Capítulo 4: Ecos do Passado

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Depois do dia no laboratório, minha mente estava uma confusão. Tentei me concentrar nos estudos, mas as palavras no caderno ainda martelavam na minha cabeça: "Eu sei o seu segredo, e ele está seguro comigo!" O que aquilo significava? Quem poderia ter escrito?

Na manhã seguinte, acordei com um leve peso no peito. O sol já brilhava forte, e o som da cidade acordando preenchia o ar. Levantei-me, fazendo um esforço para afastar as sombras da noite anterior. No entanto, ao olhar para meu reflexo no espelho, percebi que a expressão de preocupação ainda estava lá.

Após o banho e o café da manhã, deixei a casa, determinada a ter um dia normal. Ao entrar na universidade, as memórias do que aconteceu no laboratório se misturavam com a sensação de que algo grande estava prestes a acontecer.

Encontrei Mel, Thomás e George na entrada, todos já animados, rindo e conversando. Mel estava mais agitada do que o habitual, com os cabelos soltos e esvoaçantes. Thomás, por outro lado, tinha um olhar concentrado, como se estivesse pensando em algo mais sério.

— Oi, Rolly! — Mel gritou ao me ver. — Você não vai acreditar no que aconteceu ontem à noite!

— O que foi? — perguntei, tentando parecer mais interessada do que realmente estava.

— Estávamos na balada, e o DJ tocou aquela música que você adora! O George se jogou na pista! — Ela começou a rir, e eu não pude evitar um sorriso. George, o mais sério entre nós, estava corando, parecendo desconfortável com a atenção.

— Eu não "me joguei"! Apenas estava dançando — ele retrucou, tentando se defender.

— Ah, claro, dançando, é isso que chamamos agora! — Mel provocou, e a atmosfera se encheu de risadas.

Enquanto me divertia com eles, uma pontada de preocupação ainda persistia em meu coração. O clima leve logo se tornou pesado quando me lembrei das palavras no meu caderno. O que poderia ter acontecido se eles soubessem do que realmente sou?

As aulas passaram, e a sensação de que algo estava prestes a acontecer apenas aumentava. Durante a aula de psicologia, enquanto a professora falava sobre teorias de percepção, não pude deixar de notar que a voz que me chamava em sussurros parecia mais próxima do que nunca. Olhei ao meu redor, mas ninguém parecia perceber. O coração acelerou, e uma onda de calor subiu pelo meu corpo.

Após a aula, não consegui ficar mais tempo. Peguei minha mochila e saí rapidamente, sentindo a necessidade de respirar ar fresco. Ao atravessar o pátio, fui surpreendida por uma figura que se aproximava de mim. Era um garoto que eu nunca tinha visto antes, com cabelos escuros e uma expressão intrigante.

— Rolly, certo? — Ele perguntou, e a maneira como pronunciou meu nome fez meu coração disparar. Havia algo familiar na sua voz.

— Sim, quem é você? — respondi, tentando manter a calma.

— Meu nome é Alex. Eu... bem, eu conheço seu pai. — O olhar dele era intenso, e eu percebi que a atmosfera ao nosso redor mudava. O barulho dos estudantes e o riso distante pareciam desaparecer.

— O que você quer? — perguntei, confusa e um pouco assustada.

— Eu preciso te contar algo importante, sobre quem você realmente é — disse ele, sua voz baixando, como se temesse ser ouvido.

Uma onda de adrenalina percorreu meu corpo. A sensação de que tudo estava prestes a mudar se tornou quase palpável.

— O que você sabe sobre mim? — indaguei, tentando esconder a ansiedade na minha voz.

— Vamos conversar em um lugar mais reservado. Aqui não é seguro — ele respondeu, olhando ao redor, como se estivesse verificando se alguém estava nos ouvindo.

Eu hesitei. Devo confiar nele? Mas a curiosidade, misturada ao medo, tomou conta de mim. Acenei com a cabeça e o segui, meu coração batendo forte enquanto caminhávamos para um canto mais isolado do campus, longe dos olhares curiosos.

— O que você sabe sobre meu pai? — perguntei, parando ao lado de um arbusto espesso.

— Ele não é quem você pensa que é, Rolly. — Alex fez uma pausa, e seus olhos brilharam com uma intensidade que eu não conseguia entender. — Ele tem segredos. Segredos que envolvem você.

— Como você sabe disso? — minha voz estava mais firme do que me sentia.

— Porque eu sou parte disso — ele disse, sua expressão mudando de preocupação para determinação. — E eu sei que você também é.

Parte disso? A frase ecoou na minha mente. O que isso significava?

— O que você está dizendo? — perguntei, minha voz trêmula.

— Há coisas que seu pai fez, que ele nunca lhe contou. Você tem habilidades especiais, Rolly. Mais do que você imagina. E isso é só o começo.

O que ele disse parecia uma loucura, mas ao mesmo tempo, havia uma verdade inquietante nas palavras dele. Uma parte de mim queria rejeitar a ideia, mas a outra parte estava desesperada por respostas.

— O que você quer dizer com "habilidades especiais"? — questionei, minha mente girando com a possibilidade de que tudo que eu pensava saber sobre mim mesma estava errado.

— Vamos precisar de mais tempo. Eles estão vindo atrás de você — Alex disse, e seu olhar se tornou sério. — Precisamos nos encontrar novamente, e você precisa se preparar.

Antes que eu pudesse responder, ele olhou para trás e, num movimento rápido, desapareceu na multidão de estudantes.

Fiquei ali, parada, com o coração na garganta e a mente em chamas. As palavras dele ecoavam em minha cabeça: "Eles estão vindo atrás de você."

Voltei para o campus, o peso daquelas revelações ainda pesando sobre meus ombros. O que estava por vir? E, mais importante, o que eu realmente era?

A Outra Face De Um ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora