CAPÍTULO OITO

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UM MÊS EM AURADON .   .   .




          QUEENIE PROCUROU uma posição melhor na cama de Evie para manter-se sentada. Ela segurou o papel em branco, passando os dedos pelas bordas enquanto tentava escolher as palavras certas para que não faltasse muita coisa em sua carta. Era sempre estranho escrever para sua mãe, tentar colocar em palavras tudo o que sentia sobre aquele lugar tão diferente do País das Maravilhas.

“Querida mãe," começava a carta. "Eu sinto muito sua falta. Auradon é muito diferente do País das Maravilhas, como eu já disse na carta passada. Os animais não falam, não há desaniversários, e ninguém precisa mudar de tamanho para passar pelas portas. É como viver em um mundo onde tudo faz sentido, mas, ao mesmo tempo, nada parece certo para mim."

Ela suspirou, rabiscando alguns detalhes a mais sobre suas observações estranhas de Auradon. Tudo ali era calmo, ordenado, diferente do caos controlado que conhecia tão bem em sua terra natal

"As crises estão durando mais tempo," continuou a carta, o tom das palavras ficando mais sombrio. "Estou começando a me preocupar com o que pode acontecer. Eu fiz amigos, o que eu achei que seria difícil no início, porém não foi, mas às vezes acho que não sei como esconder o que está acontecendo dentro de mim." ela hesitou, as palavras pesando mais do que deveria ser possível, "E quando a maldição se completar? E se eu perder o controle?"

“Eu sinto falta da época em que você me acalmava quando eu ficava desesperada assim, também sinto falta das roseiras do castelo, sinto falta da tia alice e principalmente do meu padrinho, o chapeleiro. Eu não tenho certeza se pretendo voltar agora, apesar de não me sentir encaixada aqui. Se eu for, as pessoas vão saber que tem algo errado, tenho certeza.” Ele continuou escrevendo, costumava pôr vários assuntos numa só carta, apenas para manter a mãe atualizada. Falava sobre o vestido que Evie estava produzindo para o baile (cujo ela não tinha par), falava sobre a vez que o cachorrinho de Carlos comeu seu biscoito, as vezes que Jay deu em cima dela e até das vezes que Mal mostrava seus olhos verdes e brilhantes para Jane quando ela falava demais.

Ela sabia que a mãe dela adorava saber de seus amigos, de sua vida e de como ela estava saindo. E como ela detestava e ao mesmo tempo queria saber mais e mais sobre suas crises, ela queria saber se Queenie ainda era Queenie, se sua filha ainda sabia que era sua filha.

Havia só uma coisa que vinha acontecendo com Queenie que ela não havia contado para a mãe, mas que a estava deixando mais louca do que já era.

Ela fechou a carta com cuidado, dobrando-a e guardando dentro do caderno de desenhos que estava ao seu lado. O caderno era um alívio, um espaço onde podia derramar seus pensamentos mais sombrios sem o julgamento de ninguém. Enquanto Evie ajustava a capa que estava fazendo para Chad, Queenie pegou o caderno e abriu nas páginas onde havia desenhado os olhos que vinham assombrando seus sonhos. 

O traço era preciso, cada detalhe dos olhos sombrios e delineados com perfeição. Eles estavam gravados em sua memória de uma maneira que a incomodava. Sempre os mesmos olhos, sempre a mesma intensidade. Ela não conhecia aquele garoto, nunca o tinha visto em Auradon, mas nos sonhos, ele parecia tão real.

Evie estava ocupada discutindo algum detalhe da capa com Chad, que se olhava no espelho como se fosse o príncipe mais importante do reino. O ego de Chad era, no mínimo, hilário para Queenie. Ele estava preocupado com cada pequeno detalhe, ajustando a capa, criticando a costura, e Evie, com uma paciência que Queenie admirava, respondia calmamente a cada queixa. Isso a fez sorrir de leve, mas a sensação de inquietação não a deixava.

Ela voltou a focar nos olhos desenhados. Por que aqueles sonhos continuavam? Por algum motivo ela se sentia tão bem sonhando com aquele estranho. Ela tocou o desenho com o dedo, como se pudesse, de alguma forma, obter respostas apenas observando. O garoto de seus sonhos aparecia sempre nos piores momentos, como se estivesse lá para lembrá-la de algo que ela ainda não e

𝗧𝗛𝗘 𝗪𝗛𝗜𝗧𝗘 𝗣𝗥𝗜𝗡𝗖𝗘𝗦𝗦,  harry hook.Onde histórias criam vida. Descubra agora