A Primeira Morte

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Thomas soltou uma risada irônica ao encarar a Viúva Negra, a mulher imponente à nossa frente, empunhando um machado reluzente que parecia mais uma extensão de sua própria fúria. A indiferença dele diante do perigo era desconcertante, como se ele não pudesse compreender a gravidade da situação.

— Quer me matar, cadela? Vai em frente — ele provocou, dando um passo à frente com as mãos casualmente enfiadas nos bolsos, desafiador.

— Não, Thommy! Você está louco! — Luca exclamou, puxando-o pelo braço com força, a preocupação transparecendo em seu rosto.

Thomas apenas se soltou, despreocupado, e se afastou de Luca, rindo.

— Relaxa, cara. Isso é só um joguinho, uma pegadinha muito bem elaborada — disse ele, dando de ombros e se aproximando ainda mais da mulher que agora exibia um sorriso sádico.

— Thomas, não é brincadeira! — implorei, a voz trêmula enquanto tentava puxá-lo para longe. — Eu ouvi eles conversando. Isso é muito real.

Thomas gentilmente me afastou, como se minha preocupação fosse exagerada, e parou bem na frente da Viúva Negra, com um sorriso desdenhoso.

— E aí? Vai usar esse seu machado de brinquedo pra cortar minha madeira? — ele provocou, o sarcasmo escorrendo de suas palavras.

Antes que qualquer um de nós pudesse intervir, antes mesmo de eu conseguir gritar para ele parar, a Viúva Negra se moveu com uma agilidade sobrenatural, cravando seu machado na cabeça de Thomas com um movimento letal. O impacto foi brutal, e o sangue jorrou, manchando o chão com a evidência da violência.

— Não! — gritei em desespero, correndo para segurar o corpo de Thomas, que tombou no chão, o olhar já vazio de vida. A cena diante de mim era um pesadelo, e o tempo parecia desacelerar.

Luca se jogou ao meu lado, sua expressão repleta de desespero. Com mãos trêmulas, ele arrancou sua camisa e a colocou sobre a cabeça de Thomas, como se fosse estancar o fluxo do sangue que escorria, tentando salvar o que já estava perdido.

— Merda! O Thommy não... — ele murmurou, as lágrimas escorrendo por seu rosto, um misto de choque e dor. — Meu maninho...

A dor que transparecia em Luca era insuportável. Eu podia sentir como se adagas estivessem cravadas em meu próprio peito, sua agonia ecoando em cada batida do meu coração. O abalo dele me cortou profundamente, e eu não consegui conter as lágrimas, que escorriam livremente.

Enquanto isso, Diogo e Gael, impulsionados pela fúria e pela necessidade de vingança, se lançaram contra a Viúva Negra. A luta que se seguiu foi feroz. Os dois lutadores, fortes e determinados, conseguiram imobilizá-la, mas não sem dificuldade. O sangue de Thomas ainda estava fresco no chão quando ela se contorceu sob o aperto de Gael, seus olhos se esbugalhando enquanto a vida se esvaía dela.

— Maressa, Nataly, Nina! — eu gritei, tentando reunir as garotas ao redor de nós, mas o luto já dominava o ambiente. Elas choravam em uníssono, cercando o corpo de Thomas como se tentassem proteger a lembrança do amigo que havia partido.

— Thomas... — sussurrou Nina entre soluços, as palavras quase inaudíveis.

— Eu não consegui te proteger, seu burro! — Luca gritou, agarrando o corpo sem vida de Thomas contra o peito, sua dor palpável. Ele socou o chão com fúria, enquanto as lágrimas escorriam sem parar. Cada batida de seu punho era um testemunho do desespero e da culpa que o consumia. A cena era devastadora, e meu coração se partiu ao vê-lo tão vulnerável.

A maneira horrenda como Thomas morreu, a brutalidade do ato, tornou tudo real de uma forma que nunca poderia ter imaginado. Aquela cena não era apenas um espetáculo para os espectadores doentes, mas um massacre que marcava a morte de um amigo e a perda de uma parte de nós.

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