Capítulo sete.

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Quem gosta de intrometidos?



O general foi implacável com Aster, ele permaneceu mesmo quando todos já haviam deixado o campo de treinamento. O sol já havia se posto quando Yejin apareceu acompanhada de Alika. As luzes flutuantes do campo acenderam-se, ao contrário das estrelas, que se recusaram a brilhar, tão cansadas quanto Aster.

Dessa vez, mesmo não gostando, ele ficou atento às instruções de Walter, que lhe explicou que o receptáculo sempre treinou visando seu lugar no trono, por isso a prioridade era as habilidades em combate. Pois, em forma de dragão, ele é muito mais perceptível e nunca se sabe de onde um ataque pode vir, então é necessário que aprenda a se defender na forma humana.

Os pais de Yejin chegaram depois do jantar. Tudo que ele conseguia notar eram as bolsas enormes debaixo dos olhos da senhora Dae. Ela o cumprimentou com beijos molhados, apesar de pedir desculpas por estar o melando. Seu olhar frenético e mãos trêmulas não deixaram dúvidas de que ela estava agindo no automático, que nem mesmo Keyne e Alika escaparam. Eles arregalaram os olhos, assustados pela proximidade inusitada. Os pais de Yejin os encheram de perguntas. O senhor Teodoro balbuciava como estava orgulhoso.

"Imagina só... Minha maravilhosa filha treinando no esquadrão! Oh, e você, Aster... O receptáculo! Que orgulho. Que orgulho" ele dizia, em repetição enquanto Dae fungava o nome de Fernia.

Observar a senhora Dae segurar o choro fez o coração de Aster doer mais do que quando o rei o chamou para o canto da sala, dizendo com olhos suaves: "Seu pai não pode vir, Aster. Ele... Tenho certeza de que ele queria estar aqui, mas sua ferraria não podia ficar só" Quem vai a uma ferraria à noite? Ele não ficou desapontado. Para Aster não importa se ele foi o ver ou não, mas saber que nem o fato de sua filha ter sido levada pelos drocs e estar possivelmente morta o fez ser um pai por pelo menos um minuto, deixa-o com raiva. Como tudo tem sido deixado ultimamente.

Com a desculpa de ver Teté que felizmente os pais de Yejin levaram, ele sai da sala. Pelos sons de passos atrás, ele sabe que foi seguido. Eles não falam nada o caminho todo, e Aster é grato.

— Oh, você comeu? Por que parece tão menor de repente? Deixe me ver suas patas — ele fala para o seu Zuzun.

Teté dá os melhores saltos que consegue devido ao seu casco e Aster resmunga sorrindo quando sua língua azul lambe o seu rosto. Dizem que eles são irracionais, mas ele tem certeza de que o Zuzun o entende. Ele levanta as patas dele, verificando que estão com pedrinhas encravadas, constatando que ele deve ter ido atrás dele na casa de Nadiv. Aster se pergunta se ela já colocou outra pessoa em seu lugar para trabalhar na zooiatria. Seu peito aperta, esperando que não, mas sabe que essa é uma opção fraca, pois com seu segundo trabalho ela também tem que viajar, e as criaturas não podem ficar sozinhas.

— Ele está ferido? — Keyne pergunta.

Ele olha para Teté como os domadores olham para os dragões nos primeiros dias de contado, cautelosos. Aster zomba mentalmente curioso como o príncipe enfrentou um drocs, mas está com medo de um zuzun? Isso não faz o menor sentido. Alika, por outro lado, passa a mão pelo seu casco, murmurando elogios, seguindo os passos de Yejin.

— Ele está com pedrinhas entre as garras, preciso de algo para limpar isso, não é nada grave, porém, se não tirar, pode se tornar.

— Ele deve ter ido à zooiatria, as ruas dessa área têm muitas pedras. Você estava preocupado com esse feioso, não é? — Yejin adula o Zuzun.

Aster Furis: O receptáculo do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora