Alana | Lana 🤍
__ não pode fazer isso Maria Clara, é só eu sair que vira bagunça? - reclamei através da ligação de vídeo. - tô falando com você, responde!
Clarinha : porque o Luan pode e eu não? - perguntou e eu fiquei sem respostas, mas logo respondi.
__ talvez porque ele vai fazer 16 anos né e você só tem 11, se orienta e faz o que eu estou falando, se eu pegar você na praça com esses garotos de novo, você vem antes que todo mundo para cá e pronto - desliguei a chamada estressada, em pleno 12H na minha folga eu me estressando, essa menina puxou ao gênio do pai, quer fazer tudo na hora que quer, puta que pariu.
Levantei da cama e arrumei rapidinho ela, fui para o banheiro e aproveitei para lavar o cabelo, fiz minha skin care de todo dia e escovei os dentes, por mais que quisesse adiar essa conversa, logo menos eu teria que dar a cara e ir logo, então decidi que ia hoje lá na Rocinha.
Coloquei uma calça jeans e uma blusinha que mostra a barriga mas nem tanto que não tenho mais idade pra isso, tentei o cabelo e passei protetor axiliar e um gloss, que sem o gloss eu não sou nada, peguei meu celular e 100 reais na carteira colocando atrás da capinha, chamei um Uber e sair do apartamento que estava morando com as meninas que inclusive Ane estava no postinho e Tatá dormindo como sempre.
Demorou uns 5 minutos e o Uber chegou, um roubo a corrida, de Ipanema para a rocinha, 40 reais.
Dei boa tarde e sentei no banco de trás, compartilhei a corrida com a Tatá, mesmo sabendo que ela não iria ver porque estava apagada.
Fiquei olhando as paisagens enquanto roía as unhas, agora era tudo ou nada, ou eu iria morrer ou eu iria viver, tá mas para a primeira opção.
Demorou mais um pouquinho e chegou na rocinha, o motorista fez show porque não tinha dinheiro trocado e eu quase mandei ele enfiar aquele dinheiro no cu, pedi pra deixar para a próxima corrida e ele deixou falando merda, mas deixou, euem, o povo quer trabalhar com público e dinheiro e não tem paciência, um inferno.
Respirei fundo e chamei um moto táxi, ia subir isso aqui um carai, que eu ia.
__ casa do chefe por favor - falei depois de subir na moto e ele assentiu, ele correu não, voou, quase bato nele. - obrigada - paguei e ele foi embora.
Travei na porta vendo uns cara me olhar mas desviar o olhar, se pá já sabiam quem eu era e o que eu estava fazendo por aqui, respirei fundo e batir na porta.
__ oii gatinho, seu pai tá aí? - falei assim que o Henrique abriu a porta.
Henrique : tá sim tia, entra - deu espaço e eu entrei, não era a mesma casa de 10 anos atrás e eu agradeci mentalmente por isso. - PAI - gritou e segundos depois eu vi o Coringa chegar na escada de toalha e cabelo molhado, travei olhando mas logo desviei o olhar.
Thiago : quer me matar filho da puta? É só meter um tiro na minha testa - falou olhando para o Henrique que nem ligou e se enfiou no celular. - Eae Alana, vou só me trocar e nós bate aquele papo - assenti e ele voltou lá pra cima.
__ como tá seu curativo? Já fez hoje? - falei com o Henrique que me olhou pensativo e negou. - olhei indignada para tamanho descaso do Thiago.
Henrique : é que a mão do meu pai é um pouco pesada tia, dói bastante, você não poderia ficar fazendo? - falou cheio de charme e eu rir.
__ só se seu pai conseguir te levar até mim, não estou por aqui todo dia.
Thiago : levar pra onde? - chegou do nada me assuntando esse filho da puta.
Henrique : ela vai fazer meu curativo todo dia pai, a mão dela é mais leve e não dói muito - Thiago deu um tapinha na testa dele fazendo ele rir.
Thiago: mo ingrato tu né pivete, nem fiz o bagulho e tu acha que minha mão é pesada? Se liga hein, fica aí que eu vou bater um papo maneiro com ela lá trás Jae? - ele assentiu e nós fomos para a área de quintal da casa.
__ o que você quer falar comigo? - paguei de louca e ele riu.
Thiago: cadê meus filhos?
Neguei indignada.
__ agora são seus filhos? Pensei que só a Clarinha era - debochei mesmo.
Thiago : sem deboche pô namoral, quero um bagulho saudável, pode ser? - assenti virando o rosto.
__ eles estão em Maceió, não só tem eles, quando fui embora depois de uns meses descobri que estava grávida, duas meninas gêmeas - falei logo e ele me olhou, só não sabia decifrar aquele olhar, em um olhar só eu via arrependimento, medo, tristeza e alegria, felicidade talvez, não sabia mesmo o que ele tava pensando, até ele me puxar e me abraçar chorando, fiquei sem saber o que fazer, então só fiquei parada.
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Nosso recomeço
Teen Fiction+18 || toda história tem um começo,meio e fim, a nossa vai além temos o recomeço, nosso recomeço.