14. 2 de fevereiro

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•Kel•

Eu dormi tão bem essa noite que só queria continuar na cama até anoitecer. Mas a insuportável da mulher que está aqui já me chamou três vezes. Que raios ela quer em plena segunda-feira, às seis horas da manhã? Que saco!

Percebendo que não conseguiria voltar a dormir em paz, me arrastei para o banheiro. O reflexo no espelho mostrava uma versão cansada de mim, os olhos pesados. Escovei os dentes, joguei água no rosto e, enquanto a água quente do chuveiro escorria pelo meu corpo, senti uma pequena dose de alívio. Fechei os olhos, tentando relaxar, mas o barulho da porta abrindo me deu um susto.

- Ei! Não sabe bater na porta? - disse irritada, encarando a mulher que, com seu olhar intenso, parecia me devorar com os olhos.

- Desculpa... -Ela desviou o olhar, mas não antes de me fazer sentir a pressão da sua presença. Eu ainda tentava entender o que ela fazia ali.

- Trouxe sabonete e outras coisas. - Ela colocou a sacola na pia e, antes de sair, não hesitou em gritar:
- Não demora!

Revirei os olhos, pegando a sacola e analisando o que havia dentro. O sabonete tinha um cheiro doce que me fez lembrar de algo bom, mas logo afastei esses pensamentos enquanto continuava meu banho.

Coloquei meu tênis e saí do quarto, caminhando até a sala. Encontrei a mulher mexendo no celular, a expressão concentrada. Ela parecia uma fortaleza, mesmo quando estava tão despreocupada.

- Ei, tem secador de cabelo? - perguntei, cruzando os braços.

- Sim. - Ela olhou de cima a baixo, como se estivesse avaliando cada parte de mim antes de levantar e me levar até o quarto.

Assim que ela ligou o secador, me virei de costas. A sensação da escova passando pelo meu cabelo era relaxante. O calor do secador, combinado com o toque firme da mulher, me fazia sentir um misto de segurança e inquietação.

- Obrigada, - murmurei ao me olhar no espelho.

- De nada, - ela sussurrou, saindo do quarto após mais um olhar avaliador.

Respirei fundo, tentando ignorar a tensão que isso gerava em mim. Estava ansiosa para a aula de pole dance.

Estávamos a caminho da aula, o carro preenchido pelo som da música suave. A mulher dirigia com concentração, enquanto eu tentava relaxar.

- Eu nem sei seu nome, - comentei, quebrando o silêncio.

- Não é importante, - ela respondeu, sem desviar o olhar da estrada. Sorrir fraco, abri a janela e deixei a brisa entrar, tentando limpar minha mente.

Paramos na padaria e, enquanto ela comprava bolos de pote e café, não pude deixar de observar como ela se movia com confiança, cada gesto deliberado. Quando chegamos à casa de portão vinho, um ar de expectativa tomou conta de mim.

Entramos na sala de aula, que tinha um cheiro fresco e um ar condicionado agradável. As paredes brancas eram adornadas com desenhos de garotas dançando, e havia dois poles reluzentes, aguardando para serem utilizados.

A mulher mexia no celular, e eu peguei minha sacola, tirando o bolo e o cappuccino. O nervosismo me consumia.

- Ei-chamei, fazendo ela olhar.
- Posso te pedir uma coisa?

- Depende, - ela respondeu, levantando uma sobrancelha.

- Quero... falar com minha mãe. Apenas dizer que estou bem. - Levantei, aproximando-me dela.

- Não posso...

- Por favor? - pedi, implorando com os olhos.

- Não dá, - a rejeição dela foi dura.

- Ok. -Murmurei, me afastando para fora da sala, sentindo o olhar dela nas minhas costas.

Sentei no banco do lado de fora, o coração pesado. A aula começaria em breve, e eu precisava focar.

A professora de pole dance ligou e, ao saber que não poderia vir, a mulher se virou para mim, sua expressão determinada.

- Quer ir para casa ou quer que eu te mostre uma introdução?

- Desde quando me dá opções? perguntei, cruzando os braços.

- Escolhe logo, - murmurou, impaciente.

-Introdução- decidi, e a segui de volta à sala.

Ela se posicionou ao lado do pole, um sorriso confiante no rosto. A música começou a tocar e ela deu um passo à frente, sentindo a batida vibrar em seu corpo. Meus olhos a seguiam, hipnotizados.

Ela começou a girar, e, por um momento, tudo ao redor desapareceu. A força e a sensualidade que ela exibia me inspiraram. Quando ela finalizou com um salto controlado, eu não consegui evitar as palmas que batiam, uma mistura de admiração e alívio.

-Não achei que seria tão boa- disse, me aproximando.

- Vou fingir que isso foi um elogio, - respondeu, descontraída, antes de desligar a caixa de som.

- Quer tentar?

- Sim.- Respiro fundo.

Sentindo uma onda de coragem, decidi tentar. Eu me aproximei do pole, nervosa, mas determinada. A música recomeçou e comecei a imitar os movimentos que vi. O coração batia forte enquanto eu girava, tentando encontrar meu ritmo.

Mas no meio do movimento, meu pé escorregou, e, num instante, eu estava caindo. Antes que eu pudesse reagir, a mulher estava lá, segurando meu braço e evitando que eu me chocasse contra o chão.

- Uau, calma aí! - Ela disse, com uma mistura de surpresa e preocupação. Nossos olhares se encontraram, e eu senti um frio na barriga. A proximidade entre nós era palpável, e o toque dela era firme, mas gentil.

- Obrigada- murmurei, meu rosto quente de vergonha e adrenalina.

Ela manteve a mão em meu braço por um momento, seus olhos fixos nos meus. Havia algo nos dois que parecia flutuar no ar, uma conexão que eu não sabia como explicar. Novamente estávamos trocando olhares,me aproximo mas de seu rosto.

- O que tá fazendo?- Ela sussurra afastando o rosto.

- Não vai me solta?- Dou um sorriso ladino fazendo com que ela olhe suas mãos ainda me segurando. Então ela solta e toma uma distância segura parecendo nervosa.
Seguro á risada e vou pra fora esperando ela.

MINHA AFILHADA IRRESISTÍVEL /LÉSBICA FAYE PERAYAOnde histórias criam vida. Descubra agora