"É um milagre que tenhamos nos conhecido"
SS se tornou o meu lugar feliz. Dos poucos dias que ainda me restavam na costa oeste, eu aproveitei cada um deles naquele veleiro.
Voltei à marina até que o homem grisalho já soubesse o meu nome e eu soubesse o dele: Elias. Sentávamos para conversar sempre que eu voltava do meu passeio curto no mar de Maresias.
Contei à Elias sobre a minha mãe e a minha vida na Austrália. Contei até sobre Medina. Ele ficou fascinado com a ideia de viajar o mundo com um surfista mundialmente famoso.
Mostrei algumas das minhas bandas favoritas e compartilhamos nossos amores por Pink Floyd, Djavan, Engenheiros do Havai e tantos outros. Aquele senhor era a minha companhia de muitas tardes.
Não sabia como dizer à ele que eu iria voltar pra Sydney em poucos dias, então fingi até pra mim mesma que sempre voltaria no dia seguinte. Ele era como o avô que eu nunca tive, nem por parte de mãe nem de pai.
— Essa é a garota do SS? — Um homem de meia idade e com a barriga saliente perguntou com um sorriso largo enquanto se aproximava de nós.
Estávamos sentados em cadeiras de praia, banhados no sol dourado das cinco da tarde.
— Andou falando de mim, velho? — Sussurrei antes do homem chegar perto o suficiente para apertar as nossas mãos.
— Prazer, Malu. — Me apresentei quando ele esticou a mão.
— Bem-vinda, eu sou o Juliano, sou dono do
Queen ali e do Harriet. — Ele apontou os veleiros. — Elias contou que você só pega o SS, certo?— Seus veleiros são muito bonitos, Juliano.
Era verdade.
— Mas não são o SS, né? — Ele levantou uma sobrancelha.
— Não são. — Ri.
— Tudo bem, menina. Eu sei como é me apaixonar por barcos. — Ele me entendeu.
Depois de um pouco de conversa sobre o clima e óleos que precisavam ser trocados, o homem se despediu e foi embora.
— Hoje você vai conhecer o dono do SS. — Elias quebrou o silêncio agradável. — É um moço bonito, acho que você vai gostar. — Riu por baixo da barba espessa.
Virei de leve pra ele.
— Ta me chamando de encalhada?
— Você tá viajando Brasil a fora com vários caras e não fisgou nenhum deles! Essa vai ser a minha caridade do ano.
Velho safado.
Olhei pra ele com a minha expressão mais insultada possível.
— Você não vale essa cachaça barata que você toma!
Ele riu aberto.
— Quer um pouco? — Me ofereceu da garrafinha de metal.
— E morrer de cirrose junto contigo? — Levantei a sobrancelha.
Jogamos conversa fora por mais algum tempo até eu notar que já era bem tarde.
Elias queria me fazer aguardar pelo dono do veleiro, mas eu preferi perder a oportunidade.
— Estranho, ele sempre aparece antes da noite cair. Hoje não é seu dia de sorte, garota — Elias lamentou.
— Eu vou chorar as minhas pitangas no caminho de volta pro hotel, não se preocupe. — Garanti à ele antes de continuar a caminhada de volta pro meu solitário quarto.
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Click and Surf | Gabriel Medina
FanfictionGabriel Medina, o surfista brasileiro de renome mundial e novo embaixador da RIP CURL, se muda para a Austrália para promover a nova coleção da marca. Lá, ele conhece Maria Luiza, uma fotógrafa talentosa que se torna sua parceira criativa. À medida...