Capítulo 6 - Boas ações com boas ou más intenções?

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A comida dela é realmente uma delícia. Suculenta e bem temperada, é perfeito. Após servirmos a mesa, olhei tudo que tinha. Tem lasanha de frango, macarrão ao molho branco, salada, costela assada com molho barbecue, purê de batata e frango assado. É realmente muita comida e está tudo delicioso, comi como nunca antes.

Akemi - Estava gostoso? - Questionou, bebendo um copo de suco de laranja natural.

Shu - Onde aprendeu a cozinhar? Isso estava muito bom. - Bebi um copo de suco de uva, lambendo os lábios.

Akemi - Livros de culinária e tutoriais no youtube, tenho facilidade de aprender coisas novas ainda mais quando me dedico e gosto delas. - Disse, limpando os lábios com um guardanapo e se levantando, indo até a cozinha. - Você já está satisfeito?

Shu - Sim. Obrigado pela comida. - Fiquei surpreso quando ela voltou para a sala de jantar empilhando muitos potes de isopor. - O que vai fazer com isso tudo de pote?

Akemi - Colocar a comida e levar para os moradores de rua, eu já disse. - Ela começou a servir porções generosas de comida em cada pote, enchendo tanto que quase não fechava com a tampa.

Shu - Eu posso ajudar?

Akemi - Claro. Pode ir enchendo os potes. Precisa ter carboidratos, carne e salada, ok? - Afirmei com a cabeça e a ajudei a preencher os potes com bastante comida.

Akemi me corrigia vez ou outra quando eu errava as medidas que ela sabia só de olhar, deve fazer isso há um tempo já e por isso está acostumada.

Shu — Há quanto tempo você faz isso? De destribuir comida para os moradores de rua e tals...

Akemi — Comecei com 14 anos. Eu não tinha nada para fazer e me sentia bem fazendo isso. Eu não faço por eles, obviamente, faço por mim e pelo sentimento de ser alguém bom. Me faz sentir importante para alguém. — Sorriu, terminando de embalar a última marmita. — Henrick, pode nos ajudar a por isso no carro?

As marmitas estavam dentro de algumas caixas, todas muito bem lacradas para não correr nenhum risco de abrir durante a viagem pela estrada de terra. Então nós nus juntamos para colocar as caixas na camionete.

Shu — Eu posso ir com vocês?

Akemi — Mas e o Spryzen? — Olhei para o cavalo, no cercado, que estava tranquilo comendo feno e andando, como sempre.

Shu — Ele já se acostumou comigo e passei a manhã toda no cercado dele. — Henrick olhou para ela, que afirmou com a cabeça.

Akemi — Pode entrar. — Entrei no banco de trás. Os dois estavam no banco da frente, sendo Henrick no banco do motorista e ela no banco do passageiro.

Fiquei olhando para a janela quando chegamos na cidade, era um bairro diferente, que eu junca vi na minha vida. As periferias e casas de baixa renda. Quando chegamos já tinha um monte de gente esperando nas calçadas, e assim que descemos do carro umas crianças vieram abraçar ela, que cumprimentava a todos com um sorriso no rosto. Ela sabia o nome de cada uma das mais de 30 pessoas nessas ruas e tratava todas como se fossem seus amigos.

Henrick —  A senhorita sempre vem distribuir comida para essas pessoas ao menos 3 vezes na semana, nas segundas, quartas e sextas. Eles esperam por ela e ela nunca faltou nem um dia. — Disse baixo, apenas para mim, enquanto tirávamos as caixas da parte de trás da camionete e começamos a distribuir para eles.

Tinha realmente muita gente, e conforme fomos distribuindo foram aparecendo mais e mais pessoas. Ela não negou comida à ninguém. Era de partir o coração ver as crianças com pernas e braços esqueléticos, roupas sujas e cabelos emaranhados, em uma situação que nenhuma criança deveria estar e seus pais não estavam melhores, todos estavam assim, magros, sujos e com os olhos opacos, vazios. Meus olhos procuraram Akemi, ela não estava em lugar nenhum. Passou-se alguns minutos, e então ela apareceu, quicando uma bola de futebol no chão.

DARK REDEMPTION - Shu KurenaiOnde histórias criam vida. Descubra agora