20| O Futuro

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No dia seguinte, acordei com a mente ainda flutuando entre o que havia acontecido na noite anterior e o que viria pela frente. O céu estava limpo, o sol entrava pelas frestas da cortina, iluminando meu quarto. A lembrança de Lyana em meus braços, de nós duas juntas, das palavras que trocamos, ainda estava fresca em minha memória. E junto com essa sensação boa, veio a certeza de que algo precisava mudar.

Eu não podia mais continuar vivendo como antes, escondida, como se tudo o que sentia por Lyana fosse algo errado ou proibido. Não depois do que compartilhamos. Já não dava mais para fingir. O que nós tínhamos era real, e eu queria que o mundo soubesse disso.

Era fim de semana, e tínhamos o dia inteiro pela frente. Sabia que Lyana estava tão imersa nesse sentimento quanto eu, mas também sabia que dar o próximo passo — assumir publicamente o que éramos — seria complicado, especialmente com tudo o que envolvia minha mãe. Mas algo dentro de mim me dizia que era a hora. Que eu precisava ser corajosa, por mim e por nós.

Fiquei deitada por mais alguns minutos, planejando em minha cabeça. Eu queria pedir Lyana em namoro, de verdade, e queria que fosse algo especial. Eu já não tinha medo do que sentia, mas sabia que, ao nos assumirmos, enfrentaríamos desafios. A ideia de assumir nosso relacionamento publicamente mexia comigo, me deixava nervosa e animada ao mesmo tempo. E eu queria que Lyana soubesse que, não importava o que acontecesse, eu estava pronta para encarar tudo com ela, e por ela.

Peguei o celular e enviei uma mensagem para ela:

"Ei, tá acordada? Tava pensando em te buscar daqui a pouco. Quero te levar a um lugar especial."

Quase imediatamente, a resposta veio:

"Tô sim! Onde você quer me levar?"

Sorri, imaginando seu sorriso curioso do outro lado da tela.

"Surpresa. Só se arruma e me espera."

Levantei da cama, determinada. Tomei um banho rápido e vesti algo simples, mas confortável. Minha cabeça estava a mil com o plano que eu tinha em mente. Eu ia pedir Lyana em namoro. Não como uma brincadeira, não como algo escondido. Queria que fosse sério, verdadeiro, e que nós assumíssemos o que sentíamos, sem medo do que os outros iriam pensar.

Saí de casa sem falar nada para minha mãe. Era melhor assim. Não queria ouvir nenhum comentário homofóbico ou controlador dela logo de manhã. Peguei minha Ninja 300 preta e parti em direção à casa de Lyana. O vento no rosto, o ronco da moto e a sensação de liberdade que sempre vinha ao pilotar me ajudaram a clarear ainda mais as ideias. Eu estava pronta.

Quando cheguei na casa dela, Lyana já estava me esperando na frente, com aquele sorriso doce e curioso que fazia meu coração acelerar. Ela vestia uma jaqueta de couro preta, jeans escuros e botas, o cabelo solto caindo pelos ombros. Mesmo com a roupa simples, ela parecia perfeita.

— Então, onde você vai me levar? — ela perguntou, rindo enquanto colocava o capacete.

— Você vai ver — respondi, tentando esconder o nervosismo.

Ela subiu na moto, e senti suas mãos se agarrarem à minha cintura, como sempre fazia. O simples toque dela me dava uma segurança que eu nem sabia que precisava. Parti com um sorriso, levando-a para um lugar que já estava em minha mente desde o momento em que acordei.

Dirigi até um parque tranquilo que ficava fora da cidade, um daqueles lugares que poucas pessoas conhecem, mas que tinha uma vista incrível de um lago e de algumas montanhas ao longe. Eu já tinha levado Lyana lá antes, mas hoje o significado seria outro.

Quando chegamos, descemos da moto e caminhamos até o ponto mais alto, onde a vista era simplesmente incrível. O céu estava claro, e a água do lago refletia o azul intenso acima de nós. Era o cenário perfeito.

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