Capítulo Vinte e Cinco:
Jimin abriu os olhos no mesmo instante em que eles se fecharam.
A gritaria, a comoção, as mãos de Karina e sua voz sussurrante, tudo, haviam sumido. O silêncio ao seu redor era sufocante, como se o próprio ar tivesse sido engolido pela escuridão, e agora apenas o som suave de grilos e o uivar longínquo do vento o cercavam. Seus sentidos estavam em alerta máximo, e ele tentou desesperadamente lembrar onde estava, mas tudo o que encontrou foi um vácuo de memórias, um vazio tão profundo quanto o silêncio da noite. Seu corpo estava vulnerável, despido, a pele nua exposta ao vento que, estranhamente, não trazia frio.
A floresta ao seu redor parecia viva, mas não de uma maneira que ele pudesse compreender. As árvores eram antigas, com troncos que pareciam estalar de dentro para fora, como se estivessem respirando. As folhas sussurravam, não como o vento comum, mas como vozes escondidas, carregando segredos há muito esquecidos. O chão estava coberto por uma névoa espessa, que serpenteava em volta de seus pés, subindo e se arrastando como dedos invisíveis, frios e úmidos. Mesmo no meio daquela vastidão de vida selvagem, Jimin sentia-se inexplicavelmente só. O silêncio absoluto era cortado apenas pelo som de seus próprios passos e da respiração apressada.
Ele não sentia o frio, mas o medo tomava conta de cada célula de seu corpo. Um medo irracional, instintivo. O tipo de medo que surge quando se está perdido em um pesadelo do qual não se pode acordar. Seu coração batia forte e rápido, cada pulsação ecoando em seus ouvidos, mais alta do que os sons da floresta. Um pensamento lhe ocorreu — onde estava Jungkook? Por que ele o deixara? Por que estava tão sozinho naquele lugar desconhecido? O desespero ameaçava dominá-lo, mas Jimin respirou fundo, lutando para não se deixar levar pelo pânico.
A lua cheia brilhava sobre ele, misteriosa, suas luzes filtradas por entre as copas das árvores, formando sombras que se moviam conforme o vento agitava as folhas. Era uma luz pálida e etérea, que não aquecia, mas banhava a paisagem em um brilho quase sobrenatural. Sem outra escolha, ele seguiu em direção ao único caminho mais iluminado, onde a luz da lua parecia concentrar-se, como se o chamasse.
Jimin caminhava com os sentidos aguçados, cada pequeno ruído fazia sua pele se arrepiar. Cada farfalhar de folhas parecia anunciar um perigo iminente. O ar ao redor era pesado, denso, como se estivesse sendo observado por mil olhos invisíveis, aguardando o momento certo para atacá-lo. Seus pés descalços tocavam a terra úmida, e o cheiro forte de musgo e madeira podre enchia suas narinas. Sentia o coração bater descompassado no peito, um tamborilar contínuo de medo e incerteza.
Quando finalmente chegou à beira de um rio, suas águas eram tão cristalinas que pareciam feitas de vidro líquido. Ele se ajoelhou, hesitante, olhando para o reflexo que tremulava na superfície. Mas algo não estava certo. Ao invés de seu próprio rosto, uma criatura o encarava. Um lobo, de pelos alaranjados e olhos flamejantes, estava ali, seu olhar fixo em Jimin como se pudesse ver além de sua carne, diretamente em sua alma. O susto o fez recuar bruscamente, quase caindo no chão, a respiração agora descontrolada. Ele se virou para verificar se o lobo estava atrás dele, mas tudo o que encontrou foi o vazio.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PIRATE KING 🏴☠️ jikook
Fiksi PenggemarApós fugir de casa na noite de seu casamento, o navio onde Park Jimin navegava é saqueado por piratas e todos os tripulantes são mortos, exceto por ele. Para não ter o mesmo destino, Jimin conta a maior mentira de sua vida: de que é o herdeiro legít...