A Soul's Epilogue

Kiss With A Fist

Hermione saiu da memória, do jeito que alguém rompe a superfície da água depois de se afogar. Sua mente cambaleou, o coração disparou, e ainda assim algo pareceu se desconectar.

Ao contrário de romper a superfície da água, ela não cuspiu nem tossiu, mas uma parte dela desejou poder liberar as memórias que acabara de testemunhar – deixá-las fluir como água.

Em vez disso, a essência que era Aryanna se estabeleceu em um lugar que não era avassalador, mas simplesmente estava lá. Tudo o que Aryanna tinha sido, suas memórias e sentimentos, não se misturavam com os de Hermione, mas ela podia senti-los se quisesse.

Hermione entendeu.

Compreendeu a menina que não era nem totalmente boa nem totalmente má, nem particularmente especial, mas também não era a sombra que ela sentia ser.

Tirando Alice, uma garota para quem Hermione tinha algumas palavras duras, não era inteiramente verdade que o resto de suas amigas estavam desconectadas de Aryanna. Elas estavam atrás dela, esperando que ela pegasse a mão que elas mantinham ao alcance.

Eles a teriam aceitado, qualquer garota que tivesse fervido sob toda aquela bravata que ela suportou por sua família. Tudo tinha sido para deixá-los orgulhosos.

No entanto, Oleander era uma história diferente. Hermione sentiu um desejo ardente de despedaçá -lo. Como ele ousa usar Aryanna dessa forma? Quase forçando-a? Hermione se repreendeu por não perceber suas intenções antes.

Foi por isso que ele foi tão gentil com ela? Tentando ganhar seu favor de volta?

Sua cabeça girava com pensamentos acelerados. Aryanna havia falado com a morte em seus últimos momentos.

Merlin, fique ao lado dela.

Aryanna desejou que Hermione matasse Riddle? Mas Hermione sentiu explicitamente que Aryanna não podia e não queria matar o bruxo, mas sim controlá-lo. Salvar vidas futuras de qualquer maneira possível.

Ela riu amargamente de sua própria inadequação.

Em vez de reinar no mal que ele era, ela tinha brincado com ele. No final, isso nem o humilhou mais. E a única conquista real tinha sido as melhores condições de Hagrid – embora ela estivesse trabalhando em seu caso e não permitisse que ele sofresse sob as ações de Riddle.

Hermione se viu mergulhada em um sentimento desarmante de autoaversão por um tempo.

Os pensamentos inquietantes giravam em sua mente enquanto ela lentamente se reconectava com seu corpo. A consciência da faca em sua mão, a viscosidade do sangue em seu braço e garganta, rastejaram de volta aos seus sentidos.

A carícia suave da brisa da floresta acalmou sua pele, mas uma sensação avassaladora de solidão tomou conta dela. Naquele momento, ela sentiu um desejo de ser levada pelo vento, deixando tudo para trás.

No entanto, apesar do desespero, ela se viu segurando a faca com mais força. Uma determinação silenciosa se enraizou dentro dela. Quando ela abriu os olhos, a resposta se revelou.

Ela lutaria até seu último suspiro sangrento, mesmo que isso significasse trilhar o caminho miserável de se envolver com um futuro Lorde das Trevas.

A determinação interior tomou conta dela, cortando as sombras da dúvida, e ela abraçou a determinação feroz de enfrentar a escuridão que buscava trazer a morte para muitos.

Ela teria que ser a morte da escuridão dele.

Deve ter sido devastador.

Sua visão clareou, e uma onda de detalhes avassaladores inundou seus sentidos de uma só vez. A clareira iluminada pela lua manteve seu brilho etéreo, o altar rígido contra o pano de fundo, manchado de vermelho tanto quanto seu vestido de céu noturno.