Capítulo 17

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O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados enquanto Jungkook e Jimin retornavam ao castelo após uma tarde de conversas intensas com os conselheiros. O príncipe não parava de pensar nos dilemas que enfrentava: as crescentes tensões dentro do reino e sua própria luta interna com seus sentimentos em relação a Jimin. No entanto, o peso do dia deixava ambos em um silêncio cúmplice, onde o ruído dos próprios pensamentos era mais ensurdecedor que qualquer palavra.

Conforme a noite caía, o castelo parecia mais quieto do que nunca. As tochas já acesas nas paredes de pedra iluminavam os corredores em uma dança de sombras, projetando formas inquietas. Jimin observava o ambiente com certo nervosismo. Ele tinha certeza de que algo estava prestes a acontecer — a calmaria que antecedia a tempestade. Enquanto andavam, o ruído dos passos ecoava de forma fantasmagórica, amplificando a sensação de isolamento.

— Você está bem? — perguntou Jimin, em um sussurro quase inaudível, quebrando o silêncio entre eles.

— Estou pensando em tudo que enfrentamos hoje, — respondeu Jungkook com um olhar distante. Ele não mencionava os conselheiros ou as preocupações políticas. Em vez disso, sua mente estava dominada pela figura loira ao seu lado.

Jimin se aproximou, sem hesitar em buscar uma forma de conforto. Sua mão roçou de leve o braço de Jungkook, como um gesto de solidariedade. O príncipe sentiu o toque e, por um instante, todo o fardo sobre seus ombros parecia mais leve.

Quando chegaram ao hall principal, o brilho das tochas refletia nos olhos negros de Jungkook, que parou abruptamente ao avistar uma figura à distância. Era um mensageiro, cuja expressão pálida e assustada indicava urgência. Ele correu até os dois, ofegante, quase tropeçando ao se curvar.

— Alteza! — começou ele, enquanto recuperava o fôlego. — Há uma mensagem urgente de Kwon Yi-seul. Ele insiste em um encontro imediato.

A testa de Jungkook se franziu. Kwon Yi-seul era um líder rebelde astuto, mas também era imprevisível. O pedido repentino para uma reunião naquela hora da noite não era um bom presságio. Jimin, ao lado dele, sentiu o perigo no ar. Seu corpo se tensionou, e ele observou atentamente a expressão de Jungkook.

— Onde ele está? — perguntou o príncipe com frieza, suas palavras cortantes.

— Nos limites da floresta, ao leste da aldeia, — respondeu o mensageiro. — Ele disse que não pode esperar até amanhã.

Os olhos de Jungkook estreitaram-se ao processar a informação. Ele sabia que um encontro àquela hora, em um local tão isolado, era arriscado. Mas algo lhe dizia que recusar poderia ser ainda mais perigoso. Ele precisava entender o que estava em jogo.

— Prepare os cavalos, — disse Jungkook sem hesitar. — Eu mesmo irei encontrá-lo.

Antes que o mensageiro pudesse se afastar, o príncipe se voltou para Jimin.

— Você vem comigo. — Havia algo em seu tom que não deixava espaço para argumentos. Ele confiava em Jimin mais do que em qualquer outra pessoa naquele momento.

Pouco tempo depois, ambos cavalgavam em direção à floresta. A noite já havia tomado conta do céu, e a lua cheia iluminava o caminho com uma luz pálida e fria. O som dos cascos de seus cavalos ecoava entre as árvores, criando um ritmo quase hipnótico enquanto avançavam.

Jimin estava atento a cada movimento ao seu redor. Ele não conseguia se livrar da sensação de que algo estava errado. Sentiu uma inquietação profunda, como se a própria floresta os estivesse observando.

— Você confia em Kwon Yi-seul? — perguntou Jimin, quebrando o silêncio que parecia sufocante.

Jungkook não respondeu imediatamente. Seus olhos estavam fixos no caminho à frente, mas sua mente estava em outro lugar.

— Confio tanto quanto é necessário, — disse ele finalmente. — Ele quer paz, mas é um homem que joga com o perigo. Não podemos ser ingênuos.

A floresta era densa e escura, mas finalmente se abriu para uma clareira iluminada pela lua. Ali, esperando sob as árvores, estavam Kwon Yi-seul e alguns de seus homens. A cena parecia ser tirada de um sonho, ou de um pesadelo, onde tudo ao redor era calmo demais, como se a natureza estivesse prendendo a respiração.

Yi-seul sorriu ao ver Jungkook desmontar do cavalo. Havia algo de insincero naquele sorriso, mas seu tom era amigável quando falou:

— Príncipe Jungkook, agradeço por ter vindo.

Jimin observava cada detalhe com olhos atentos. Ele ficou um passo atrás de Jungkook, pronto para intervir caso algo saísse do controle.

— Você pediu este encontro de forma repentina, Yi-seul, — disse Jungkook, mantendo a formalidade. — O que é tão urgente que não podia esperar até amanhã?

Yi-seul cruzou os braços, seu sorriso se esvaindo.

— Recebi informações perturbadoras, — disse ele em tom sério. — Alguns de seus conselheiros estão planejando me trair. Eles querem acabar com as negociações de paz e lançar um ataque contra mim e meu povo antes que possamos firmar qualquer tratado.

Jungkook endureceu. Aquilo era uma bomba de informações que ele não esperava. Seus olhos cintilaram em alerta enquanto processava as palavras de Yi-seul.

— Você tem provas disso? — O tom de Jungkook era um desafio.

Yi-seul assentiu e fez um sinal para um de seus homens, que trouxe um pergaminho lacrado. Jungkook pegou o documento e o abriu, lendo rapidamente. Eram ordens militares, com a assinatura de Lord Seung, um conselheiro de confiança, instruindo soldados a se prepararem para um ataque surpresa ao acampamento de Yi-seul.

Um nó se formou no estômago de Jungkook. Lord Seung, um dos homens que ele mais respeitava, tramando algo tão traiçoeiro? Ele sabia que alguns conselheiros não concordavam com as negociações de paz, mas isso era uma traição completa.

Jimin observou o rosto de Jungkook mudar, uma mistura de raiva e confusão. Ele não precisou de palavras para entender o que o príncipe estava sentindo. Jimin sabia que o reino estava por um fio, e qualquer passo em falso poderia desencadear uma guerra.

— Você está certo em me alertar, — disse Jungkook, sua voz grave. — Mas vou investigar isso por conta própria. Não podemos agir de forma impulsiva.

Yi-seul franziu a testa, claramente não satisfeito com a resposta.

— Você não tem muito tempo, príncipe. Se esses conselheiros agirem, será tarde demais para nós dois.

Jungkook não vacilou.

— Eu agirei no momento certo. E quando o fizer, não haverá margem para erros.

O encontro terminou ali, sem mais palavras, mas o clima de tensão que pairava sobre todos foi carregado de volta ao castelo por Jungkook e Jimin. Enquanto cavalgavam de volta, Jungkook sabia que o verdadeiro desafio ainda estava por vir. Ele precisava decidir rapidamente em quem confiar e como lidar com a traição iminente, tudo isso enquanto lutava para manter a paz e lidar com seus próprios sentimentos por Jimin, que se tornavam cada vez mais difíceis de ignorar.

Azul como a cor dos seus olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora