Capítulo 27

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Eu ia sair com Leo, que tinha me chamado para conhecer a cidade. Meu pai não cansava de me pedir fotos dos lugares e das comidas baianas, e já era hora de aproveitar um pouco mais. Eu estava digerindo meus problemas com a gestão do surfista há quase um dia.

Coloquei uma roupa leve, peguei uma bolsa de ombro e o aguardei na porta do hotel, no início da manhã.

Alugamos um carro e fomos passear, sem destino exato. Entre feirinhas e cafés variados, paramos no Quadrado para posar de turista. Passeamos pela praça principal e exploramos a arquitetura colonial, tudo muito lindo, e eu registrava tudo com a minha câmera, queria guardar cada pedacinho daquele lugar.

Quando nossos pés já estavam cansados, Leo sugeriu que sentássemos na grama para relaxar um pouco até a hora do almoço. Encontramos um espaço bom e sentamos para aproveitar o sol do dia.

Os óculos escuros que eu usava eram de Gabriel, mas ninguém precisava saber disso. Outro mini segredo meu: queria tudo que tivesse o estilo de Medina.

— Malu, eu tenho algo para você... — Ele disse, procurando algo no bolso da bermuda.

Ele tirou a mão fechada do bolso, com um sorriso bobo no rosto.

Baixei os óculos, curiosa. Era um presente pra mim?

— O quê é?

— Não é meu, mas você vai saber quem mandou. — Ele abriu a mão, aguardando minha reação.

Era um anel de Gabriel. O meu anel favorito dele, preso em uma correntinha de prata.

— Isso é...? — Perguntei já sabendo a resposta, mas queria a confirmação.

— Sim! — Leo abriu um sorriso enorme, apertando seus olhinhos.

Gabriel queria que eu usasse seu anel de pingente? O que aquilo significava?

— Ele disse que queria que você carregasse algo dele. — Leo me contou.

Não era como o óculos que eu tinha praticamente roubado, era algo que ele mesmo tinha tirado de si para me dar.

Eu fiquei estática, olhando para o presente na palma da mão do meu amigo. Gabriel nunca tinha me dado um presente antes.

Estiquei a mão para pegar o anel e a corrente da mão de Leo, pensando se eu poderia mesmo usá-lo em público. Talvez, se eu usasse por dentro da blusa, ninguém notaria.

Leo me ajudou a colocar a corrente e eu segurei meu sorriso, mesmo sabendo que não precisava, não na frente dele.

— Por que ele mesmo não me deu? — Quis saber.

Nós teríamos dado um jeito, só exigia um segundo.

— Há questões com a gestão e ele não pode deslizar. Medina tá tentando se adaptar à situação sem fazer besteira. — Leo explicava com paciência. — Ele disse que tava ansioso pra te ver usando o colar e também poder sair com você, então eu me dispus a ser o seu garoto de recados. — Leo riu.

Abracei ele, agradecendo por ser compreensivo, por não nos julgar e por ainda se fazer de ponte pra nós dois.

— E tem mais — Leo disse rindo depois de se soltar do meu abraço.

Observei enquanto ele se levantava.

— O quê?

— A partir desse exato minuto, vamos seguir à risca o roteiro que Medina preparou para nossa volta por Trancoso. Desde a sobremesa, até os horários que vamos passar pelos lugares, tudo foi planejado por ele.

Espera... tínhamos um roteiro preparado por Gabriel Medina?

Mesmo que Gabriel não pudesse ir comigo, ele queria me mostrar a cidade. Senti uma pontada no coração por não podermos fazer isso juntos, mas estava grata pela dedicação dele. Algo em mim queria gritar bem alto.

Click and Surf | Gabriel MedinaWhere stories live. Discover now