CAPÍTULO NOVE

83 15 2
                                    

          EVIE E QUEENIE andavam apressadas pelos corredores do castelo de Auradon, o coração de ambas disparado. A urgência de contar a Ben o que havia acontecido com Mal as dominava. Evie liderava o caminho, os passos rápidos ecoando pelo chão de mármore, enquanto Queenie a acompanhava, sentindo o peso do bilhete em suas mãos. O corredor parecia interminável, e a tensão crescia a cada segundo.

Quando chegaram à porta do escritório de Ben, Evie não hesitou em bater com firmeza.

— Pode entrar — respondeu Ben de dentro, a voz distante, absorta nos afazeres de rei.

Evie empurrou a porta, e as duas entraram no escritório. Ben, concentrado nos papéis em sua mesa, logo levantou os olhos, notando as presenças incomuns das duas. Um sorriso amigável apareceu em seu rosto, aliviando brevemente a tensão que elas sentiam.

— Evie, Queenie! Entrem! — disse Ben, sorrindo. Era raro ver Evie no escritório dele, e Queenie quase nunca aparecia por ali. Porém, o sorriso de Ben se desfez rapidamente quando ele notou a expressão aflita no rosto de ambas. — Tudo bem?

Evie avançou com passos lentos, enquanto Queenie a seguia, um pouco mais atrás. Havia algo pesado na atmosfera, algo que Ben logo percebeu.

— A Mal voltou para a Ilha — disse Queenie, a voz baixa, mas firme. O bilhete, que ela segurava com cuidado, foi entregue nas mãos de Ben junto com o anel que ele havia dado a Mal. Queenie engoliu em seco, sentindo o peso da situação.

Ben pegou o bilhete e o anel com as mãos trêmulas, os olhos se fixando nas palavras que pareciam cortar sua alma:

“Desculpe por isso, mas eu não aguentei a pressão.”

— É minha culpa — murmurou Ben, quase inaudível, mas o desespero em sua voz era evidente. Ele apertou o bilhete e o anel contra o peito, como se aquilo pudesse desfazer o que havia acontecido.

Queenie e Evie se entreolharam, ambas compartilhando a preocupação que crescia em seus corações. Queenie de alguma forma sabia (provavelmente sua forte intuição a ajudou) que Mal estava sob pressão, mas não tão profundamente a ponto de contar a ela sobre seus medos. Era evidente que havia algo muito maior acontecendo dentro de Mal, algo que ninguém havia percebido a tempo.

— A culpa é minha! — exclamou Ben — Ela estava sob tanta pressão, e ao invés de ajudá-la, eu fui uma fera com ela!

Ele fechou os olhos, tomado pela culpa, enquanto Evie e Queenie observavam, sem saber como confortá-lo naquele momento.

— Tenho que ir até lá pedir desculpas... — Ben balbuciou, desesperado. — Tenho que implorar para que ela volte!

Evie, sempre prática, sacudiu a cabeça. — Você ficou louco?! É a Ilha! Do jeito que você é, não duraria um minuto lá. E nunca encontraria Mal, teria que conhecer a Ilha, como as coisas funcionam por lá.

Queenie, que até então estava em silêncio, começou a perceber a loucura da ideia. Embora conhecesse muito bem a insanidade, a Ilha dos Perdidos parecia um tipo de caos que ela mesma não queria experimentar. O simples pensamento de Ben indo para lá parecia absurdo.

— Tem que me levar com você — disse Evie, decidida, surpreendendo Ben, que se virou rapidamente para ela.

— É! ...tem certeza? — Ben coçou a nuca, confuso.

— Tenho. Ela é minha melhor amiga.

Queenie suspirou, o peso da situação caindo sobre ela. — Isso... isso é sério? Vocês vão para a Ilha?

— Temos que ir, Queen — respondeu Evie, com firmeza. — Vamos levar os garotos também, porque não somos muito bem-vindos lá agora.

Queenie hesitou. A Ilha dos Perdidos era o último lugar onde qualquer pessoa no mundo queria estar (até os próprios que lá habitam), mas algo dentro dela a impelia a não deixá-los sozinhos.
— Acho que posso estar me metendo onde não fui chamada, mas posso ir também? — murmurou, sua voz tímida, mas determinada.

𝗧𝗛𝗘 𝗪𝗛𝗜𝗧𝗘 𝗣𝗥𝗜𝗡𝗖𝗘𝗦𝗦,  harry hook.Onde histórias criam vida. Descubra agora