Canção das Sombras | GWYNRIEL

Afraid to Lose

A dor em seu corpo cedeu por um breve momento, permitindo que ele mergulhasse em um sono profundo, um sono que o levava para longe da realidade em que estava.

Ele caminhava por um túnel estreito, as paredes reluzindo como se fossem feitas de estrelas cadentes. A luz era suave e tranquilizadora, guiando-o até uma caverna ampla e aberta. No centro da caverna, a água era cristalina, refletindo a luz das estrelas como um espelho. O som da água caindo era hipnotizante, como uma canção antiga.

À beira da água, uma pedra enorme se erguia, imponente e majestosa. E, no centro daquela pedra, uma espada estava cravada, era Narben. A visão da espada trouxe um turbilhão de emoções, um chamado profundo e irresistível que reverberava em seu ser. Ele se aproximou, atraído pela força que emanava dela, como se estivesse sendo chamado pela espada. Suas sombras se agitavam ao seu redor, atraídas pela espada. Sua mão formigava.

A voz que o havia chamado antes ecoou novamente, suave e envolvente, como um sussurro nas brisas da noite. Aquela voz que o fez esquecer de si, esquecer tudo que o atormentava.

Tome a espada, Azriel.

Sua voz antiga e atual, uma sinfonia de vozes e sons. Ele sentia reverberar por todo o seu ser. Cada músculo do seu corpo respondendo a ela. Sendo atraído por ela.

Não fuja do seu destino.

Ele estendeu a mão, sentindo a energia pulsante de Narben, uma conexão profunda que transcendeu o espaço e o tempo. Todo o seu ser respondia a ela, era atraído pelo chamado.

Pegue-a, filho da Escuridão.

Azriel hesitou por um breve momento, a batalha interna entre medo e desejo lhe consumindo. Ele estendeu a mão, seus dedos quase tocando a lâmina quando, de repente, um grito cortou a escuridão de seu sonho.

Azriel!

Ele acordou sobressaltado, suado e ofegante, a realidade o atingindo como um soco no estômago. Lentamente, ele piscou, o quarto ao seu redor começando a se focar.

Rhys estava sentado ao lado da sua cama, observando o horizonte pela janela. Seu rosto pensativo e cauteloso.

- Que bom que está vivo. - Rhys disse, seus olhos violetas se fixando nele com uma leve preocupação misturada ao alívio.

Azriel olhou para Rhys, a lembrança da espada, da voz chamando-o, ainda reverberava em sua mente. Ele balançou a cabeça, tentando dissipar a confusão.

Azriel tentou se mover, mas uma dor lancinante tomou conta de seu tronco e de suas asas. Seu olhar foi imediatamente para suas asas, enfaixadas firmemente, as ataduras brancas manchadas de sangue.

- Você vai voar novamente. - a voz de Madja interrompeu seus pensamentos, enquanto ela ajustava a bolsa com seus equipamentos no outro canto do quarto. - Mas por hora, melhor andar.

Ela fez uma reverência na direção de Rhys, e saiu do quarto. Azriel olhou na direção de Rhys, o irmão encarava o horizonte novamente.

- Eu vi...Narben. - ele conseguiu dizer. Sua garganta queimava, como se estivesse gritando.

O rosto de Rhys se transformou, a preocupação se intensificando.

- O que mais você viu?

- A voz... Ela me chamou. Disse para eu pegar a espada. E me chamou de Filho da Escuridão. - A frase ecoou em sua mente, as sombras ao seu redor se contorcendo com a lembrança.

Rhys franziu a testa, seus olhos parecendo buscar algo além da superfície.

- Filho da Escuridão...- Ele repetiu, a expressão tensa.