Nicole só chegou por volta das seis da tarde e apareceu toda extravagante, como uma puta de luxo. Sandra desconfiava que era exatamente isso o que ela era, uma puta de luxo.O único que ainda não tinha chegado era Márcio, e Nely soube através de Helen que ele só viria na manhã de domingo.
Aquele era o grupo de Nicolas, seus convidados para aquela desnecessária viagem até o campo, e Nely olhou bem para ele. Era um grupo estranho de pessoas que se conheciam, mas que com toda certeza não tinham um laço de amizade muito estreitado. Então, qual era a finalidade de Nicolas em convidá-los?
Nely tentou descobrir, pensou em perguntar a ele, mas isso seria, no mínimo, deselegante.
Mas era estranho. Aquelas pessoas não eram amigas umas das outras e muito menos eram suas amigas ou de Sandra, e ela desconfiava até que fossem amigas do próprio Nicolas. Talvez a intenção de Nicolas fosse aproximá-los, fazer com que eles se tornassem de fato amigos. Mas para quê? De que isso serviria?
Nely e Sandra resolveram ligar para uma pizzaria e encomendar pizzas e garrafas de Coca-Cola. William resolveu ir até a cidade e voltou com duas caixas de cerveja.
O grupo se instalou na sala de jogos. Nely ligou o som, e eles começaram a jogar partidas de sinuca, regadas a cerveja, pizza e Coca-Cola. Naquele momento, eles pareciam ser amigos.
Nely ponderou que talvez estivesse sendo muito implicante. Aquelas pessoas eram amigas, ela conhecia cada uma delas. Conhecia Helen, mesmo Darlene e Nicole eram conhecidas suas. William e Nicolas ela conhecia desde os tempos de faculdade.
Ela pegou uma cerveja e entrou no jogo, fazendo parceria com Nicolas.
Talvez eles estivessem certos, ela estava mesmo precisando relaxar um pouco e esquecer os problemas que todas as pessoas tinham. Ela não era a única.
Eles estavam fazendo aquela viagem para ajudá-la a relaxar, e era o que ela ia fazer: curtir e relaxar.
Nely jogou quatro rodadas de sinuca e tomou cinco cervejas.
Sandra também tomava cerveja e conversava com Nicole, sentada no sofá. As duas se olharam, e Sandra lhe deu uma piscadela.
— Somos uma dupla imbatível, Nely! — exclamou Nicolas e lhe deu um beijo no rosto.
— Vou até a cozinha pegar um pouco de água. Vocês querem?
— Só se você tiver aguardente — brincou William, e todos riram.
Nely saiu da sala de jogos e ouviu o telefone soar na sala.
Caminhou até lá e atendeu.
— Alô.
Ninguém respondeu do outro lado.
— Alô. Quem é?
Nada.
Tinha alguém na linha, ela tinha certeza, podia ouvir uma respiração, mas ninguém respondia.
— Quem é?
Seu coração palpitou. Uma ideia que a encheu de medo povoou sua mente, fazendo-a estremecer.
— Quem é? Co... Codder, é você?
TUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU
Nely olhou para o telefone e o colocou no gancho.
Aproximou-se da janela e afastou as cortinas, olhando para o jardim lá fora. Só viu a escuridão, que já havia deixado a tarde há muito para trás.
Nely aproximou-se da porta e acionou o interruptor, acendendo as luzes do jardim.
Olhou novamente para fora e, por um momento, julgou estar vendo alguém lá, parado perto da cerca de sebes. Seu coração palpitou; ela foi sentindo as ondas do medo querendo dominá-la, mas se conteve, sabia que não havia ninguém lá. Era apenas sua imaginação lhe pregando peças.
Nely voltou-se para trás e deu de cara com Nicolas e soltou um grito.
— Ai meu Deus! Você me assustou!
— Me desculpe. Eu estava procurando você.
— Eu estou aqui. O que foi?
— Temos que voltar para o jogo.
— Vou até a cozinha. Preciso de água.
— Está tudo bem, Nely?
Nely olhou para o telefone.
— Está. Por quê?
— Sei lá. Você parece pálida.
— Eu estou bem.
Nely saiu, indo em direção à cozinha.
Nicolas ficou ali a observando enquanto ela se afastava.
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Eu ainda sei onde você está
HorrorDois anos após os terríveis acontecimentos que moldaram sua vida para sempre, Nely vive com sua amiga Sandra, ainda assombrada pelos fantasmas do passado que povoam e corroem sua mente. Ela e alguns amigos estão prestes a fazer uma viagem a uma faz...