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Deixa Acontecer - Grupo Revelação ▶️ (Não revisado**)

"Só que eu tenho muito medo de me apaixonar
Esse filme já passou na minha vida
E você tá me ajudando a superar
Eu não quero ser um mal na sua vida

Deixa acontecer naturalmente
Eu não quero ver você chorar
Deixa que o amor encontre a gente
Nosso caso vai eternizar"

S/n POV

O clima da balada estava em êxtase. As luzes piscavam em sincronia com a batida da música, e eu mal conseguia ouvir meus próprios pensamentos de tão alto que o som ecoava pelas paredes, Kika estava ao meu lado rindo enquanto mexia o corpo ao som da música eletrônica que dominava o espaço. Ela parecia relaxada e solta, bem diferente do foco que havia demonstrado no jogo algumas horas antes.

—Manchester não desaponta, né?—eu gritei no ouvido de Kika, que concordou animadamente, quase sem fôlego de tanto dançar—A cidade e a companhia perfeita! Além disso, precisamos comemorar, foi uma vitória suada!— ela respondeu, rodopiando de um jeito exagerado, me fazendo rir. Kika sempre sabia como me tirar do meu eixo de maneira leve e divertida.

Enquanto estávamos ali, celebrando e rindo, algo – ou melhor, alguém – capturou minha atenção. Uma figura loira estava no centro da pista, dançando com um grupo de amigas, mas era impossível ignorar a aura de confiança que emanava dela. Eu não sabia se era a maneira como ela se movia ou o fato de que ela parecia completamente despreocupada, mas havia algo nela que chamava atenção.

Sem perceber, eu estava encarando. Ela era deslumbrante de uma forma natural, e, quando seus olhos encontraram os meus, um sorriso surgiu em seu rosto. Eu me virei rapidamente, tentando disfarçar, mas era tarde demais. Ela já estava caminhando na minha direção.

Kika, sempre observadora, notou. —Acho que você tem companhia,— ela disse com uma piscadela—Vou buscar algo pra beber, e quem sabe deixar vocês duas à vontade?—Eu não tive tempo de responder. A loira já estava a poucos passos de mim, e quando finalmente chegou, sua presença era inegável.

—Olá— ela disse, com um sotaque britânico que soou incrivelmente atraente pra mim e imediatamente entregou sua origem. —Eu vi você me olhando de lá. Achei que deveria me apresentar antes que isso ficasse estranho, e gostei de você também—O sorriso dela era fácil, quase travesso.

Eu ri, um pouco envergonhada. —Me desculpa, mas você pareceu familiar— Falei de certa forma envergonhada pra presença forte da mulher a minha frente.

—Leah Williamson— ela estendeu a mão. —Você deve ser S/N, certo? Já ouvi falar de você— Falou abrindo um sorriso que fez minhas pernas quase se desmancharem, que sorriso lindo era aquele?

—Espera, Leah?—perguntei, surpresa. —Do Arsenal?——Essa mesma—ela confirmou, com um brilho nos olhos. —E você, pelo visto, é a amiga famosa da Kika. Ela não para de falar de você, a Bronze vive falando do quanto Kika comentava sobre você que causou até curiosidade em mim— A mais velha falou me deixando de certa forma sem graça, como assim Leah Williamson, uma deusa grega queria saber sobre mim?

Eu sorri, me sentindo um pouco lisonjeada e surpresa ao mesmo tempo. —Bem, Kika gosta de exagerar. Mas devo admitir que é um pouco surreal te encontrar aqui, você é uma lenda!—Ela riu, inclinando a cabeça.

—Lenda? Acho que ainda não cheguei nesse nível. Mas obrigada pelo elogio— Aquele sorriso lindo não se desmanchava do rosto dela oque eu estava amando de assistir.

A conversa começou de maneira leve, mas a conexão entre nós rapidamente se aprofundou. Leah era muito mais do que apenas a jogadora talentosa que eu via nos gramados. Ela era engraçada, espirituosa e genuinamente interessada no que eu tinha a dizer.

—Acho que nunca tive uma fã que também fosse tão... misteriosa,— Leah disse, com um sorriso malicioso, enquanto tomávamos um drink no canto do bar. —Então, o que levou você para Barcelona?— A loira perguntou com certa curiosidade.

—Kika, principalmente—eu disse, rindo. —Além disso, eu precisava de umas férias e Barcelona sempre foi um destino dos sonhos. Mas não vou mentir, assistir aos jogos foi um grande bônus.

—Ah, você é fã de futebol também?— Leah perguntou, inclinando-se um pouco mais perto, parecendo ainda mais interessada.

—Eu sou apaixonada por vários esportes mas o futebol tem um lugar especial, principalmente porque foi meu pai que me apresentou o mundo dos esportes e o futebol foi o principal e guardo isso como uma memória dele—confessei, enquanto a música ao redor parecia ficar em segundo plano. 

—Não perco um jogo do Barcelona feminino. E, bem, acompanho você também, claro—O sorriso dela cresceu, e eu pude ver um leve brilho nos olhos dela. 

—Talvez eu deva te agradecer pelo apoio, então—senti um leve flerte no seu tom de voz.

A noite foi passando, e entre conversas e risadas, a atmosfera ao nosso redor se tornou mais íntima. As pessoas dançavam e celebravam, mas, naquele momento, tudo o que importava era a conversa que fluía entre nós. Leah tinha uma maneira de me fazer sentir confortável, como se fôssemos velhas conhecidas, embora tivéssemos acabado de nos encontrar.

—Você dança bem,—Leah comentou depois de um tempo, enquanto voltávamos para a pista de dança.

—Bom, eu tento—eu ri, puxando-a pela mão para dançar mais perto. —E você? Além do futebol, alguma habilidade secreta que eu deveria saber?—Leah ergueu uma sobrancelha, provocadora. 

—Talvez você descubra, se continuar me acompanhando— Falou com aquele tom absurdo de atraente.

O jeito como ela falou me fez sorrir ainda mais, Leah era divertida, sem esforço, e havia algo magnético nela que me fazia querer ficar por perto. A noite seguiu entre risos e pequenos flertes, mas nada exagerado. Apenas um constante jogo de provocações e olhares que deixava claro que havia uma conexão entre nós.

Em determinado momento, Leah se aproximou mais, encurtando a distância entre nós. —Você deveria me dar seu número ou alguma rede social sua não acha?—ela disse, num tom casual, mas os olhos brilhando de expectativa.

—Claro—eu respondi, pegando meu celular e passando para ela. —Mas só se você prometer não me marcar em desafios de TikTok ou algo assim— Falei em tom descontraído abrindo um sorriso que logo foi retribuído e pegou meu celular digitando seu número rapidamente. 

—Não posso prometer, mas talvez eu te surpreenda de outras formas—Piscou pra mim com um tom divertido ao mesmo que saiu com uma certa pitada de segundas intenções.

Com o número salvo, nós trocamos mais algumas palavras e, quando me dei conta, já era madrugada. Eu estava exausta, mas de um jeito bom, como se aquela noite tivesse sido exatamente o que eu precisava.

—Eu realmente gostei de te conhecer, S/N—Leah disse, enquanto caminhávamos para fora do bar. A luz suave da noite refletia no rosto dela, e eu podia ver que, assim como eu, ela estava satisfeita com o encontro.

—Eu também, Linda— a chamei pelo apelido, onde segundo ela já que estávamos próximas precisaríamos apelidar uma a outra.

—Foi uma noite incrível babe— Respondeu ela usando o apelido que segundo ela combinava comigo por ser mais nova e por eu ter carinha de bebê pra ela.

Quando nos despedimos, senti uma leve hesitação, como se nem eu nem ela quiséssemos que aquilo terminasse ali. Mas, ao mesmo tempo, havia uma excitação no ar, algo que sugeria que essa não seria a última vez que nos encontraríamos.

Enquanto eu voltava para o hotel, um sorriso teimava em se formar no meu rosto. O encontro com Leah havia sido inesperado, mas, de alguma forma, parecia que algo maior estava começando a se desenrolar e logo fui dormir sentindo aquela felicidade e embrulho no estômago.

Mirrors - Júlia Kudiess|S/n DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora