Capítulo Quatro

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Azarento.


Fora tantas informações para poucas horas que Aster sente como se estivesse rolando em um Zuzun. Em meio ao discurso quase inaudível da rainha, o povo corre tentando se desviar dos ataques dos drocs. A criatura grunhiu, levantando as pessoas do chão. Seu corpo aparenta estar coberto por musgos e sua costa e braços cheios de espinhos. A cara dele, que parece ter sido enfiada em um lago de larvas, se contorce em arfares e seus olhos se arregalam frenéticos como se estivesse em êxtase pela confusão. O drocs ergue com sorriso afiado qualquer um que aparece em seu caminho, jogando-os longe. As pessoas gritam amedrontadas enquanto mais drocs caem, estilhaçando o teto de vidro. Sentinelas os cercam enquanto os guardas evacuam os cidadãos e a realeza. Aster aperta os punhos, perguntando-se para onde Fernia e Yejin foram, se continuam pelo meio da confusão, mas antes que ele vá à procura, um peso em seu ombro o faz ter um solavanco. Ele gira o corpo em automático, encarando surpreso Loria, a comandante do esquadrão de sentinelas.

— Precisamos tirar vocês daqui. Venham comigo — ela diz.

Loria precisa falar mais forte por conta das crescentes exclamações e barulho de destroços. Aster lembra bem de quando a viu caminhando entre as barracas da feira junto à rainha e à princesa. Ao lado delas, Loria é bem alta. Naquele dia, ele ficou encantado com o quanto ela é bonita, tanto que nem a grande cicatriz na sua bochecha estragou. Seu uniforme agora se camufla em meio aos vários sentinelas espalhados. É roxo, com uma manga longa e frouxa, enquanto a outra é colada ao corpo. A armadura por cima é de ombreiras com um tecido azul que escorre como uma saia de apenas um lado e um pequeno capuz solto no pescoço que roça nas pontas do seu cabelo curto.

— O que está acontecendo, comandante? — O príncipe pergunta.

Seu tom tem uma seriedade que não combina com o desespero do momento.

— Podemos conversar melhor quando estivermos seguros. Prometo contar a você, príncipe — Loria responde sem olhar para ele, atenta a todas as direções — Vamos.

Ela dá meia volta em direção à porta de onde os reis saíram e Keyne se apressa para segui-la. Aster nem cogita em acompanhá-los, agoniado para encontrar sua irmã e Jin. Ainda há uma quantidade razoável de cidadãos saindo em meio ao caos e ele sabe que elas não sairiam sem ele, o que o deixa mais apreensivo, pois o perigo apenas aumenta. Ele sente seu braço ser puxado, interrompendo seus pensamentos e início da caminhada.

— O que você está fazendo? — Keyne pergunta.

— Tenho que achar umas pessoas. Se me der licença — Aster responde.

Ele faz uma reverência desleixada e se apressa em varrer o olhar pela multidão alvoroçada na esperança de conseguir ver algum vestígio das duas.

— Você não pode sair por aí sozinho. Temos que ir — Keyne gesticula com a cabeça para trás e, da feita que percebe que não será respondido, continua — sabe, eu poderia explicar o porquê de ser necessário que você me siga, contudo, agora não é um momento para conversa.

— Justamente! Agora não é um bom momento. — Aster reclama. O desespero em encontrá-las começa a agonizá-lo. Ele retira a mão de Keyne do aperto em seu braço, dando-lhe a costa sem esperar resposta — você pode ir alteza, eu sei me virar sozinho. FERNIA! JIN! — Ele grita seus nomes enquanto procura seus rostos entre o povo.

— Pare de ser teimoso e obedeça! — O príncipe exige. Com mãos em punho e rosto inexpressivo.

— Eu já disse que sei me virar sozinho. Alteza. Você pode ir! O esconderijo da realeza fica para o outro lado.

Aster Furis: O receptáculo do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora