cap.14 - O DONO DA NOITE

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Troquei-me rapidamente, ainda com o resquício da adrenalina corroendo minhas veias. O vestido preto justo que escolhi parecia uma extensão do meu corpo, delineando cada curva. A máscara que Tessa me deu apertava meu rosto, como se fosse uma segunda pele, me escondendo do mundo e, ao mesmo tempo, me revelando de formas que eu ainda não compreendia. A noite ainda estava carregada com o peso daqueles olhares, dos quatro homens que pareciam surgir de cada sombra, como predadores à espreita. Mas, por agora, decidi afastar esses pensamentos. Eu precisava de distração.

Tessa apareceu, sempre radiante, seus olhos brilhando com a excitação da noite. — Vou dar uma volta com meus amigos. Vem?

Sacudi a cabeça, recusando automaticamente. — Não, preciso de uma bebida.

Ela apenas deu de ombros, saindo com um sorriso fácil nos lábios. Sozinha, respirei fundo, deixando a noite me envolver. Caminhei pelo parque, envolta em sombras e mistério, cada passo ecoando em minha mente inquieta. Não percebi que passei a metros dos quatro vultos que me perseguiam com seus olhares. Não precisava vê-los para sentir a presença deles. Mas os ignorei. Havia algo mais urgente: encontrar uma bebida.

Logo avistei uma luz piscante, um letreiro pulsante com letras vermelhas brilhando: *Blood Moon Bar*. Parecia um aviso de perigo, uma promessa de caos. Exatamente o que eu precisava. Sem hesitar, entrei. O bar estava cheio de figuras mascaradas, misturadas em um turbilhão de sons e vozes abafadas. Mas nada disso importava. Eu estava focada.

No entanto, antes que pudesse pedir, senti uma presença intrusiva ao meu lado. Um homem se aproximou, o cheiro forte de álcool no ar, e sua voz rastejou em meus ouvidos.

— Sozinha por aqui, gata? — O sorriso que ele deu era nauseante, e minha paciência se esvaiu instantaneamente.

Virei-me lentamente para ele, deixando meus olhos encontrarem os dele por trás da máscara. Minha voz saiu baixa, mas afiada, cortante como uma faca. — Se você não sair de perto de mim agora, eu juro que vai se arrepender.

Ele riu, achando graça. Mas o riso dele morreu rápido. Seus olhos se arregalaram, não por minha ameaça, mas por algo atrás de mim. Aquele idiota recuou, desaparecendo na multidão sem dizer mais uma palavra. Antes que eu pudesse entender o que havia acontecido, senti uma presença familiar. Quando me virei, ele estava lá.

Uma jaqueta de couro preta cobria seus ombros largos

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Uma jaqueta de couro preta cobria seus ombros largos. Seu rosto estava pintado como um esqueleto, os detalhes da maquiagem quase perfeitos, transformando-o em uma figura além do humano. Ele tinha aquele sorriso de canto, um que parecia guardar todos os segredos do mundo. E agora, ele estava de frente para mim, irradiando uma energia que parecia tanto me atrair quanto me repelir.

Tentei ignorá-lo, virando-me de volta para o balcão. — Tem energético?

O barman sorriu de forma estranha antes de responder. — Aqui só temos bebidas fortes.

Suspirei, irritada. — O dono desse lugar não pensou nas pessoas que não bebem?

O homem com a maquiagem de esqueleto soltou um riso baixo, provocador. — Provavelmente o dono desse lugar não imaginou que alguém pediria energético em uma festa dessas.

Revirei os olhos, mantendo o sarcasmo afiado. — E eu não sabia que alguém seria tão maluco a ponto de abrir um bar em um parque.

Seu sorriso cresceu um pouco mais, os lábios desenhando uma curva perigosa. Ele se inclinou, murmurando algo para o barman, que desapareceu em direção aos fundos sem dizer uma palavra. Fiquei parada, irritada e curiosa, sem entender o que ele pretendia.

— Vou procurar minha amiga — disse, tentando me afastar de sua presença.

— Espere. — Sua voz era um comando, e, por alguma razão, eu obedeci.

O barman retornou com um fardo de energéticos, colocando-o na minha frente com um sorriso cúmplice. Fiquei surpresa, sem palavras, observando a cena. Quando me virei para agradecê-lo, ele já estava se afastando, desaparecendo entre as sombras da multidão.

— Obrigada pelo energético, senhor Esqueleto. — Minha voz saiu carregada de ironia, mas não pude evitar.

Ele parou, se virou lentamente, e voltou a se aproximar de mim, o ar entre nós se tornando pesado. Seus olhos, agora mais visíveis por trás da pintura, eram como dois abismos. — Não me agradeça, quem deu foi o *meu* barman. — Sua voz era baixa, carregada de uma promessa que eu ainda não conseguia entender.

Com isso, ele desapareceu mais uma vez, me deixando sozinha com as perguntas que não paravam de ecoar em minha mente. Quem ele era? Por que ele me ajudou? *Meu barman?*
e Por que ele estava me observando com os outros garotos?
Eu deveria seguir em frente, esquecer esse encontro, mas algo nele me puxava, me fazia querer mais, mas com o meu orgulho, preferi evitar.

Eu respirei fundo, jogando um energético na bolsa e saindo em busca de Tessa, embora soubesse que, de alguma forma, aquele não seria o último encontro entre nós.

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⏰ Last updated: Oct 18 ⏰

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