CAPÍTULO DEZ

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          A LIMUSINE balançava suavemente conforme eles se aproximavam da Ilha dos Perdidos. Ao atravessar a barreira, Queenie sentiu o ar mudar, pesado e úmido, mas diferente de Auradon, era uma sensação sufocante. Ainda assim, a pior parte não era a Ilha em si, mas o que se passava dentro dela. O aperto constante em seu peito, a pressão que crescia em sua cabeça — a maldição era implacável. Sabia que, por mais que tentasse fugir, não havia como escapar.

Quando o carro finalmente estacionou, todos saíram para preparar as coisas. Evie, Jay e Carlos começaram a discutir o que fariam em seguida, cobrindo a limusine com pressa e cuidado. Ben, no entanto, parecia encantado — ou chocado — com o lugar. Ele observava cada detalhe, quase com curiosidade, seus olhos se fixando em cada canto sombrio e em cada estrutura decrépita.

Queenie, por sua vez, estava ocupada demais para prestar atenção ao que acontecia ao seu redor. Sua mente estava caótica, como se estivesse prestes a explodir. Ela se encostou contra uma parede velha, o reboco caindo ao menor toque, e fechou os olhos por um momento, tentando acalmar sua respiração. Mas era impossível. A cada vez que inspirava, parecia que o ar ficava preso em sua garganta, como se o próprio ato de respirar estivesse sendo tomado dela.

Ela abriu os olhos e piscou rapidamente, tentando afastar os clarões que surgiam em sua visão. Eles vinham e iam em ondas, pequenas alucinações que a faziam questionar o que era real. Era difícil prestar atenção no que os outros estavam dizendo — as vozes deles soavam distantes, como se estivessem a quilômetros de distância. Evie falava algo sobre o plano, Jay dava suas opiniões e Ben, ainda curioso, explorava um túnel logo à frente, mas tudo isso parecia irrelevante para Queenie.

Olhando para baixo, viu suas mãos trêmulas. Os pequenos tics nervosos que começara a sentir em Auradon estavam piorando. Seus dedos tamborilavam contra sua pele, seu pescoço se virava com movimentos curtos e bruscos. Ela tentava disfarçar, mantendo os olhos fixos no chão, mas sabia que, se isso continuasse, logo seria impossível esconder de seus amigos.

O caos ao redor da Ilha refletia o caos dentro de sua mente. Era como se estivesse em duas realidades ao mesmo tempo — a física, onde seus amigos planejavam e agiam, e a interna, onde sua maldição ganhava mais força a cada segundo. Ela sabia que, se fosse mais jovem, já teria se jogado no chão e se desesperado mais do que nunca. Mas agora, com anos de prática em ser forte, conseguia segurar o medo e a dor no peito, mesmo que ele a consumisse por dentro.

Ainda assim, com a visão distorcida e a respiração irregular, Queenie desejava uma coisa: que tudo aquilo acabasse antes que ela perdesse o controle completamente.

Evie puxou Ben pela manga, impedindo-o de entrar no túnel esquisito.

— Ben! — disse Evie, em um tom firme, enquanto tirava a mão dele de perto do lugar e lhe dava um olhar preocupado. Ben piscou, um tanto surpreso, mas logo assentiu, mas ainda não percebendo direito o risco de mexer em algo na Ilha sem saber a procedência.

Enquanto isso, Carlos e Jay já se aproximavam de Queenie, acenando para que ela os acompanhasse. — Vamos andando, Queenie — chamou Carlos, com sua habitual calma, e Jay reforçou: — Precisamos ficar juntos aqui.

Queenie assentiu, embora mal pudesse ouvir o que eles diziam. A voz deles era apenas um murmúrio distante em meio ao caos que se desenrolava em sua mente. Enquanto caminhavam pelas ruas sujas e abandonadas da Ilha, Queenie teve um vislumbre perturbador: duas crianças em roupas esfarrapadas surgiram das sombras, espreitando Evie com olhares de desespero. As crianças, magras e maltrapilhas, se aproximaram furtivamente de Evie, as mãos prontas para pegarem o que pudessem — qualquer dinheiro ou alimento. Queenie observava a cena como se estivesse presa em um sonho estranho e distante.

𝗧𝗛𝗘 𝗪𝗛𝗜𝗧𝗘 𝗣𝗥𝗜𝗡𝗖𝗘𝗦𝗦,  harry hook.Onde histórias criam vida. Descubra agora