cap.13 - A MÁSCARA E O ESPETÁCULO.

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O parque Fright Nights estava lotado, e o clima sombrio só fazia o frio na minha espinha aumentar. A névoa rasteira cobria o chão, se misturando com o ar denso de expectativa que pairava no ar. Eu ajustava minha roupa, mas meu coração batia tão rápido que minhas mãos tremiam. O palco estava montado no centro, e o Arco Aéreo brilhava lá no alto, preso por cabos invisíveis, aguardando minha entrada.

— Eu não sei se consigo, Tessa — confessei, minha voz saindo baixa e trêmula enquanto olhava para o chão. Os meus dedos não paravam de tremer.

Tessa, sempre confiante, sorriu para mim. Sem dizer uma palavra, ela retirou uma máscara preta de dentro da sua bolsa e a estendeu para mim. Eu fiquei imóvel, meus olhos fixos naquele objeto que parecia ter saído de um sonho. A máscara era de couro macio, com delicados bordados prateados que formavam desenhos intrincados, quase hipnotizantes. Nas bordas, pequenas pedras brilhantes refletiam a luz tênue ao redor, criando uma aura enigmática. Ao redor dos olhos, penas finas e leves flutuavam com o vento, dando um toque de mistério e sedução.

— Coloque. Isso vai te dar a confiança que precisa — ela disse, me entregando a máscara.

Eu hesitei. A máscara era linda, mas a pressão de usá-la parecia quase esmagadora. Ao pegá-la, senti o peso simbólico daquela peça. O simples toque fez algo despertar em mim. Ao colocá-la sobre o rosto, era como se uma nova versão de mim mesma nascesse ali. A Aria que eu conhecia se dissolveu por trás daquele véu de couro e pedras.

— Tessa... eu não sei... — minha voz vacilou de novo.

Tessa me segurou pelos ombros, me encarando com um olhar firme.

— Aria, você precisa deixar de ser a garota que foi. Esta noite, você é outra pessoa. Esqueça o medo. Dance como se ninguém estivesse vendo, mas sinta como se o mundo dependesse de cada movimento seu. Esta é sua chance.

Respirei fundo, absorvendo suas palavras. O nervosismo ainda me dominava, mas algo dentro de mim começou a mudar. Assenti lentamente, e as cortinas começaram a se abrir. A primeira batida de "Gangsta" ressoou pelo parque, uma melodia forte, pesada, quase como se ecoasse dentro de mim. Um único feixe de luz se acendeu, me destacando no palco. Lá estava eu, a nova Aria, com o mundo esperando para me ver.

O Arco Aéreo desceu suavemente do alto, quase flutuando em câmera lenta. Com um último olhar para Tessa, subi no Arco, sentindo a força dos cabos, a firmeza nas minhas mãos. O nervosismo agora era substituído por pura adrenalina.

A plateia inteira estava hipnotizada. Entre as luzes e as sombras, eu via fantasias bizarras, máscaras, e figuras grotescas, mas todos eles estavam ali por mim. Cada movimento meu no ar era calculado e, ao mesmo tempo, instintivo. Eu girava, saltava, meus pés mal tocavam o Arco enquanto dançava. Senti uma onda de poder, como se a cada giro eu estivesse deixando uma parte da antiga Aria para trás.

E então, algo estranho aconteceu.

No meio da multidão, notei uma movimentação

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No meio da multidão, notei uma movimentação. As pessoas, antes unidas e observando, começaram a se afastar, criando um corredor. Foi aí que os vi. Quatro figuras, caminharam pela névoa que subia de seus pés, como se o chão os estivesse anunciando. Eles pareciam caminhar em câmera lenta, seus rostos escondidos na escuridão e máscaras que eu mal conseguia distinguir. Eles não eram como o resto da plateia. Algo neles era diferente, intenso.

Tentei focar neles, mas estava longe demais para ver com clareza. Minhas mãos ainda seguravam as cordas do Arco, e meus movimentos continuavam, como se o corpo dançasse por conta própria. Quem eram eles?

Quando o Arco desceu novamente, e meus pés tocaram o chão, a música mudou. "Haunted", de Beyoncé, explodiu pelos alto-falantes. A batida invadiu meu corpo, e senti meu ritmo mudar. Meus movimentos ficaram mais lentos, mais sensuais. Era como se eu dançasse para alguém específico, mas nem eu sabia quem.

Eu senti os olhares em mim. Não só da plateia, mas dos quatro estranhos que agora estavam mais próximos. Eles não aplaudiam, não sorriam — apenas me observavam. Algo neles me atraía de uma forma inexplicável, como predadores silenciosos esperando o momento certo para atacar.

Quando a música terminou, saí do palco com o coração disparado. Meus músculos ainda vibravam de energia, meu corpo quente de tanto dançar. Nos bastidores, Tessa me esperava, seu sorriso brilhante.

— Você foi incrível, Aria! Todos ficaram hipnotizados. Eu te disse que conseguiria!

Sorri de volta, mas uma parte de mim ainda estava agitada. Algo naquela noite mudou, e eu não sabia exatamente o quê. Mas sabia que, de alguma forma, eu não era mais a mesma. E aqueles quatro estranhos? Algo me dizia que aquele não seria o nosso último encontro.

Fright Nights Where stories live. Discover now