Capítulo 16: O Caminho da Resistência

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O som das árvores balançando ao vento envolvia o grupo enquanto eles caminhavam pela floresta densa, afastando-se do último ponto de encontro seguro. O grupo de Rolly estava exausto e mentalmente desgastado após as recentes revelações, mas a adrenalina ainda os mantinha em movimento. George estava na frente, liderando o caminho com passos firmes, enquanto Rolly tentava processar tudo o que havia acontecido.

— Não temos tempo a perder, — disse George, olhando para trás. — Eles sabem onde estamos, e é só questão de tempo até nos encontrarem de novo.

Rolly assentiu, sentindo o peso da responsabilidade se aprofundar sobre ela. Depois da traição de Luna e o que descobriram sobre os cientistas por trás de suas vidas, tudo parecia mais sombrio e perigoso. Eles precisavam de um plano, algo que pudesse virar a maré a seu favor. Mas, no fundo, havia uma inquietação. Uma parte de Rolly se recusava a acreditar que Luna fosse totalmente má.

— Precisamos parar por um momento, — disse Thomás, apoiando-se em uma árvore. — Não adianta corrermos sem saber o que faremos a seguir.

Mel se sentou no chão, soltando um suspiro cansado, e olhou para o céu, onde as estrelas começavam a surgir. — Não dá pra continuar fugindo pra sempre. Precisamos encontrar um lugar seguro.

Rolly se afastou um pouco, observando seus amigos. O peso da verdade sobre seu pai ainda doía em seu coração. Tudo o que ela achava que sabia sobre ele — o cuidado, o apoio — agora parecia uma fachada cruel. Ele estava envolvido em tudo, controlando e manipulando suas vidas. Mas por que ele não revelou isso antes? O que ele queria de verdade com eles?

Ela caminhou um pouco mais para dentro da floresta, respirando fundo para tentar clarear a mente. O ar fresco lhe dava uma sensação de alívio momentâneo. Mas seu momento de reflexão foi interrompido quando ouviu passos se aproximando.

— Rolly? — A voz de George era suave, mas havia preocupação nela. — Está tudo bem?

Ela se virou para vê-lo se aproximando. George sempre foi o porto seguro do grupo, alguém em quem ela podia confiar, mesmo quando tudo ao redor parecia desmoronar. Seu olhar agora era sério, mas também caloroso, como se soubesse exatamente o que ela estava sentindo.

— Não, — ela respondeu, sem esconder a verdade. — Nada está bem. Nós fomos traídos. Meu próprio pai... Ele fazia parte disso o tempo todo. E Luna... Ela nos usou. Ou talvez tenha sido usada. Eu não sei mais em quem confiar.

George deu mais alguns passos até estar ao lado dela. Ele hesitou por um momento, e então colocou a mão em seu ombro. — Não precisamos ter todas as respostas agora. Mas sabemos de uma coisa: vamos passar por isso juntos.

Rolly se sentiu momentaneamente consolada por suas palavras. Mas antes que pudesse responder, algo no ambiente mudou. O vento parou de repente, e os pássaros que cantavam se calaram. Ela sentiu uma vibração no ar, algo incomum, como se a própria floresta estivesse segurando a respiração.

— Vocês ouviram isso? — Thomás apareceu logo atrás deles, seus olhos atentos ao redor.

— Sim, — Mel disse, surgindo ao lado de Thomás. — Isso não é normal.

De repente, o chão tremeu levemente, e uma sombra se moveu entre as árvores, veloz demais para ser um animal comum. Os instintos de Rolly se aguçaram imediatamente.

— Preparem-se, — ela disse, seu tom cheio de urgência.

Antes que pudessem reagir completamente, a figura saiu das sombras: era uma mulher alta, de expressão severa, vestindo o que parecia ser um uniforme tático. Ao seu lado, outros homens e mulheres apareceram, todos com olhares implacáveis e prontos para atacar.

— Vocês estão cercados, — disse a mulher, com um sorriso frio. — Vocês podem vir conosco pacificamente, ou as coisas vão ficar mais difíceis para vocês.

Rolly cerrou os punhos, o coração acelerando. Ela sabia que lutar não era uma opção ideal, mas também sabia que não podia se render tão facilmente.

— Quem são vocês? — perguntou George, sua voz carregada de desafio.

— Somos aqueles que estiveram observando vocês desde o início, — respondeu a mulher. — E agora, chegou a hora de resolvermos as coisas. Vocês são valiosos demais para serem deixados soltos.

Thomás e Mel já estavam prontos para lutar, enquanto George deu um passo à frente, protegendo Rolly.

— Se querem nos pegar, vão ter que lutar por isso, — George disse, desafiador.

A mulher sorriu, e com um gesto rápido, deu a ordem para seus subordinados atacarem.

A batalha explodiu com uma intensidade furiosa. George avançou com sua força brutal, derrubando dois adversários ao mesmo tempo, enquanto Thomás desacelerava o tempo ao seu redor, esquivando-se dos golpes e desarmando os oponentes com precisão cirúrgica. Mel lançou rajadas de eletricidade, incapacitando os inimigos antes que eles pudessem reagir.

Rolly, porém, ficou momentaneamente congelada. A visão de seus amigos lutando ativou algo profundo dentro dela, um instinto de proteção que ela mal compreendia. Ela sabia que precisava fazer mais. Seus poderes, ainda inexplorados em todo o seu potencial, chamavam por ela, mas algo a impedia de liberá-los completamente.

Foi então que um disparo ecoou pela floresta. Rolly viu, horrorizada, quando um dardo atingiu George, que caiu no chão com um gemido. Seu corpo ficou imóvel, e o pânico tomou conta dela.

— Não! — ela gritou, correndo até ele.

Antes que pudesse alcançá-lo, sentiu mãos fortes a puxarem para trás. Um dos soldados havia a capturado. Lutando para se soltar, Rolly sentiu a raiva crescer dentro de si, uma energia selvagem borbulhando em sua pele. Mas antes que pudesse liberar o poder, algo aconteceu.

— Parem! — A voz ecoou pela clareira.

Todos os combatentes congelaram, inclusive os soldados. A figura que apareceu entre as árvores foi inconfundível: Luna. Mas dessa vez, havia algo diferente em seu olhar. Ela parecia mais determinada, mais controlada.

— Ela está sob minha proteção, — disse Luna, sua voz firme. — Ninguém a toca.

A mulher que liderava os soldados hesitou por um momento, mas recuou com um aceno silencioso.

— Vamos sair daqui, — Luna disse, olhando para Rolly e os outros. — Agora.

Apesar da desconfiança que ainda sentiam, Rolly sabia que não tinham outra opção. Eles seguiram Luna pela floresta, seus corações cheios de perguntas e de incerteza sobre o que viria a seguir.

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