O ar estava carregado de tensão enquanto eu corria pela casa escura, cada passo ecoando como um tambor em meu peito. A adrenalina pulsava em minhas veias, e a sensação de ser caçada tornava tudo ainda mais intenso. Eu sabia que ele estava lá, perto de mim, observando, como uma sombra no escuro. O Diabo.
Ele estava atrás de mim, e a cada esquina que eu virava, sentia a presença dele mais próxima, como uma tempestade prestes a desabar. O instinto de sobrevivência me impulsionava, mas havia algo mais profundo que me mantinha alerta, uma curiosidade inquieta que eu não conseguia ignorar.
Em um momento de distração, hesitei por um segundo e, quando me dei conta, ele apareceu diante de mim. A luz fraca da lareira iluminava parcialmente seu rosto, revelando os traços marcantes e as tatuagens que cobriam sua pele como um manto escuro. Seu olhar, intenso e profundo, me prendeu.
— Encontrada — ele disse, sua voz suave como seda, mas carregada de um poder que me fazia sentir tanto medo quanto atração.
Eu tentei recuar, mas ele já estava muito próximo. Com um movimento rápido, ele segurou meu pulso, puxando-me para mais perto. A proximidade me fez sentir um turbilhão de emoções: medo, desejo e confusão.
— Você não é tão rápida quanto pensou, não é? — ele provocou, um sorriso torto surgindo em seus lábios. Havia um jogo em suas palavras, e o tom dele era quase brincalhão. — Eu vi você na festa. Você realmente achou que poderia escapar?
Um arrepio percorreu minha espinha ao lembrar do apagão, dos gritos e da sensação de desorientação. Ele sabia. Ele estava se divertindo com isso.
— O que você quer? — perguntei, tentando me manter firme, mas a hesitação era evidente na minha voz.
— O que eu quero? — Ele riu, um som baixo e sedutor. — Eu quero que você perceba que não há como fugir de mim. Você e eu estamos conectados de alguma forma. O que aconteceu naquele escuro… foi apenas o começo.
Ele se aproximou ainda mais, sua respiração quente envolvendo-me, fazendo meu coração acelerar. Um misto de repulsa e atração formava um nó em meu estômago. Eu não sabia se devia sentir medo ou algo mais. A maneira como ele falava, como se estivesse prestes a revelar um segredo obscuro, me deixava intrigada e aterrorizada.
— Você ficou assustada? — ele continuou, a voz baixa, quase um sussurro. — Ou talvez um pouco excitada?
A tensão entre nós era palpável. Eu sentia meu corpo reagir ao magnetismo dele, mesmo sabendo que deveria me afastar. Havia uma força estranha, como se ele estivesse testando os limites da minha coragem e do meu desejo. Ele estava se divertindo com minha vulnerabilidade.
— Eu não tenho medo de você — menti, a bravura escorrendo por minha voz, mas ele apenas sorriu, como se soubesse que não era verdade.
— Não? — ele provocou, inclinando-se para mais perto. — E o que você sentiu quando as luzes se apagaram? Quando tudo o que você conhecia desapareceu, e você ficou à mercê do desconhecido?
O pensamento do que aconteceu durante o apagão me atingiu como um soco no estômago. As vozes distantes, o toque inesperado de mãos, a sensação de estar perdida em um mar de escuridão. Eu não sabia como responder. O que ele queria de mim?
Antes que eu pudesse formular uma resposta, ele me puxou ainda mais para perto, suas mãos firmes em minha cintura, e a presença dele se tornou esmagadora. O calor de seu corpo parecia me envolver, e um desejo incontrolável me invadiu, mas o medo se impunha, me lembrando de que ele não era alguém em quem eu poderia confiar.
— Sabe, Alyssa — ele disse, sua voz carregada de promessas e perigos. — Há algo em você que me intriga. Você é diferente das outras. Sua coragem, mesmo que um tanto falsa, é... encantadora.
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Sombras de Outubro
RomanceNa pacata cidade de Esperança, o Halloween é um dia temido. Um grupo de jovens decide desafiar o toque de recolher e acaba em uma casa de terror mortal, onde seus piores pesadelos se tornam realidade. Isolada, Alyssa é perseguida por um homem conhec...