𝐂𝐚𝐩 26 - Passageiro

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P.O.V Pedro Tófani:

Parado em frente á falsa cafeteria, penso se não é melhor dar meia volta e ir embora.

Mas, também não tem como evitar pra sempre, e ele provavelmente só vai chegar mais tarde, não?

Esquece. João chega cedo, ainda mais cedo do que eu.

Como eu vou falar com ele?! Tipo, não é como se nada tivesse acontecido, e eu não quero que ele pense que não significou nada, mas eu não sei se ele está apaixonado por mim, e se não estiver, qualquer coisa que eu dizer vai parecer muito idiota.

Desde ontem estou nessa confusão interna; não sei se ele está apaixonado por mim, e pra falar a verdade, eu não sei em que momento eu me apaixonei por ele.

Por incrível que pareça, eu não tinha ideia do quanto eu estava gostando daquele garoto antes de beija-lo.

Ver ele daquele jeito, com os olhos brilhando, bochechas rosadas e com os pequenos sorrisos que ele segurava, mexeu comigo de uma forma que eu nunca sequer imaginei. Quando nós conversamos, foi tão... Diferente pra mim...

Eu sempre faço questão de filtrar e revisar tudo que estou prestes a dizer ou fazer, mas naquela hora, eu não fiz nada disso.
Tudo que eu falei, todas as reações que meu corpo teve a seu toque, tudo que eu fiz, foi totalmente verdadeiro e espontâneo.

Pedro Tófani, anda logo, porra! Você trabalha com ele! O que vai fazer?! Faltar sempre?!

Respiro fundo, e entro no estabelecimento, tentando manter o máximo de controle.
Continuei seguindo pelos corredores até adentrar a parte escondida do lugar e chegar até a sede; sala 777.

Número engraçado. Geralmente é usado em cassinos, não em sedes criminosas.

Por um segundo, paro em frente a porta, novamente respirando fundo.

Conto até três, e abro a porta pesada de metal, dando de cara com o cacheado.
Merda.

Nosso olhar se esbarra no momento em que entro na sala, sendo desviado por nós dois no mesmo segundo.

Romania estava escrevendo algo em um pequeno caderno. Ele parecia concentrado.

Não sei se são os efeitos colaterais de ontem, mas mesmo sendo quase impossível, ele me parece mais bonito do que nunca.

Um silêncio extremamente desconfortável domina o local. Eu vou até o sofá em que sempre fico e me ajeito ali.

Alguns minutos se passaram, e mesmo que eu evitasse grudar meus olhos no cacheado, era quase automático. Quando eu percebia, já estava admirando cada traço dele.

O que será que ele está escrevendo? Será um diário?

Eu preciso tentar quebrar esse silêncio.

— E aí? Como você tá?
Pergunto em um tom mais amigável, tentando deixar aquilo menos pesado pra nós dois.

— Estou bem. E você?
Ok, já me parece um avanço.

—Também estou bem.

O silêncio volta, mas dessa vez, estava um pouco menos desconfortável. Vejo o garoto guardar o caderno e a caneta que ele estava usando em uma pequena bolsa e se levantar da cadeira onde estava sentado.

A bolsa dele acaba ficando em cima da mesa onde temos as discussões em grupo e ele vem até perto do sofá.

— Posso sentar aqui? É bem mais confortável do que aquelas cadeiras.

Tudo bem, isso foi um pouco inesperado, eu admito.

Aquelas famosas borboletas preenchem meu estômago, e eu o respondo.

𝐂 𝐎 𝐑 𝐈 𝐍 𝐆 𝐀 - pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora