𝐂𝐚𝐩 20 - Decisões

69 11 17
                                    

P.O.V João Romania

Olho fixamente pro meu telefone, encarando o contato aberto no aparelho: "Helê 💞"

É só digitar a mensagem e enviar

Essa é a parte mais fácil; a difícil vai ser contar pra ela que eu quero um tempo

Minhas mãos quase tremem quando eu começo a digitar:

"Oie. Podemos conversar pessoalmente? Quando vc conseguir, claro"

A mensagem foi recebida, e pouco tempo depois, foi visualizada e respondida:

"Podemos. É algo sério??"

"Bastante"

Foi a última coisa que eu digitei, resolvendo que não responderia mais nada de forma alegre ou tranquila, apenas de forma mais seca

Não quero dar nenhuma esperança falsa a ela, já vai doer o suficiente

Helena manda outra mensagem:

"Pd ser hoje, naquela praça perto da pizzaria, às 19:00?"

Respondo confirmando

Ok, vamos resolver isso de uma vez só

Paro e respiro fundo mais uma vez. Penso em ligar pra Malu, mas eu já tinha avisado do que ia fazer, então não tem muito sentido

A Helena me faz bem; não é como se eu não gostasse dela, mas é uma sensação estranha. Não sei quantas vezes já pensei ou reparei nisso, mas tudo parece estranho demais pra mim. Às vezes não parece verdadeiro, ou parece que o amor só vem de um dos lados (no caso, o dela)

É muito bom saber que ela se importa comigo e que ela realmente me ama, me conforta por dentro, mas não quando você sente que não está certo. Muitas vezes eu me sinto mal por não conseguir retribuir o jeito que ela me trata ou coisa do tipo. Mas o pior mesmo, é que eu não sei como fazer isso. Eu nunca amei ninguém, eu não sei como cuidar de alguém e fornecer o carinho que tal pessoa merece. Eu nem sei quando eu amo alguém e quando eu apenas gosto de alguém

E no fundo, eu queria saber

Todo meu ciclo social fala do amor como se fosse a melhor coisa do mundo, como se o mundo ganhasse mais cor, a vida ganhasse um ritmo diferente, como uma melodia animada e singela, e como se seu coração virasse a casa dos mais malucos sentimentos.
E quando o primeiro amor é mencionado então? Todos voltam pro começo da adolescência, quando os "crushes" começavam; os olhares se cruzando pelos corredores do colégio, os comentários com os amigos... Uma pessoa tinha um interesse ali, outra aqui e simplesmente acontecia, de uma forma natural, única e completamente sincera, como nos filmes

Falam que o primeiro amor é o amor mais puro e verdadeiro, e pensando nisso quando se tem lá pra vinte e poucos anos, deve ser verdade

Mas eu, com essa mesma idade, nunca tive o primeiro amor, e provavelmente, não vai ser agora que vou ter

Até porque, a primeira paixão e os sentimentos que acompanham ela, só acontecem na adolescência, não com jovens de vinte anos

São mentes diferentes, mas o que realmente me preocupa é a vida que eu levo.
Meu trabalho e rotina me impedem de ter uma vida social boa, antes nem amigos eu tinha!

Acho que eu preciso dar uma volta, e pensar um pouco mais, mas pensar em como vou falar com Helena de uma forma que não machuque tanto assim

Saio a pé de casa, sentindo o vento fresco que tomava o ambiente, o sol já havia começado a se pôr, mostrando que cada vez faltava menos tempo pra eu ter que lidar com todos esses problemas

𝐂 𝐎 𝐑 𝐈 𝐍 𝐆 𝐀 - pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora