The Song in the Shadows

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Era frio.

Escuro.

Uma voz feminina ecoou à distância, cantando uma melodia tão linda que trazia uma sensação de paz ao seu peito angustiado. Ele tentava recordar o motivo de sua aflição, mas o pensamento escapava, como areia entre os dedos.

Qual era seu nome mesmo?

Havia outra voz. Um homem o chamando longe.

Mas ele sentia uma irresistível atração pela voz da mulher, tão encantadora que queria segui-la.

Um brilho branco fraco, começou ao longe.

Era ela? Não, não era.

O brilho intensificou-se, transformando-se em uma luz ofuscante.

Azriel.

O brilho parecia gritar seu nome.

Esse era o seu nome. Mas quem era ela?

Olhos grandes e profundos o encaravam, iluminados pela luz branca.

Azriel.

Ela chamou outra vez, ele a conhecia. Sabia disso.

Então sua consciência voltou, como um elástico quando puxado e arde a pele. A melodia feminina não era mais ouvida. Ele tremia freneticamente, de joelhos no gramado verde, com sua Grã-Senhora segurando seu rosto entre as mãos. A luz que emanava dela agora era tênue, quase como um reflexo do que havia sido.

- Azriel... - ela murmurou, a preocupação em seus olhos. - Você está seguro agora.

Ele piscou, tentando se recompor, a realidade começando a se firmar ao seu redor. A sensação de frio e escuridão ainda o envolvia. Seus ossos doíam.

- Eu ouvi uma voz. - ele disse quase mordendo a língua com a tremedeira que sentia.

- O que você ouviu? - Amren perguntou, se colocando atrás de Feyre, que ainda segurava seu rosto. Ele tinha receio que se ela o soltasse, ele perderia a consciência novamente, e ela parecia pensar o mesmo.

- Era... - ele hesitou, tentando organizar os fragmentos da memória. - Era uma canção... mas havia algo mais, uma presença. Eu queria... segui-la.

- As sombras - Amren disse, a voz agora baixa e contemplativa. - Elas cobriram todo o seu corpo. Feyre tateou no escuro até você, e usou o poder da Corte Crepuscular para tentar te trazer de volta. Você estava prestes a se perder.

- Perder? - Azriel repetiu, a palavra ecoando dentro dele. - O que isso significa?

Feyre inclinou a cabeça, a preocupação se intensificando em seus traços. Sua Grã-Senhora agora o acariciava no ombro, ainda de joelhos ao lado dele. Ela brilhava fracamente.

- Significa que algo ou alguém está tentando se comunicar com você, Azriel. Sua consciência não era mais sua.

O tremor em seu corpo começou a diminuir, à medida que ele se sentia mais presente, mais consciente. Uma grande exaustão tomou seu corpo. Ele olhou ao redor, vendo Mor observá-lo de longe, segurando Nyx nos braços com um olhar preocupado. Ao lado dela, as Valkírias também o observavam, tensas. Gwyn estava mais perto, seus olhos cheios de preocupação

Cassian e Rhysand estavam a poucos passos de Feyre, ambos o encarando com cautela.

Azriel ergueu o olhar, encontrando os olhos de seu Grão-Senhor. Ele sabia o que Rhys queria dizer. Ele queria entrar em sua mente, acessar suas memórias para entender o que havia ocorrido.

Ele assentiu, mesmo o irmão não tendo pronunciado nenhuma palavra e fechou os olhos, sentindo o calor familiar da magia de Rhys se infiltrar em sua mente. A sensação era suave, quase como uma brisa, mas logo ele sentiu as memórias se agitando, as sombras de seus pensamentos sendo sondadas.

Rhys era cuidadoso, gentil, mas mesmo assim era estranha a sensação de ter ele vasculhando a sua mente.

Então, havia uma escuridão, fria e densa, e no meio dela, aquela voz. A voz feminina que ainda o assombrava. Rhys a ouviu também.

Rhysand congelou ao ouvir a melodia suave ecoando nas profundezas da mente de Azriel. Ele viu a luz branca, os grandes olhos que o encaravam. Sentiu o mesmo frio, a mesma angústia.

De repente, ele recuou, soltando a mente de Azriel abruptamente, com um suspiro trêmulo.

- Isso foi... - as palavras sumiram na voz do Grã-Senhor. - calmo.

- Do que está falando? - Amren perguntou.

- Deixe-me mostar. - então os Olhos de Amren ficaram vagos, e um pequeno tremor surgiu em sua mãe esquerda.

- Isso. - ela começou a dizer, o olhando com seus olhos arregalado. - Isso é antigo. Foi sussurrado um vez na prisão.

Ela nunca falava da prisão, nem quando Cassian uma vez ousou perguntar.

- O que falaram? - Azriel perguntou. Ele começou a sentir suas pernas formigarem pela posição. Pensou em levantar, mas não confiava em suas pernas. Ele não conseguia nem deixar as asas longe do chão.

- Uma vez, sussurros vieram pelas paredes. - Amren começou a dizer, sua voz era calma, fria e terrivelmente assustadora aos ouvidos de Azriel. Lembrando da criatura que um dia ela fora. - Era uma mulher, cantando uma canção. Aqueles que ouviram... desapareceram ou se mataram em suas celas. E eu nem sabia que era possível morrer lá.

Azriel a encarou, a história o atravessando com um calafrio.

A ideia de alguém morrer em uma prisão de onde nem a própria morte poderia escapar o deixou desconfortável. As palavras de Amren, davam a impressão de que ela estava relembrando algo distante e sombrio, uma memória que ela tentava enterrar.

- Você a ouviu? - Azriel sussurrou, as palavras quase morrendo em seus lábios.

Amren o encarou por um momento, e seus olhos brilharam levemente, como se aquele simples questionamento trouxesse à tona algo que ela preferia esquecer.

- Não. - respondeu finalmente, o tom ainda mais grave. - Mas ouvi os gritos daqueles que ouviram.

Canção das Sombras | GWYNRIELOnde histórias criam vida. Descubra agora