𝐂𝐚𝐩 32 - Pesadelo

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P.O.V João Vitor:

Já fazem horas que estou preso no mesmo lugar escuro e vazio, que parece um tipo de galpão.

No momento, nada cobria minha boca, mas gritar não iria adiantar de nada.
Ninguém iria me escutar, porque pelo que percebi, esse lugar tem algum tipo de isolação acústica.

Me sinto fraco por completo, e tudo parece ajudar na sensação; minhas mãos amarradas com cordas fortes;  meu corpo inteiro amarrado com o mesmo tipo de material a uma espécie de poste ou pedestal preso entre o chão e a parede, a dor, a sede e o medo.

Cada tentativa de movimento parece apertar mais ainda aquelas cordas, que já estão quase cortando minha pele, formando marcas vermelhas extremamente dolorosas.

Pelo o que eu consegui contar, já se passaram horas; estou perdendo a noção do tempo. O cansaço já havia invadido meu corpo, fazendo meus olhos pesarem e meus ombros doerem, mas tento continuar o mais alerta possível, mesmo com os olhos quase fechando a cada minuto.

Minha equipe vai vir atrás de mim; Pedro vai, eu conheço ele o suficiente pra saber que ninguém aqui vai sair ileso. Essa esperança é o único motivo de eu ainda não ter me rendido aos cansaço, na verdade.

A dor já havia me dominado, como se eu tivesse sido espancado. Mas que merda! O que querem comigo?!

Fecho os olhos, tombando a cabeça pra trás. Queria tanto aquele francês comigo.

Pedro sempre sabe o que fazer, ele sempre tem algum plano, mesmo que não muito seguros às vezes.
Minha cabeça começa a pensar nele, e o vizualizar como forma de aliviar a tensão; o seu cabelo, os seus olhos escuros, os seus detalhes, as suas dores, e o seu verdadeiro jeito doce.

Era como se eu conseguisse o abraçar ele, mesmo de tão longe.

Minha "calmaria" é interrompida, assim que escuto o barulho de uma porta se abrir, e uma figura estranhamente familiar entra.

E quando eu digo estranhamente familiar, é num nível um pouco além do comum.

Era uma mulher, nem tão alta nem tão baixa. Cabelos ondulados, meio loiros e eu não conseguia vizualizar seu rosto com clareza, já que ela usava uma máscara cobrindo. Conseguia ver apenas os seus olhos escuros, que pareciam me perfurar.

Ela se aproxima lentamente de mim e eu posso sentir meu coração acelerando, mais pela tensão do momento do que pelo medo. Os som de seus passos ecoam pelo galpão, aumentando mais ainda a ansiedade que crescia em mim.

Seus olhos encontram os meus, e uma sensação estranha toma meu corpo; eu já vi isso antes, esses olhos...
Tento me lembrar, mas minha cabeça não consegue processar a tempo.

— João Vitor, não é?

Seu tom de voz é baixo e leve, mas com uma autoridade notável. É deixar qualquer um intimidado.
Sinto meu corpo estremecer quando penso em qual seria o meu próximo passo, e qual seria o deles.

— Quem é você?! A chefe que eles mencionaram?! Que merda vocês querem comigo?!

Minha voz acaba saindo rouca, por conta da sede que já estava presente em mim a tempos e minha garganta dói a cada palavra.

A mulher ignora todas as minhas perguntas, começando a andar quase em círculos perto de mim; seus passos são lentos, observando cada detalhe.

— Pedro Tófani... Acho que ele é importante pra você, não é?

Meu corpo fica tenso ao escutar o nome dele sair da sua boca. Meu coração quase sai pela boca.

— O que você quer com ele?!
Novamente, ela para em minha frente, olhando fixamente em meus olhos. Aquela familiaridade em seu olhar me incomoda.

𝐂 𝐎 𝐑 𝐈 𝐍 𝐆 𝐀 - pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora