Por um momento, fiquei paralisada pelo choque, o som dos golpes e dos gritos ainda ecoando pela casa. Meu coração batia descompassado, mas logo fui tomada por uma única urgência: Luca. Eu precisava ajudá-lo. Subi as escadas o mais rápido que pude, ignorando o frio que corria pela minha espinha, e me deparei com uma cena aterradora: o gigante, aquele brutamontes que eu tinha visto antes, estava sufocando Luca com a corrente de um nunchaku. A corrente estava apertada em volta do pescoço de Luca, o rosto dele pálido, sem ar. O desespero crescia dentro de mim.
Sem pensar, corri em direção ao homem. Saltei sobre ele, minhas unhas cravando-se em sua pele, tentando de todas as formas afastá-lo de Luca. Meu coração parecia explodir no peito. Mas ele me empurrou com tanta força que eu voei para longe, caindo pesadamente no chão como se fosse nada, como se eu não passasse de um obstáculo insignificante.
O impacto me tirou o fôlego, mas não me impediu. Eu me levantei, tonta e com o corpo dolorido, e avancei mais uma vez. Antes que eu pudesse chegar perto, fui empurrada de novo, com ainda mais força, dessa vez batendo contra a parede. A dor foi instantânea, espalhando-se pelas minhas costas, mas eu não podia parar.
Olhei ao redor, desesperada, e vi um vaso de flores sobre uma mesa. Sem pensar duas vezes, corri até ele, agarrei o objeto com ambas as mãos e, com todas as forças, acertei o vaso na cabeça do gigante. O som do impacto reverberou pela sala, a porcelana se despedaçando em incontáveis fragmentos. Finalmente, o homem soltou Luca, que desabou no chão, inerte, o nunchaku ainda enrolado em seu pescoço. Seu rosto estava pálido, sem vida, e por um segundo, temi o pior. Ele estava morto? Não conseguia saber.
Antes que eu pudesse verificar, o homem se virou para mim. Seus olhos estavam cheios de raiva, e o ódio quase palpável em sua expressão fez meu sangue gelar. Ele avançou com a mesma fúria implacável, me alcançando em segundos. Senti os dedos dele se fecharem em meu cabelo, puxando-o com tanta força que quase me arrancou o couro cabeludo. Eu gritei, tentei me soltar, mas ele era muito mais forte.
Ele me arrastou sem cerimônia até um cômodo escuro da casa, e eu não consegui segurar as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Estava em completo desespero. Me jogou no chão com força, o impacto me fazendo ver estrelas. A dor atravessava meu corpo como uma corrente elétrica, e antes que eu pudesse me recompor, um tapa ardido acertou meu rosto. A força do golpe me jogou para o lado, e senti o gosto metálico de sangue na boca.
Ele ficou de pé diante de mim, em silêncio, estralando os dedos e o pescoço como se estivesse se preparando para um golpe final. Seus punhos cerrados tremiam de tensão, e ele se aproximava lentamente, cada passo dele me afundando ainda mais no pânico. Eu não conseguia olhar para ele. Não queria ver o que vinha a seguir.
Fechei os olhos, esperando o pior. O som dos passos dele ecoava cada vez mais próximos, o ar parecia sumir ao meu redor. Mas, de repente, um gorgolejo encheu o ar. O homem, que até então parecia invencível, engasgava. Abri os olhos e vi a cena que nunca pensei presenciar. Diabo estava atrás dele, frio e impassível, atravessando uma lâmina afiada no pescoço do homem. O sangue jorrou, pintando o chão e as paredes de vermelho, enquanto o gigante caía de joelhos, sua vida se esvaindo.
Eu recuei, ainda no chão, meu corpo tremendo incontrolavelmente. As lágrimas rolavam pelo meu rosto sem controle, e eu me encolhi no canto do cômodo, incapaz de acreditar no que havia acabado de acontecer. Diabo estava coberto de sangue agora, um contraste brutal contra sua figura já ameaçadora. Ele tinha acabado de matar um dos seus. Por mim? Não podia ser. Isso não era mais só um jogo, não podia ser.
Diabo se agachou diante de mim, seus olhos me avaliando de cima a baixo com aquela frieza típica, como se estivesse diante de uma criança indefesa. O sangue dele manchava o chão ao nosso redor, mas ele parecia completamente indiferente. Seus olhos me penetravam, como se pudesse enxergar além do meu medo, e uma pequena parte de mim não sabia o que pensar. Por que ele fez isso?
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Sombras de Outubro
RomanceNa pacata cidade de Esperança, o Halloween é um dia temido. Um grupo de jovens decide desafiar o toque de recolher e acaba em uma casa de terror mortal, onde seus piores pesadelos se tornam realidade. Isolada, Alyssa é perseguida por um homem conhec...