Capítulo 13 - Memórias em alucinações

17 2 20
                                    

Ela mentiu.

Não tive cabeça para fazer o chocolate quente, obviamente. Eu estava muito preocupado e desde que ela saiu nessa tempestade, adentrando a trilha, tudo o que pude fazer foi me sentar de frente para a imensa janela da sala de estar e observar atentamente. Passaram-se quantas horas? Talvez umas 2 ou 3 horas. Henrick estava tão impaciente quanto eu, a diferença é que ele recusava-se a ficar aqui olhando a janela. Ele ficou na cozinha, limpando. Ou talvez nos quartos, limpando. O importante é que ele não estava aqui e eu estava muito preocupado, preocupado até demais com Akemi. Quando os trovãos marcavam o céu e faziam um barulho ensurdecedor, minha preocupação só podia aumentar. Fiquei batucando os dedos no braço da poltrona, impaciente, ansioso, aflito. Até que então, uma figura emergiu das sombras, ela puxava com força um cavalo que estava desesperado, relinchando e se erguendo entre as patas. Estava escuro, mas as luzes acesas lá fora me faziam ver claramente, é um cavalo appaloosa. Ela o puxou até os estábulos e o trancou lá dentro em sua baia. Então, Akemi se encaminhou de volta para a casa e corri para a porta para lhe recepcionar. Ela adentrou a porta, toda encharcada e suja de lama. Seu corpo estava pálido e muito trêmulo, quase não se aguentava de pé.

Shu - HENRICK. - Chamo alto o bastante para que ele escute em qualquer maldito lugar dessa casa em que ele esteja. Não demorou e ele desceu as escadas, apressado, ficando tão preocupado quanto eu ao vê-la. - Prepare um banho quente para ela. Por favor.

Peço, começando a tirar as roupas imundas e molhadas dela. A carreguei até o segundo andar, a depositando na banheira de água quente que Henrick preparou. Ela ainda estava tremendo muito, mas agora, sua pele tomava uma tonalidade mais vermelha.

Henrick - Trouxe os remédios que a senhorita toma quando pega resfriado. O de vômito principalmente. - Se apressou em dar os remédios para ela, que estava quase dormindo na banheira, ou desmaiando.

Quando terminei de limpar o seu corpo, a sequei e enrolei em uma toalha, levando para a cama.

Shu - Ela está com muita febre, pega o termômetro. - Procurei em seu guarda roupa por suas roupas íntimas e tentei vestir nela.

Henrick - Ela está com 40° de febre. Não vai demorar para começar a alucinar. - Suspira, pegando uma bacia de água. - Há toalhas aí? Precisamos cobrir o corpo dela de toalha molhada para tentar esfriar.

Acenei e fui até o closet, pegando todas as toalhas que tínhamos. As molhamos, torcemos e colocamos em seu corpo, nos braço, pernas, barriga e na testa.

Akemi - Shu...

Shu - Sim?

Akemi - Não fez o chocolate quente? - Ela estava tremendo muito.

Shu - Você se atrasou, para não esfriar eu tomei os dois. - Menti, sorrindo para ela que, mesmo nesse estado, retribuiu meu sorriso.

Akemi - Henrick... já deu o remédio para o vovô? Sabe que ele não pode ficar sem, tem que tomar às... 19 horas.

Henrick - Sim senhorita... eu... dei o remédio para o senhor Kuromada... não se preocupe e volte a dormir. - Suspirou.

Akemi - Está muito frio. - Reclamou, antes de pegar no sono de novo.

Shu  - Como assim o avô dela?

Henrick - Ele morreu há 3 anos. Mas a senhorita se lembra dele sempre que adoece.

Shu - Ela fica doente com frequência? - Coloco seus fios de cabelo molhados atrás de suas orelhas.

Henrick - Essa é a segunda vez desde que ela chegou aqui já que a senhorita sempre foi muito saudável e cautelosa, a primeira... foi quando o avô dela morreu, foi uma situação extremamente semelhante à essa, com o Azazel no meio. - Fiquei curioso.

DARK REDEMPTION - Shu KurenaiOnde histórias criam vida. Descubra agora