Capítulo 8 - Eles Vieram

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Bem longe, entre o sonho e a realidade, ouvia-se um toque de telefone, e junto, um bater na porta. Os olhos pesados e o travesseiro no rosto fazia com que o barulho se tornasse a menos, mas quanto mais ignorava, aquela insistência persistia.

Retirando o travesseiro do rosto e encarando o crepúsculo da tarde de chuva que se misturava com o vento, o sonho não era sonho, e a realidade era bem nítida. Havia alguém na porta e o celular não parava de tocar por cima da mesinha ao lado da cama, o encarei tocar e vibrar até cair no chão por cima do tapete de pelúcia.

Coçando a cabeça, respirei fundo pegando o celular do tapete, e descalça levantei  e caminhei até a porta enquanto vários números desconhecidos haviam me ligado, eram quase 17 horas da tarde, havia dormido muito por conta do suco de maracujá, que contém alcaloides onde têm um efeito calmante no sistema nervoso, ajudando a relaxar e induzir o sono, isso sempre funcionava comigo quando estava ansiosa.

Encarei os números enquanto abri a porta, não conhecia nenhum. Ao levantar meus olhos a recepcionista estava desesperada com os olhos espantados, ofegante ela engoliu em seco buscando fôlego e tremendo.

—  Senhorita Norman, eu sinto muito incomodar a senhora  —  dizia nervosamente  —  Estou aqui porque há três pessoas procurando por você.

—  Que pessoas?  —  engoli em seco enquanto a encarava.

Ela apertou os lábios antes de pôr fim responder  —  Eles não me disseram seus nomes, mas são duas mulheres e um homem.

—  E porque a urgência disso?  —  questionei o seu estado.

—  Eles disseram que se não falasse com você agora mesmo, eles iriam subir, estamos apenas com um guarda que não faz muita coisa, fiquei com medo das ameaças deles.

—  Eles ameaçaram você?  —  arregalei os olhos.

—  Sim. Na verdade, se eu não desse as informações, a mulher loira disse que ia me arrancar de trás do balcão e iria ela mesmo fazer as buscas.

—  Céus  —  apertei as mãos sentindo o telefone magoar a carne  —  Foram eles que me ligaram?

—  Provavelmente, eu também liguei mas a senhora não estava atendendo, tive que subir, fiquei preocupada porque não vi a senhora saindo do prédio e uma coisa levou a outra.

—  Eu estava dormindo  —  assimilei a situação  —  Olha, diga a eles que já estou indo, vá na frente, eu só vou vestir uma roupa.

—  Ah, sim. Claro  —  sorriu sem jeito  —  Não reparei que a senhora estava de pijama, me desculpe incomodar,  senhorita Norman.

—  Pode me chamar de Mia e de você, não precisa de formalidade comigo, mas se a sua patroa fofoqueira reclamar, eu entendo, aliás quando a ver, fala que eu preciso ter uma conversa muito séria com ela que pode levar ela pra cadeia  —  firmei a voz.

—  Si..sim claro  —  gaguejou.

Fechei a porta rapidamente e, sem demora, troquei de roupa, imaginando se o meu recado para Jessy havia surtido algum efeito. O coração pulsava acelerado enquanto eu me olhava no espelho, tentando esconder a ansiedade que crescia dentro de mim.

•••

Assim que saí no corredor, percebi que estavam arrumando o elevador, o que me deixou feliz porque as escadas estavam me matando, e eu sabia que isso me fazia uma mulher sedentária, mas agora aqui em Duskwood, isso iria mudar, afinal aonde quer que eu fosse teria que ser a pé.

Ao chegar na escadaria de frente a recepção avistei os cabelos negros e as tatuagens de Phil Hawkins, os cabelos ruivos da Jessy, e as madeixas loiras da Lilly, ambos estavam discutindo alguma coisa e mal perceberam quando me aproximei. Limpando a garganta chamei a atenção deles e a mocinha da recepção respirou aliviada ao me ver.

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