Mundos Opostos

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A princesa foi severamente repreendida pelo rei por sua conduta imprudente em Lakence. Mas ele também a elogiou e parabenizou por sua coragem. Alexander sabia que a princesa se sentia no dever de proteger seus convidados e nesse quesito, ela não estava errada. Ele com certeza teria feito o mesmo.

O monarca tirou uma tarde livre e passou o resto do dia com a princesa, conversando sobre suas aventuras e coisas banais. Mesmo Alexander sendo um homem bastante ocupado, era um pai excepcional. Sempre presente, sempre disposto a ouvir, aconselhar e conversar sobre trivialidades.

No dia seguinte, após o café da manhã, a princesa pediu desculpas aos convidados por não lhes fazer companhia. Havia assuntos do reino dos quais ela não poderia se ausentar mais.

— Acha que pode sair nesse estado? — Emmy perguntou, a ajudando ajeitar a peruca.

Os cabelos de Anabella já haviam voltado ao normal, então sempre que saía, ela usava uma peruca ruiva para esconder as cores, que todos sabiam que marcava a identidade da princesa de Ourania.

— O festival está chegando, as pessoas que vêm de fora chegarão em breve, tem o baile em Francov. Há muitas coisas para arrumar no palácio e na cidade, não posso me dar ao luxo de ficar sentada. E não pretendo deixar de vê-los por mais tempo.

— Você sabe que eles não ficam abandonados se você não estiver por perto.

— Eu sei, sou eu quem deve estar com mais saudades.

Emmy se deu por vencida e suspirou

— Foi uma época excelente para se ferir, não acha?

— Eu vou conseguir dar conta de tudo, não se preocupe tanto.

— Depois de você ter gritado tanto de dor quando retirou o selo, não tem como não me preocupar.

— Estou tomando todos os medicamentos e com muletas temporariamente. Não tem como piorar. 

— É claro que tem, principalmente se tratando de você.

— Eu não vou exagerar, prometo. Irei apenas levar os presentes que comprei durante a viagem e retornarei após fazer tudo o que preciso.

Emmy a olhou em dúvida, sem saber se acreditava nas palavras da amiga encrenqueira, quando elas escutaram leves batidas na porta.

Logo depois da princesa conceder permissão, a porta foi escancarada.

Kalel fez sua reverência habitual, enquanto Talison que estava à sua frente, ficou parado na entrada de maneira estática, levando em consideração que até o dia anterior a princesa estava de cabelos castanhos, tentava processar se era o lugar certo. Ele olhou algumas vezes para a porta, outras para as garotas que os encarava em silêncio. Kalel notou a confusão mental do amigo em poucos segundos.

— Tem muitas maneiras de notar que é ela, mas a principal é o seu pé esquerdo, alteza.

Talison a analisou por alguns instantes.

— Eu sabia que não era observador, mas isso é ridículo. — Kalel murmurou

— Cale-se, servo inútil. Eu sabia que era ela.

— Está tudo bem? — A princesa perguntou.

— Sim, eu vim perguntar se me dá a honra de me acompanhar em um jantar amanhã à noite.

— Amanhã? — A princesa franziu o cenho tentando se lembrar se tinha algum compromisso.

— É, amanhã eles irão passear na cidade como recompensa por terem ganhado a disputa. Mirai e Francis vão passear por conta própria, e como estaremos sobrando no castelo, pensei que poderíamos fazer algo só nós dois. O que acha?