CAPÍTULO CINCO

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QUEENIE WHITE POINT OF VIEW.

uma semana em auradon.

          QUEENIE SEGURAVA a bandeja com mais força do que pretendia, as mãos levemente trêmulas enquanto se movia pela cantina. Os sons ao redor pareciam abafados, como se o mundo estivesse se distanciando lentamente. Jane estava ao seu lado, animada e tagarelando sobre os preparativos do baile. Cada detalhe, cada cor, cada música. Era muita informação para alguém que mal conseguia se manter ancorada na realidade naquele momento.

A crise da noite anterior ainda pesava em seus ossos, deixando-a esgotada de um jeito que nem o sono poderia curar. A dor, os gritos abafados no travesseiro, os olhos ardendo de tanto segurar as lágrimas. Ela queria ter sido forte, não ter deixado a loucura tomar conta, mas os momentos de descontrole vinham sem aviso, sem piedade, como sempre. E, naquela noite, havia sido uma das piores crises que ela já havia tido. Talvez um sinal de que ela estava cada vez mais perto da loucura total.

Enquanto Jane falava sem parar, Queenie só conseguia pensar em como nada daquilo parecia real. Como se Auradon fosse um sonho distante, brilhante demais para que ela pudesse fazer parte dele. A mesa diante dela se enchia de comida, mas ela mal conseguia sentir o cheiro, mal notava o que estava colocando na bandeja. Era como um autômato, um corpo andando sem uma mente presente.

— … e você acha que a Mal vai concordar com os minis sanduíches? — Jane perguntou de repente, forçando Queenie a voltar ao presente.

Queenie piscou algumas vezes, tentando se concentrar, mas a voz de Jane era um zumbido. As palavras não importavam, nada parecia importar. Ela acenou de forma vaga, como se concordasse, mas seu coração estava em outro lugar, em um lugar escuro, onde o futuro parecia uma sombra opressiva prestes a engolir tudo.

Ela continuava caminhando, a bandeja nas mãos, mas os pensamentos giravam em espiral.

Queenie se movia como em um transe, as vozes ao redor dela ficando mais distantes.

Ela se sentou em uma mesa ao lado de Jane, que continuava tagarelando sem parar sobre o baile. A comida na bandeja era mais um detalhe que Queenie não notava, seus olhos fixos em um ponto distante, além das paredes douradas e cheias de vida de Auradon Prep. O lugar deveria ser um refúgio, uma fuga de sua realidade conturbada no País das Maravilhas. Mas a verdade era que aqui, a pressão de ser "normal" parecia ainda maior. E se eles descobrissem? E se, em meio a todos esses alunos perfeitos, ela perdesse o controle de novo?

Jane estava falando algo sobre fitas e flores, a voz dela um som de fundo que se misturava aos seus pensamentos. Queenie mal prestava atenção, a mente voltando para a noite anterior, para o terror da crise que a dominou sem aviso. Ela se lembrou do travesseiro abafando seus gritos, do suor frio escorrendo por sua testa enquanto tentava não acordar as outras meninas no dormitório. A loucura sempre esteve ali, à espreita, pronta para consumi-la. E uma hora, sabia, não haveria travesseiro ou silêncio que a salvasse.

— E você, Queenie? — A voz de Jane interrompeu seus pensamentos mais uma vez. — Tem alguém em mente para o baile?

Ela piscou, voltando ao presente. — Hã? — murmurou, sem entender a pergunta. Jane a olhou com expectativa, esperando uma resposta que Queenie simplesmente não tinha.

— O baile! Vai levar alguém? — Jane insistiu, ainda sorrindo, como se aquele fosse o assunto mais importante do mundo.

Queenie mordeu o lábio. Um par para o baile? Era o tipo de coisa que deveria estar em sua cabeça, mas não estava. Como poderia pensar em algo tão banal quando a própria sanidade parecia escorrer pelos dedos a cada noite? Ela deu de ombros, tentando afastar o desconforto que sentia.

— Eu… não pensei nisso ainda — respondeu, a voz baixa e sem convicção. O baile parecia a última coisa que importava agora.

Jane, no entanto, não parecia notar o quanto Queenie estava distante. Continuava a falar, animada como sempre, enquanto os outros alunos ao redor se preparavam para a festa que viria. E ali, sentada entre eles, Queenie sentiu que nunca esteve tão sozinha.

Jane continuava a falar...

— Na verdade, eu também não tenho par — ela confessou, quase como se fosse um segredo. — Mas… — Jane hesitou, mordendo os lábios nervosamente. — Eu gostaria que o Carlos me convidasse. Ele é tão… você sabe, fofo.

Mas Queenie mal escutava. Ela estava ao lado de Jane, brincando com a comida, mas os gestos eram mecânicos, como se seu corpo estivesse funcionando por conta própria enquanto sua mente vagava por caminhos escuros e distantes. As palavras de Jane se tornaram um eco distante, como o murmúrio do vento, inatingíveis, incapazes de atravessar o turbilhão de pensamentos que a consumia. Era como se estivesse desconectada do presente, afundada em um silêncio interior que gritava mais alto do que qualquer conversa ao redor.

Auradon, com seus salões perfeitos, suas pessoas alegres e suas expectativas irreais, começava a sufocá-la. Tudo parecia distante e estranho. "Por que estou aqui?", ela se perguntava mais uma vez. Era uma pergunta que a perseguia desde que pisara naquele lugar, uma dúvida que ecoava nas profundezas da sua mente. Nada ali parecia real. Era como se ela estivesse presa em um sonho — ou pior, em um pesadelo. E a cada passo que dava, o medo de ser engolida pela loucura crescia, inchando como uma sombra prestes a sufocá-la.

Na noite anterior, quando sua crise chegou, ela foi tomada pela sensação de que todos em Auradon perceberiam o que realmente acontecia com ela. A imagem perfeita que ela tentava manter seria despedaçada, revelando sua verdadeira natureza. Ela sufocara seus gritos com o travesseiro, mordendo-o até que seu maxilar doesse, enquanto as alucinações a arrastavam para aquele abismo de dor e desespero. O pavor de perder o controle, de ser julgada, corroía seus pensamentos. E agora, ali, na cantina, tudo parecia absurdamente fora de lugar, como se ela fosse uma peça errada em um quebra-cabeça que jamais poderia se encaixar.

— Eu acho que ele gosta de você, Jane. — A voz saiu sem que Queenie realmente soubesse o que estava dizendo. Jane parou por um instante, surpresa com a resposta, antes de abrir um sorriso ainda mais largo, encorajada.

— Sério? — Jane continuou, entusiasmada. — Ah, eu realmente espero que sim!

Mas Queenie não estava mais ouvindo. Seu olhar voltou a se fixar na bandeja, os dedos brincando com o garfo sem que ela percebesse. O peso de Auradon estava sobre seus ombros, e a certeza de que havia tomado uma decisão precipitada ao vir para cá a assombrava. Ela não estava pronta. Como poderia estar? Ninguém ali a conhecia de verdade, ninguém sabia o que se passava dentro dela, a verdadeira tempestade que se escondia atrás de seus olhos. O medo de ser descoberta, de perder o controle no meio de todos, era sufocante.

A ideia de encontrar uma maneira de viver ali, de tentar se enturmar e fingir que era apenas mais uma aluna, parecia absurda. E o que aconteceria quando a maldição finalmente a consumisse? Será que seria capaz de esconder por tanto tempo?


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Ela é depressiva assim porque ela tá louca gente 😃😃

Tirei 10 em matemática, vou colar essa nota até na minha testa se duvidar 🙏🙏

𝗧𝗛𝗘 𝗪𝗛𝗜𝗧𝗘 𝗣𝗥𝗜𝗡𝗖𝗘𝗦𝗦,  harry hook.Onde histórias criam vida. Descubra agora