" E eu estou presa no fogo cruzado dos meus próprios pensamentos
A cor do meu sangue é tudo que vejo nas rochas"My blood ~ Ellie Goulding
Luna ÁguilaRespiro fundo e bato três vezes na grande porta de madeira do escritório de meu pai, dentro da Mansão Águila. Depois de dias escondendo de meu pai a explosão na minha casa, agora não dá mais. Os soldados uma hora ou outra daram com as línguas nos dentes, mas não sabem da maldita marca de Lexia na porta.
Então ainda posso contornar a situação.
Alguns segundos depois escuto a voz grave de Alejandro Águila soar.
— Entre!
Abro a porta e entro, a fechando atrás de mim, entrando no grande escritório antiquado, que ele tanto ama.
O escritório estava imerso em sombras pelas cortinas escuras fechadas, impedindo a luz da tarde entrar. Provavelmente ele está com mais uma crise de enxaqueca. Ele estava sentado atrás de uma enorme mesa de carvalho, pilhas de documentos e mapas se espalhando diante dele. Seu olhar severo encontrou o meu enquanto eu me aproximava. Ele tinha uma cicatriz de queimadura que ia do pescoço até o meio da bochecha, no lado esquerdo. É difícil encontrar alguém do meu convívio que não tenha uma marca daquele dia.
— O que quer, Luna? — sua voz era fria e calculada.
Respiro fundo, tentando manter a firmeza diante dele.
— Precisamos conversar, pai. — Minha expressão não revelava o turbilhão de emoções que ferviam dentro de mim. Depois de muitos anos, consigo disfarçar minhas emoções na frente dele. Sempre foi uma de suas queixas "Você é sensível demais".
E fora isso que quase matou a todos nós.
Ele abaixa os documentos que estava analisando, fixando seu olhar penetrante em mim.
— Estou ouvindo, hija.
Escolho minhas palavras com cautela.
— Houve um incidente na minha casa. Um ataque. Coisa pequena — "Pequena", quase rio com tamanho eufemismo. Deixo a informação pairar no ar, observando a reação de meu pai.
Seu rosto permanece inexpressivo, mas percebo uma centelha de curiosidade em seus olhos.
— Um ataque? E por que só está me informando agora? Estava em casa na hora? Como não fiquei sabendo?
— Eu... Não, não. Não estava na casa. — Outra mentira — Eu estava tentando resolver a situação antes de envolvê-lo. — Minha voz vacila ligeiramente, mas mantenho o olhar firme.
Ele me analisa por um momento, avaliando cada gesto e palavra.
— Continue.
Decido omitir a parte sobre Lexia por enquanto.
— Houve uma explosão. — Desvio o olhar por um instante, como se a lembrança fosse difícil de suportar. — A casa foi atacada. Não sabemos quem, mas... Eu me envolvi em umas brigas por aí, sabe... Fora os russos que estão loucos com a gente.
Meu pai se inclina para trás em sua cadeira, estudando-me.
— E quem está cuidando disso?
— Eu. Estou tomando as providências necessárias. Já sou auto suficiente, pai. — Respondo com firmeza.
Ele me observa por mais alguns segundos antes de falar.
— Não aceitarei fraquezas, Luna. Nossa família não pode ser vista como vulnerável. Não depois de tudo. Certifique-se de lidar com isso de maneira eficaz.
Assinto, engolindo qualquer resquício de temor.
— Eu resolverei isso, pai. Pode confiar em mim.
Quando me viro em direção à porta ele me chama.
— Filha — me viro novamente, ele me encara, seu olhar mais suave — Fernando está de volta, irá passar uns dias aqui em casa — Meu rosto se contorceu em confusão.
— Mas, por quê?
— Por algum milagre ele continuou a fazer negócios conosco — ele me deu um olhar severo — Mesmo depois do que você fez — reviro meus olhos fortemente.
— Não existem mais hotéis por aqui para ele ficar? — pergunto com ironia.
— Ele irá ficar aqui por quanto tempo quiser — Seu tom não me deixava brechas para contestar — E aproveite, que sempre há tempo para repensar seus atos, e tente se reaproximar dele.
O encaro incrédula.
— Como? — Me aproximo da mesa — Não. Negativo.
— Vai ser gentil, agradável, pelo menos isso! — sua voz se alterou — Não vou correr risco de perder meus negócio com ele novamente por sua causa. Ainda me arrependo de não ter simplesmente te obrigado a casar com ele.
Ele retorna ao seu trabalho, indicando que a conversa havia chegado ao fim. Saio do escritório, sentindo o peso das responsabilidades sobre meus ombros.
Fernando de volta a Itália. Mas que merda.
Vou até às escadas passando pela porta do quarto de minha mãe, onde ela provavelmente está e penso em ir vê-la, mas desisto da idéia ao sentir meu celular vibrar em minha mão e ver que Jennie estava me ligando. Atendo imediatamente, descendo as escadas.
— Luna? — a voz de Jennie parece longe, abafada.
— Oi, estou ouvindo.
— Enviei tudo que consegui reunir. Foram pouquíssimas informações, mas o suficiente.
Fala sério.
— O quê? O combinado era você me entregar para que EU levasse para aquela filha da puta, Jennie! — digo com clara raiva.
— Você acha mesmo que eu ia te entregar os arquivos? Para quê? Você ir se enfiar no covil dela? Meu dever é te manter segura, Luna. Segura — enfatizou — Você não chega mais perto de Lexia Innocenti, entendeu?
Grunhi com raiva e encerrei a ligação.
Eu queria ter esfregado na cara dela que não tive nada a ver com a exterminação daqueles vermes que ela chama de "conselheiros". Queria provar que pela primeira vez Lexia estava errada e que aquele aviso de merda foi em vão. Só serviu para me deixar com mais raiva daquela maldita italiana.
Se ela queria a pessoa mais óbvia para culpar, acabou de perder.
Acabou de perder a única desculpa que tinha para nos atacar de graça.
Mas outro ponto que não podia ser ignorado é que: claramente alguém me incriminava.
Tiros de alta precisão? Eu não sou a única snipper da Itália. E existem mais centenas por aí a fora. Não são fáceis de achar atiradores tão bons, mas não é impossível se souber procurar nos lugares certos. Mas a carta. A carta envenenada, isso foi a assinatura para um mandado de caça à mim. O problema é saber quem foi. Eu poderia até dizer que isso não é mais problema meu, que é da Lexia, mas eu estaria mentindo.
Não posso ficar parada enquanto tem alguém por aí que quer jogar toda a sujeira para cima de mim.
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Set me on fire | Romance Sáfico
RomantizmLuna Águila e Lexia Innocenti, herdeiras de máfias rivais, compartilham um passado marcado por uma paixão intensa e proibida. Luna, conhecida como " A Química" da máfia Águila, é uma mente brilhante, com habilidades que vão da química à tecnologia...