Capítulo 10: A Emboscada

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A tensão no ar era palpável. Estávamos reunidos no campo, nos preparando para algo que sentíamos ser inevitável. Depois das revelações de Luna, nada parecia ser seguro. Ela havia nos alertado sobre outros como nós, pessoas que estavam observando, e sobre um confronto iminente. Mas nada havia nos preparado para o que estava prestes a acontecer.

— Eles estão próximos — disse Luna, olhando para o horizonte com os olhos semicerrados. — Não temos muito tempo.

— Quem exatamente está vindo? — perguntei, o nervosismo crescendo dentro de mim. Meus sentidos estavam em alerta máximo, tentando captar qualquer sinal de perigo.

— Os homens que seu pai serve, Rolly — ela disse sem rodeios, sua voz carregada de urgência. — Eles querem mais que apenas estudar você. Querem controlar o que vocês são, transformar vocês em armas.

George, que estava ao meu lado, cerrou os punhos, seus músculos tensionados. Mel e Thomás estavam em posição, prontos para o que viesse. Mas nada poderia nos preparar para o caos que se seguiu.

Do nada, um som ensurdecedor cortou o silêncio, seguido de uma explosão que sacudiu o chão sob nossos pés. Fomos jogados para trás pela força do impacto, enquanto uma nuvem de poeira e fumaça subia ao redor. Quando a poeira baixou, vi várias silhuetas emergindo da neblina — homens vestidos com trajes táticos, todos armados até os dentes.

Pegue-os! — gritou um deles, e a batalha começou.

George foi o primeiro a agir, avançando com sua força sobre-humana e derrubando três dos atacantes de uma só vez. Seus punhos eram como martelos, e cada golpe fazia os inimigos voarem para longe. Ao seu lado, Mel começou a gerar eletricidade em suas mãos, lançando rajadas de energia contra os que tentavam se aproximar. Eles caíam no chão, incapacitados pelo choque.

Cuidado! — gritou Thomás, que havia desacelerado o tempo ao seu redor. Ele se movia com uma velocidade surreal, desviando dos golpes e desarmando os inimigos antes que pudessem reagir. Eu nunca o tinha visto usar tanto poder de uma só vez.

Eu estava prestes a entrar na luta quando senti um puxão forte no meu braço. Virei para ver Luna, seu rosto determinado, me puxando para longe da batalha.

Você tem que sair daqui, agora! — ela ordenou, me empurrando em direção a uma área segura. — Eles estão aqui por você, Rolly! Se te pegarem, não vamos conseguir salvá-la.

— Eu não vou deixar meus amigos! — gritei, tentando me soltar, mas a força de Luna era inesperadamente poderosa.

Antes que eu pudesse reagir, algo perfurou o ar. Senti uma dor aguda em meu pescoço e tudo ao meu redor começou a ficar turvo. Minha visão ficou borrada e minhas pernas perderam a força. Quando olhei para baixo, vi um dardo tranquilizante cravado na minha pele.

Não! — ouvi George gritar à distância, mas não consegui responder. Minhas pernas cederam, e tudo ficou escuro.

Acordei em um lugar desconhecido. Estava em uma sala fria e estéril, com as paredes de metal e o som de máquinas zumbindo ao meu redor. Meus braços estavam presos por correias grossas, e ao meu lado, vi George, Mel e Thomás, todos desmaiados e presos da mesma forma.

Finalmente acordou. — A voz de Luna ecoou na sala. Ela estava de pé à minha frente, observando-me com olhos frios.

Luna? — murmurei, ainda grogue. — O que está acontecendo?

Ela suspirou, sua expressão mudando para algo que eu não conseguia identificar — talvez fosse arrependimento.

Eu não sou quem você pensa que sou, Rolly. — Luna se aproximou, seus passos ecoando no chão metálico. — Eu não estou aqui para te ajudar. Na verdade, eu fui enviada para garantir que você e seus amigos não escapassem.

Meu coração congelou ao ouvir isso. Ela nos traiu?

Por quê? — consegui murmurar, a fúria e o medo começando a crescer em meu peito. — Você estava nos ajudando... você disse que queria nos proteger!

— E, em parte, isso era verdade. — Ela olhou para os outros, que ainda estavam inconscientes. — Mas eu tenho meus próprios interesses. Eu sou... diferente, como você. Fui criada para caçar pessoas como vocês, pessoas que podem se tornar uma ameaça ao controle de quem realmente governa as coisas.

— Quem está por trás disso? — perguntei, sentindo a raiva crescer. — Quem está te manipulando?

Ela ficou em silêncio por um momento, como se estivesse decidindo se deveria me contar.

Seu pai. — As palavras saíram frias e pesadas. — Ele não é quem você pensa que é. Ele faz parte de uma organização secreta, uma rede de cientistas e mercenários que querem usar seus poderes para controlar o mundo. Eles me criaram para manter você e seus amigos sob controle. Para garantir que vocês nunca escapassem do destino que eles planejaram.

Meus pensamentos giraram. Meu próprio pai... envolvido nisso? Aquele homem amoroso, que parecia tão preocupado comigo... era tudo uma mentira?

Ele... ele sabe sobre isso? — perguntei, a dor e a confusão se misturando em minha voz.

— Sim, ele sabe. Ele sempre soube. E agora que você desenvolveu todo o seu potencial, eles querem você de volta sob o controle deles.

Antes que eu pudesse reagir, a porta da sala se abriu com um estrondo, e uma equipe de homens armados entrou. Eles se aproximaram rapidamente de nós, mas, naquele momento, George abriu os olhos. Com um rugido, ele quebrou as correias que o prendiam, sua força sobre-humana derrubando os guardas como se fossem bonecos de pano.

Rolly, agora! — ele gritou, enquanto destruía mais soldados com seus punhos poderosos.

Eu, finalmente, me libertei com um puxão de toda a minha força. Mel e Thomás também acordaram, e juntos, atacamos os guardas restantes. Mel lançou raios de eletricidade que desarmaram os homens restantes, enquanto Thomás desacelerava o tempo, tornando-os alvos fáceis.

Mas antes que pudéssemos chegar a Luna, ela desapareceu. Havia algo mais nela, algo que ainda não compreendíamos completamente.

Ela vai voltar, — disse George, ofegante, ao meu lado.

— E quando voltar, vamos estar prontos para ela, — respondi, olhando para a porta onde Luna havia desaparecido.

Nós escapamos, mas a batalha estava longe de terminar. A verdadeira luta estava apenas começando, e agora sabíamos quem era o verdadeiro inimigo: aqueles que mais amávamos e confiávamos.

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