Whispers in the Dark

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A festa estava lotada de féricos de Velaris e a música preenchia o ambiente. 

Azriel percebeu que Nestha não economizou na decoração, comida e extravagância. Era uma celebração digna da realeza, e ele não pôde deixar de notar a ausência de um certo casal.

Nos últimos minutos, Nestha e Cassian haviam desaparecido misteriosamente. No entanto, aparentemente, ninguém parecia se importar com a falta deles. Azriel suspirou, desejando que a bebida fosse mais forte para que pudesse esquecer rapidamente toda a situação ao chegar à Casa do Vento. 

Ele teve a sensação de ser observado.

Clarividente.

Suas sombras o avisaram, assim que Elain começou a caminhar em sua direção. 

Ela estava simplesmente graciosa com o vestido rosa claro que balançava com seus movimentos. Ela parecia hesitante enquanto se aproximava dele, seus olhos pareciam procurar alguém pelo salão.

- Podemos conversar? - ela perguntou, sem encontrar coragem para encará-lo diretamente. 

Era a primeira vez que se falavam depois do Solstício. Obviamente ele fez todo o possível para se manter longe dela, tentando respeitar as ordens de Rhys. Mas Caldeirão, como foi difícil resistir a cada pensamento que o conduzia de volta a ela, ou quando eles se viam e cada músculo do corpo dele queria agarrá-la e beijá-la.

Mas ele sabia que não era o certo, ele sabia que Rhysand tinha razão.

Elain tinha um parceiro.

Um parceiro que foi dado a ela no mesmo instante em que fora retirada do Caldeirão, um parceiro que a Mãe havia concedido por alguma razão. E esse parceiro não era ele, porque ele não era digno dela.

- Claro. 

Elain assentiu com a cabeça e caminhou para as portas laterais do salão que levavam ao grande jardim que ele tinha certeza que ela havia escolhido e plantado cada flor com toda a atenção e cuidado meticuloso. Seguiu-a de perto, observando como seus dedos delicados acariciavam as pétalas coloridas enquanto passavam. O aroma do jardim envolvia-os, misturando-se ao cheiro de Elain.

Enquanto caminhavam, ele se viu afundando em um poço escuro e frio. 

Como poderia competir com o destino imposto pela própria Mãe? Ele não passava de uma sombra, um ser marcado pela escuridão, incapaz de oferecer a Elain a luz e a felicidade que ela merecia.

Ela parou diante de uma treliça coberta de rosas e então, seus olhos castanhos se voltaram para ele.

- Sei que no solstício ...

- Por favor, não continue. - ele a interrompeu, a fazendo se retrair.

- Não é um erro. - ela insistiu.

- Você tem um parceiro. - ele recuou um passo, tentando se afastar dela, do cheiro dela, do calor que emanava do corpo dela. As palavras saem com dificuldade, como se cada sílaba o estivesse afundando mais em um poço de culpa.

- Eu não o amo. - ela disse, como um sussurro.

- Eu não posso ignorar o laço da parceria. - Azriel engoliu em seco, a frase é um grito interno para si mesmo, tentando se convencer de que está certo, mesmo que a parte dele deseje desesperadamente o contrário. - Você tem um parceiro, e não sou eu.

- Eu não me importo. - Ela respondeu com a voz vacilante.

- Mas eu sim.

- É por causa da Sacerdotisa? - ela perguntou hesitante, cruzando as mãos na frente do corpo.

Canção das Sombras | GWYNRIELOnde histórias criam vida. Descubra agora