Bond By Revenge {JUNGKOOK}

17. Você poderia me amar mesmo no meu pior?

#LaçosdeVingança 🥀

Jungkook.

2008.

A primavera havia chegado há pouco mais de um mês e uma brisa fresca entrava através da janela do meu quarto enquanto eu tentava estudar. Tentava. Minha mente estava vagando longe.

Garotos de treze anos deveriam estar preocupados com coisas como jogos e amigos, ou talvez com a minha paixão secreta por Ji Eun, minha colega de turma, mas naquele momento eu estava mais interessado pelo submundo do crime que papai havia começado a me apresentar.

Ele sempre nos deixou ciente do que fazia e de como tínhamos tanto dinheiro, mas nunca tinha exigido de mim mais do que o pouco eu sabia. Ele sempre dizia que na hora certa me ensinaria tudo que eu precisava saber e essa hora tinha chegado.

Aos poucos eu descobria um universo obscuro e excitante, cheio de segredos e perigos, e eu estava seduzido por ele. Papai dizia que eu não precisava seguir seus passos se eu não quisesse, mas eu estava mais interessado do que ele imaginava. Enquanto os livros escolares estavam abertos na minha frente, minha mente estava mergulhada em pensamentos sobre os negócios ilícitos, as alianças e as traições que papai sempre mencionava em suas conversas. Eu sabia que não deveria estar tão envolvido nisso, mas era difícil resistir à fascinação que aquela vida clandestina exercia sobre mim.

Fui afastado dos meus pensamentos por um choramingo baixo seguido de um soluço vindo do corredor. Me preocupei, talvez Ji Yeon tivesse se machucado ou aprontado algo.

Me levantei e fui em direção a porta, ignorando completamente as ordens que havia recebido de só sair do quarto após ter pelo menos trinta questões de aritmética resolvidas. Poderia estar acontecendo uma emergência.

Para minha surpresa quem estava no corredor era Yuna. Não havia visto quando ela chegou, provavelmente para brincar com Ji Yeon.

Seu rosto estava vermelho e banhado lágrimas enquanto ela esfregava compulsivamente as manchas vermelhas em sua blusa branca de gatinhos.

Sua aflição era palpável, e a preocupação imediata tomou conta de mim. Corri até ela e me agachei para ficar da sua altura, segurando suas mãos para evitar que ela se machucasse.

— Yuna, o que aconteceu? — Minhas palavras saíram apresssadas.

Ela levantou os olhos para mim, tentando engolir o choro.

— Eu me sujei com os morangos. Mamma vai brigar comigo... Ela não gosta quando eu me sujo... Por favor, me ajude a limpar! Por favor!

Franzi as minhas sobrancelhas. A sua angústia parecia anormal para uma criança de quatro anos.

— Hey, está tudo bem. — Tentei acalmá-la. — Não tem problema você se sujar, essas coisas acontecem. Sua mãe não tem motivos para brigar. — Mostrei um sorriso amigável.

Ela negou com a cabeça. Senti um leve tremor passar pelas suas mãos enquanto ela tentava falar, mas as palavras já escassas de seu pequeno vocabulário agora pareciam ainda mais difíceis por causa do choro.

— Ela vai... Mamãe vai brigar... Da última vez ela... — Yuna parou de falar, como se o que fosse revelar era um segredo que ela não podia contar.

Eu podia não ser um expert em comportamento infantil, mas a maneira como ela tremia e chorava por algo tão banal não me parecia normal. A compreensão me encheu. Porra.