Capítulo 14: Os Criadores

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A clareira estava silenciosa, mas a tensão era palpável. O peso das revelações ainda pairava no ar, e a determinação de Thomas em resgatar Luna era um catalisador para todos nós. Sabíamos que a batalha ainda não havia terminado; tínhamos que agir rapidamente. Mas antes de traçarmos um plano, havia uma questão fundamental que precisávamos responder: quem havia nos criado?

— Precisamos descobrir quem são as pessoas que nos transformaram — disse George, olhando para cada um de nós. — Precisamos entender quem são nossos inimigos.

— E como podemos fazer isso? — perguntei, cruzando os braços.

— Eu tenho algumas informações — disse Mel, seu tom de voz indicando que estava prestes a compartilhar algo importante. — A organização que está por trás de tudo isso não é apenas uma simples rede de mercenários. Eles têm cientistas, pessoas que realmente entenderam nossos poderes e decidiram explorar isso.

— Você sabe onde podemos encontrá-los? — Thomas perguntou, sua ansiedade evidente.

Mel acenou com a cabeça, seu olhar firme.

— Eu consegui acesso a alguns arquivos durante nossas investigações. Há um laboratório principal, uma instalação onde todos eles se reúnem. É lá que podemos descobrir mais sobre nós mesmos — e sobre Luna.

O local indicado por Mel ficava em uma área isolada, fora da cidade. Com a decisão tomada, partimos imediatamente, nossos corações pulsando em sincronia com a urgência da missão. O caminho era longo e, a cada quilômetro, a tensão aumentava.

Finalmente, chegamos ao laboratório. O prédio era imponente, com cercas elétricas e guardas armados em todos os lados. Era claro que eles estavam prontos para qualquer tentativa de invasão. Mas não éramos mais apenas jovens desavisados. Com nossos poderes, tínhamos uma chance.

— Eu posso desacelerar o tempo e conseguir que vocês entrem — disse Thomás, olhando para os outros. — Mas vamos precisar de um plano.

— Eu posso gerar uma distração — sugeriu Mel. — Posso criar um campo elétrico ao redor dos guardas, fazendo-os desmaiar sem causar muito alarde.

George acenou com a cabeça, seus músculos se preparando para a ação.

— E eu irei abrir caminho para nós. Vamos mostrar a eles do que somos capazes.

Com o plano definido, nos posicionamos nas sombras, observando o movimento dos guardas. Mel ativou sua eletricidade, criando uma pulsação de energia que começou a atrair a atenção dos homens armados. Assim que eles se afastaram, Thomás avançou, desacelerando o tempo ao nosso redor. Corremos, aproveitando cada segundo.

Entramos no laboratório sem sermos notados, e logo nos encontramos em um corredor longo e iluminado. As paredes eram brancas, frias e desprovidas de vida. O ar estava carregado de um cheiro químico que lembrava hospitais e experimentos.

— Precisamos encontrar os arquivos — disse George, olhando em volta. — Eles devem ter tudo documentado.

A primeira porta que encontramos estava entreaberta. Entramos cautelosamente e encontramos um escritório bagunçado, com papéis espalhados e computadores ligados. Mel começou a vasculhar os arquivos enquanto nós vigiávamos a porta.

— Aqui! — ela exclamou, segurando um pen drive. — Isso deve conter informações sobre os experimentos.

Mas antes que pudéssemos examinar mais, um alarme ecoou pelo laboratório, alertando todos os guardas sobre nossa presença.

— Temos que sair daqui! — gritou Thomás, e todos nós nos dirigimos para a porta.

No entanto, ao abrir, nos deparamos com uma figura conhecida: um homem de cabelos grisalhos e óculos de proteção.

— Eu estava esperando por vocês — disse ele, seu tom calmo contrastando com a situação.

— Você é um dos cientistas? — perguntei, me preparando para uma possível luta.

— Sim, e sou o responsável por muitos de vocês — ele respondeu, com um sorriso enigmático. — Meu nome é Dr. Samuel.

— O que você quer de nós? — questionou George, o olhar desafiador.

— Quero que entendam o que realmente são — disse Dr. Samuel, sua voz ressoando como se estivesse em uma sala de aula. — Cada um de vocês foi escolhido por suas habilidades únicas. Thomas, sua força é um dom extraordinário. Rolly, sua audição é um poder que poucos possuem. E Mel, sua capacidade de manipular eletricidade é simplesmente fascinante.

— E Luna? — eu perguntei, sem conseguir segurar a curiosidade. — O que aconteceu com ela?

O sorriso de Dr. Samuel desapareceu, dando lugar a uma expressão mais sombria.

— Luna foi um experimento diferente. Eu não a criei, mas fui parte do processo que a transformou no que é hoje. Ela é um produto de nossas falhas e sucessos.

— Isso não é uma resposta! — gritei, frustrada. — Você não pode simplesmente brincar com as vidas das pessoas!

— E você acha que tem escolha? — ele retrucou, seu olhar penetrante. — Você foi feita para ser uma arma, assim como todos vocês. O que escolhemos fazer com esses poderes é uma questão de sobrevivência.

Uma onda de raiva e impotência percorreu meu corpo. Dr. Samuel era uma representação do sistema que havia nos aprisionado, e agora ele estava diante de nós, revelando a verdade de uma maneira brutal.

— Não vamos deixar você nos controlar — disse Thomas, seus punhos cerrados, prontos para a luta.

— Essa não é uma batalha que você pode vencer — Dr. Samuel disse, seu tom desafiador. — A escolha é sua: seguir em frente e aceitar seu destino ou lutar contra o inevitável.

Com essa última palavra, ele se virou, saindo da sala e deixando um ar de incerteza pairando sobre nós. Sabíamos que estávamos em um momento crucial. Era hora de decidir nosso futuro e o que faríamos com os poderes que nos foram dados.

— Temos que encontrar Luna antes que seja tarde demais — declarei, olhando para os meus amigos. — E não podemos permitir que eles decidam o nosso destino.

Com a determinação renovada, saímos do laboratório, prontos para enfrentar o que viesse a seguir.

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