ℭ𝔞𝔭𝔦𝔱𝔲𝔩𝔬 2

46 7 47
                                    


Algum tempo depois a porta da sala se abriu ruidosamente. Alguém entrou devagar e retirou com cuidado dos braços do rei, o bebê que dormia tranquilamente envolto na aura. E o entregou à uma enfermeira que estava próxima, logo após sussurrar com reverência um "Bem-vindo vossa alteza real"

— Vem comigo majestade.

— Eu não posso, tenho que ficar com eles. — O monarca murmurou.

— Precisa estar inteiro para cuidar dele... Você recusou todos os tratamentos, é impressionante ainda estar de pé tendo perdido tanto sangue. Vamos dar um jeito nessa sua perna primeiro — O soldado se colocou ao lado para levantar o rei, que obedeceu sem resistência.

Além de estar completamente exausto por ter usado sua aura por tanto tempo sem descanso, seus olhos estavam sem vida, como se fosse um brinquedo que quebrou e agora teria perdido o seu propósito.

Oskar passou algumas instruções à equipe médica que estava na sala e levou o rei ao escritório de uma das torres, que era um lugar completamente isolado do restante do palácio. Alexander ficou imóvel por alguns segundos, cravando o olhar em cada detalhe do lugar. Era a torre em que a rainha passava a maior parte do seu tempo e ele parecia vê-la em cada canto.

— Primeiramente, me perdoe por não estar ao seu lado naquele momento majestade, se eu estivesse no Palácio...

— Não é sua culpa.

De maneira súbita, Alexander se iluminou com a aura vermelha novamente concentrando toda a mana nas mãos, e começou a quebrar qualquer coisa que estivesse ao seu alcance. Esmurrando os móveis que pareciam feitos de galhos secos diante da força de seus punhos. As paredes e parte do teto também não resistiram a tanta ira, e ruíram em um grande estrondo, os deixando expostos ao céu estrelado. Oskar suspirou aliviado ao perceber que tinha o levado para o local certo, onde não havia ninguém que pudesse sair ferido.

— AQUELE MALDITO! PENSEI QUE TERIA LIMITES QUE NEM ELE ULTRAPASSARIA, NUNCA PENSEI QUE SERIA CAPAZ DE IR TÃO LONGE. JÁ NÃO BASTA O QUE ELE FEZ COM O POVO DE YERKIR? COM ILAN? — Alexander esbravejou enquanto continuava quebrando tudo ao redor - QUANTAS VIDAS MAIS ELE VAI LEVAR? EU PRECISO DESTRUÍ-LO, NEM QUE ISSO DESTRUA O MUNDO AO REDOR. ELE PRECISA PAGAR PELAS AS ESCOLHAS QUE ANDA TOMANDO!

— Alexander, não acho que...

— CALADO! SAIA DAQUI VOCÊ TAMBÉM! VOCÊ NÃO ENTENDE QUE ELA SE FOI PARA SEMPRE? QUE AQUELE MENINO CRESCERÁ SEM SABER O QUANTO A MÃE DELE O AMOU?

— É justamente por entender que não irei sair, não agora.

— É UMA ORDEM OSKAR!! — Alexander lhe lançando um olhar furioso.

O conselheiro sorriu com incredulidade.

— Vossa majestade vai me desculpar, mas não o deixarei sozinho. Não novamente. Pode colocar o palácio abaixo se quiser descontar sua fúria e dor, mas não sairei do seu lado. E nem adianta usar o seu título para isso majestade, não vai funcionar.

— E-eu... Mas eu fiquei sozinho desta vez. O meu amor... — Ele se ajoelhou chorando, e sentindo a fraqueza tomar o seu corpo, deixou de usar a aura.

O cavaleiro se aproximou devagar dando tudo de si para se manter forte. A rainha era tão especial para Oskar quanto o rei, e ele não podia deixar de se auto depreciar por não ter feito nada para salvá-la, mas externar esses sentimentos de culpa não iria ajudar em nada para consolar Alexander, então ele se calou. E quando abraçou o monarca, se iluminou. O brilho prateado que Alexander viu por tanto tempo, agora emanava do corpo de Oskar em sua direção, e isso despertou suas memórias mais recentes, do jovem Landon e sua rainha, das dores de sua alma. Um filme se repetiu em sua mente e tudo veio à tona em forma de choro desesperado.

Mundos OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora