16|Agora não tem mais volta

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Olívia

Deitei minha cabeça no peito de Lyana, ouvindo seu coração desacelerar aos poucos. A respiração dela ainda estava pesada, mas eu podia sentir o sorriso nos lábios dela, mesmo sem vê-la. Meu corpo estava exausto, mas de um jeito bom, como se cada parte de mim estivesse preenchida.

Nunca imaginei que a noite do aniversário dela terminaria assim. Quer dizer, talvez uma parte de mim tivesse sonhado com isso tantas vezes que eu até sabia como seria. Mas nada, absolutamente nada, se comparava à realidade de estar ali, com ela, de verdade.

Eu levantei o rosto devagar e a observei, os olhos dela ainda fechados, o peito subindo e descendo lentamente. Havia algo diferente nela agora, uma calma, uma certeza. Era como se, finalmente, tivéssemos encontrado o que estávamos buscando uma na outra. Senti o calor se espalhar por mim só de olhar para ela, sabendo que tínhamos cruzado a fronteira da amjzade que não queria voltar atrás, não sei o que eu iria fazer caso ela quisesse voltar.

Mas a verdade é que eu não queria voltar.

— Lyana... — sussurrei, minha voz baixa, com medo de quebrar aquele momento.

Ela abriu os olhos devagar, e quando nossos olhares se encontraram, senti uma onda de emoções me atingir. Eu queria dizer tanta coisa. Queria confessar todos os sentimentos que guardava há tanto tempo, o quanto ela significava para mim. Mas nada parecia suficiente.

— Oi — ela respondeu, com aquele sorriso sonolento e satisfeito, que fez meu coração derreter mais uma vez.

— Como você está? — perguntei, incapaz de esconder o carinho na minha voz. Eu precisava saber se ela estava tão perdida quanto eu, se sentia tudo isso com a mesma intensidade.

Ela riu suavemente, o som um tanto rouco. — Me sentindo... incrível. Como se estivesse completa.

A palavra "completa" ecoou na minha cabeça. Porque era exatamente isso. Eu a queria há tanto tempo, mas não era só desejo. Era algo mais profundo, algo que eu sentia desde o início, antes mesmo de perceber que estava apaixonada por ela. E agora, depois dessa noite, a única coisa que eu sabia era que não havia como voltar atrás. Nem para mim, nem para ela.

Me sentei na cama, puxando o lençol até a cintura, e olhei para o quarto ao nosso redor, o silêncio tomando conta. Era surreal. Eu, aqui, com ela, depois de tanto tempo reprimindo esses sentimentos, fingindo que éramos só amigas.

— Você está pensando muito — ela disse, rindo levemente, puxando meu braço e me obrigando a deitar de novo ao lado dela.

Eu ri também, me aconchegando na cama, mas sem conseguir segurar tudo o que estava rodando na minha mente.

— Eu só... — comecei, hesitante. — Não consigo acreditar que isso está acontecendo.

Lyana virou de lado, me encarando, os olhos dela refletindo algo profundo, quase cúmplice. Ela tocou meu rosto com uma delicadeza que fez meu peito se apertar.

— Eu também não. Mas é a melhor coisa que poderia ter acontecido. — A voz dela era firme, como se ela tivesse certeza disso, como se soubesse que esse era o nosso caminho o tempo todo.

Eu a encarei por um momento, tentando guardar aquele instante, o jeito como ela olhava para mim, como se eu fosse a única pessoa no mundo. E de repente, todas as dúvidas, todos os medos que eu tinha, começaram a desaparecer.

— Eu te amo, Lyana — falei, finalmente. As palavras saíram antes que eu pudesse pensar. Mas eram verdadeiras, e eu sabia disso há muito tempo.

Ela sorriu, aquele sorriso que me fazia sentir como se o sol estivesse nascendo dentro de mim.

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