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Caso Indefinido - Cristiano Araújo ▶️ (Não revisado**)


O dia seguinte trouxe um ar de expectativa. Laura tinha sugerido uma saída à noite, e S/n mal podia acreditar que finalmente iriam a um barzinho. Era uma oportunidade perfeita para relaxar e, talvez, encontrar algo pra se distrair dos sentimentos confusos. O lugar escolhido era aconchegante, com música ao vivo e um clima descontraído.

Enquanto se arrumavam, S/n sentiu um frio na barriga. O que deveria ser uma noite divertida estava se transformando em um turbilhão de emoções. Ela sabia que Júlia estaria lá, e essa ideia a deixava animada e nervosa ao mesmo tempo. Laura estava animada, sem perceber a luta interna da amiga.Assim que chegaram, a música ao vivo criou uma atmosfera acolhedora. O cheiro de comida e bebida preenchia o ar, e as risadas ecoavam pelo ambiente. Após algumas rodadas de drinks e petiscos, o cantor fez um anúncio.

— E agora, vamos ter uma apresentação especial! Alguém da plateia gostaria de vir cantar?

O coração de S/n pulou. As lembranças das suas sessões de karaokê com as amigas a invadiram. Sem pensar muito, levantou-se.

— Eu — levantou a mão e disse, mais confiante do que realmente se sentia.

Laura a incentivou, sorrindo com um olhar de orgulho. Júlia, sentada ao lado de Laura, aplaudiu sem saber da verdadeira intenção por trás da escolha da música.Subindo ao palco, S/n pegou o violão e se acomodou no banquinho. O coração batia descompassado, e ela respirou fundo. A luz suave do bar iluminava o espaço, e os olhares curiosos a deixaram um pouco nervosa. Com o violão em mãos, começou a tocar os acordes de "Caso Indefinido" do cantor Cristiano Araújo. Será que alguém explica a nossa relação?
Um caso indefinido, mas rola paixão
Adoro esse perigo, mexe demais comigo
Mas não te tenho em minhas mãos

Se você quiser
Podemos ser um caso indefinido ou nada mais
Apenas bons amigos, namorar, casar, ter filhos
Passar a vida inteira juntos, oh

E vai saber se um dia seremos nós
Nenhum beijo pra calar nossa voz
Um minuto, uma hora, não importa o tempo
Se estamos sós

A cada verso, S/n tentava colocar todo o seu coração na canção, pensando em Júlia. Mas, ao invés de se permitir olhar para a garota que ocupava seus pensamentos, fechou os olhos, como costumava fazer. Cantar de olhos fechados era uma forma de proteger-se, uma barreira que a impedia de se expor completamente, de se expressar de certa forma sem ter medo. Ela temia que, se olhasse para Júlia, toda a sua vulnerabilidade se tornaria evidente.

Enquanto S/n cantava, a emoção fluía através de cada acorde. Ela imaginava o olhar de Júlia, mas não tinha coragem de se permitir encará-la. Por um instante, tudo ao seu redor desapareceu; era apenas a música e a batalha interna de seu coração. Quando a canção atingiu seu clímax, S/n sentiu a tristeza e a esperança se misturarem, como se cada palavra fosse um grito silencioso por reconhecimento.

Quando terminou, a plateia aplaudiu e gritou, mas S/n ainda sentia a ansiedade em seu peito. Desceu do palco, um misto de alívio e tristeza dominando suas emoções.

— Uau, você arrasou! — Laura exclamou, abraçando S/n. — Nunca imaginei que você cantava tão bem!

Júlia também se aproximou, com um sorriso largo.

— Você foi incrível! Não sabia que tinha esse talento! — disse Júlia, sem perceber o verdadeiro significado da música.

—Eu sempre gostei de música, vocês apenas não conheciam meu lado artista— deu uma piscada para as duas e soltou um sorriso descontraído e se acalmar internamente, mas a sensação de que havia algo não dito pairava no ar. Elas pediram mais bebidas e continuaram a conversar.

S/n tentava ignorar a tensão dentro de si, mas a ideia de que Júlia não entendia suas intenções a deixava frustrada.

Enquanto riam e se divertiam, S/n se pegou desejando que aquele momento fosse mais do que apenas amizade, o olhar de Júlia brilhava sob a luz do bar, e a ideia de que ela não poderia ser mais do que uma amiga tornava tudo mais doloroso.

Ela queria mais do que aquelas risadas, mais do que o carinho de uma amizade; ela queria que Júlia soubesse a verdade.

A música que cantou ainda ecoava em sua mente, e a pergunta insistente do por que não tinha coragem de se abrir a consumia. Conforme a noite avançava, o bar estava cada vez mais cheio, e as músicas mudavam, mas a tensão entre S/n e Júlia permanecia. S/n sabia que precisava de coragem para encarar seus sentimentos, mas a presença de Júlia tornava tudo ainda mais complicado.

Mirrors - Júlia Kudiess|S/n DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora