei... onde você está.

Nely soltou o telefone e gritou.

Seus gritos ecoaram pelo ar.

Eu ainda sei onde você está Onde histórias criam vida. Descubra agora