𝐂𝐚𝐩 22 - Sem respostas

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P.O.V Pedro Tófani:

Depois de corrermos pelas escadas, saímos daquele escritório e já estávamos no caminho de volta para a sede.

Por algum motivo, minha mente continuava martelando aquele mesmo questionamento:

João não entendeu o que eu disse ou ele entendeu e simplesmente ignorou?

Eu tenho certeza que ele nunca concordaria que me ama, nem na brincadeira!

É estranho, sabe? Sei lá. Ele sempre retruca, principalmente quando eu falo esse tipo de coisa.

Mas não foi culpa da língua que eu usei; ele entende francês, ele já conversou comigo em francês!

Acho que talvez, no calor do momento, ele nem tenha percebido.

Mas por que eu tô tão fissurado nisso? Esquece, Pedro!

Chegando de volta à cafeteria falsa, entramos na sede e encontramos minha equipe e a de João trabalhando intensamente; alguns discutiam planos, outros fazendo algo com papéis e alguns organizando equipamentos. Difícil ver esse lugar movimentado assim.

Murilo para a conversa com um dos agentes e vem até nós dois, com um copo descartável de café na mão.

— Finalmente! Como foi a vossa reunião? Ocorreu bem?
Eu e João trocamos olhares rapidamente, e ele acaba respondendo.

— Tranquila, eu diria.

Murilo, desconfiado do jeito que é, ficou um pouco receoso, mas não falou nada e nem forçou que nós falássemos. Ao invés disso, entregou um envelope em minhas mãos.

— Bom, eu sei que vocês acabaram de voltar, mas surgiu um novo trabalho.

Me seguro pra não bufar, apenas respiro um pouco mais profundamente, sem que Murilo percebesse.

— E o que seria?
Prossegue João, parecendo tão frustrado quanto eu.

— Preciso que vocês dois entreguem isso para um dos nossos contatos, no centro da cidade. É urgente. O endereço vai ser enviado no seu e-mail, Romania. Depois, vão direto pro "campo de treinamento".

— Certo.
O garoto responde, com sua postura séria.
Ele é atraente pra caralho, puta merda.

Murilo se afasta, deixando o envelope com a gente.

— A gente acabou de voltar e vai ter que ir pro meio da cidade de novo!
O cacheado diz e eu dou risada da nossa situação.

— Pelo menos o carro não é nosso, nem a gasolina. Vamos voltar pro carro. Quanto mais cedo acabarmos tudo isso, melhor.

João bebeu um pouco de água e nós voltamos pra dentro do carro, com o cacheado no volante.

Minha mente volta na situação que aconteceu a horas atrás.
Por que eu não esqueço isso?!

Pra mim, o ar se mostrava ser denso demais pra respirar.

Eu preciso perguntar.

Não! Esquece, Pedro! Você não pode perguntar isso pra ele!

O que ele vai pensar? Que você tá apaixonado por ele e tá criando uma ilusão equivocada na sua mente e ficando cada vez mais paranóico?

Acho que a única coisa que muda disso e dos fatos reais, é que não estou apaixonado.

Quer saber? Foda-se.

— João...
Me arrependo instantaneamente.
Não tem como eu voltar atrás, a não ser que eu invente uma bela desculpa em questão de 5 segundos.

𝐂 𝐎 𝐑 𝐈 𝐍 𝐆 𝐀 - pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora