Bond By Revenge {JUNGKOOK}

20. Não consigo me impedir de cair.

#LaçosdeVingança 🥀

Ji Hyuk.

Eu estava sentado num canto do escritório, fazendo curativos em minhas mãos machucadas, enquanto papai parecia cada vez mais furioso. Em mãos ele tinha um convite de casamento. Para ser mais específico, era um convite do casamento da minha irmã com o master Boss do clã Orion, o maior inimigo do meu pai. Ele gritava sem parar enquanto Taemin estava de cabeça baixa na cadeira de frente para ele, seu rosto completamente desfigurado pelos machucados ainda roxos e a mão que havia ficado sem um dedo enfaixada, um lembrete cruel de sua imprudência.

— Tu stai vendo questo aqui? Os dois estão agindo como se nada tivesse acontecido, e você conseguiu piorar ainda mais a situação! — Papà gritou, rasgando o convite em pedaços.

Eu sabia que aquela situação só podia significar problemas. O casamento da minha irmã com Jungkook era mais do que apenas uma aliança, era um desafio direto ao poder e à autoridade do meu pai.

Desde que ela foi levada, a ira do nosso pai e de nossa mãe recaiu sobre mim, que sempre estive esquecido enquanto todos os holofotes estavam em Yuna. Eu seria o filho que se tornaria capo em alguns anos, mas Yuna sempre foi o centro das atenções. Ela era a joia da família e tinha a promessa de um futuro brilhante em um casamento onde ela nem conhecia direito o noivo. E quando ela desapareceu, levada por aqueles que buscavam vingança contra nosso pai, todo o peso da responsabilidade caiu sobre meus ombros.

No início eu pensei que finalmente papai e mamãe me tratariam melhor, mas percebi que a única que realmente se importava comigo naquela casa era ela. Yuna sempre me amou e cuidou de mim. Eu queria sentir raiva por ela ter se juntado ao nosso rival, mas não conseguia. Eu sei que ela fez o que achou que era certo, mesmo que isso significasse se afastar de nós, de mim. Eu não podia culpá-la por querer escapar da prisão que era nossa casa, da prisão que era nossa família.

— Ei, ragazzo inutile! Por que está aí parado em vez de estar treinando? — Meu pai gritou comigo, antes de lançar um livro em minha direção, consegui impedir que ele atingisse o meu rosto colocando o braço na frente.

— Desculpe, papà. Eu estava apenas... descansando um pouco antes de voltar. — Minha voz saiu fraca, mal audível diante da intensidade de sua raiva.

Ele avançou na minha direção, seus olhos faiscando de fúria enquanto ele se aproximava cada vez mais.

— Descansando, é? Você só pensa em desperdiçar o tempo! Não quero outro inutile em nossa família como a sua irmã! — Vociferou ele, sua voz ecoando pelas paredes da sala.

Eu me senti encolher diante de seu ataque verbal, uma mistura de raiva e desespero borbulhando dentro de mim. Não era a primeira vez que ele me comparava à minha irmã, mas isso não tornava suas palavras menos dolorosas. Cada frase era uma pancada, uma lembrança cruel do quanto eu nunca seria o suficiente aos olhos dele. Queria gritar, jogar minha frustração de volta, mas sabia que seria inútil. Ele estava preso em sua própria raiva, cego para o efeito que suas palavras causavam. Então, engoli minha própria raiva, abaixei os olhos e aceitei a tirania silenciosa daquele momento.

Por mais que suas palavras me atingissem, eu não podia negar que, de certa forma, o admirava. Ele era um homem poderoso, capaz de controlar tudo e todos ao seu redor. O modo como ele governava a máfia com mão de ferro era implacável, e parte de mim queria ser como ele um dia. Queria ser um capo à altura, temido e respeitado, carregando o peso de decisões que moldavam o destino de tantos. Era isso que ele esperava de mim, afinal. E talvez, apenas talvez, ao me tornar como ele, eu finalmente ganhasse o respeito que sempre busquei.