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Friends - Chase Atlantic ▶️ (Não revisado**)

"Just give me some time and space to realize
That you, were busy lying, sleeping 'round with other guys
And what the hell were we?
Tell me we weren't just friends
This doesn't make much sense, no
But I'm not hurt, I'm tense
'Cause I'll be fine without you, babe"

Atualmente.  Saquarema - Rio de Janeiro


POV S/n

O treino seguia normalmente, mas para mim, tudo parecia um borrão. As meninas gritavam instruções umas para as outras, o som da bola batendo no chão reverberava pelo ginásio, mas nada disso me afetava. Eu estava ali fisicamente, mas minha cabeça estava a quilômetros de distância. A viagem estava chegando, e a verdade era que eu não tinha ideia de como dizer para Júlia e as meninas que iria embora por tanto tempo. As palavras ficavam presas na garganta, e o receio de como elas reagiriam só tornava tudo mais difícil.

No intervalo, enquanto as jogadoras se dispersavam para pegar água e descansar, eu permaneci no meu canto, de cabeça baixa, observando os meus próprios pés como se fossem o único ponto de foco que me restava.

Foi quando senti uma mão suave cobrindo meus olhos, me tirando do meu transe.— Adivinha quem é? — Júlia perguntou, a voz carregada de diversão.Minha primeira reação foi sorrir. Mesmo sem ver, eu sabia que era ela, o cheiro familiar do seu perfume, a energia que ela sempre trazia. Mas, em vez de responder certo, resolvi brincar.— Hmmm, fácil! Tutuzinha, sei que é você Daroit, acertei? — disse com uma falsa confiança, me segurando para não rir.Senti Júlia tirar as mãos dos meus olhos rapidamente, se posicionando na minha frente com uma expressão fingida de ultraje.

— A Pri? Sério, S/n? Você acha que a Pri tem esse charme todo? — Ela riu, cruzando os braços e me olhando de cima, como quem estivesse esperando uma boa resposta.

Eu finalmente deixei escapar uma risada curta.— Ah era você princesa, foi mal, mas o que eu posso fazer? A Pri tem lá seus encantos, você sabe — dei de ombros, tentando manter a leveza da situação.

Ela balançou a cabeça em negação, os lábios curvando em um sorriso.

— Tá, agora é o seguinte: se tivesse acertado, eu ia te levar para jantar, mas como errou feio... — Ela fez uma pausa, me lançando um olhar travesso. — Agora é você quem vai pagar o jantar.

— Fechado, mas eu escolho o lugar, tá? — Pisquei para ela, aliviada por pelo menos poder manter essa leveza por mais um tempo.

•••••

Depois do treino, seguimos em direção ao restaurante de Dona Lurdes onde frequentava bastante enquanto morava no Rio antes de ir morar Minas. O lugar era pequeno, aconchegante, com cheiro de comida caseira no ar. Era o tipo de ambiente que trazia conforto, e, no fundo, eu sabia que precisava de algo familiar antes de enfrentar o turbilhão de sentimentos que vinha com a viagem.

Assim que entramos, o sino na porta tocou, e Dona Lurdes apareceu atrás do balcão, abrindo um sorriso largo assim que me viu.— Mas olha só quem veio me visitar! Se não é a S/n! — ela disse, enxugando as mãos no avental e caminhando em nossa direção. — E trouxe companhia dessa vez. É hoje que você vai me apresentar a namorada, hein?

Senti o calor subir para o rosto na mesma hora, me esforçando para não parecer desconcertada. Olhei para Júlia de relance, que também parecia meio surpresa, mas com aquele sorriso divertido nos lábios.

— Dona Lurdes, essa é a Júlia, minha amiga. Só amiga, viu? — tentei esclarecer, rindo meio sem graça. Dona Lurdes ergueu uma sobrancelha, claramente não convencida— Amiga, né? — ela repetiu, com aquele tom que as avós usam quando sabem mais do que parecem— Bom, então seja bem-vinda, Júlia. Qualquer amiga da S/n é bem-vinda aqui!Júlia riu, balançando a cabeça.

Mirrors - Júlia Kudiess|S/n DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora