Vi Gabriel perder o ar.
Durante todo aquele dia, era exatamente assim que eu me sentia. Quase como se eu fosse dele.
Seu anel pendendo do meu pescoço, o roteiro que ele planejou, todos os meus pensamentos nele.
Ele apertou minha mão mais forte e eu quis entrelaçar nossos dedos, mas o corredor era público demais para isso. Se eu entrasse correndo no quarto dele alguém me impediria?
Fechei os olhos, me concentrando nas borboletas no meu estômago, na mão de Gabriel segurando a minha, no calor que a presença dele tinha e no seu perfume inconfundível.
Eu só queria um abraço. Um só. Queria encostar minha cabeça perto do coração dele e ouvir o quão descompassados seus batimentos estavam. Queria ter o mundo para entregar a ele bem ali.
Ouvimos passos se aproximando no corredor, estava longe ainda, mas era o suficiente para que acordássemos do transe.
Abri os olhos, focando nas feições perfeitas dele. Ele beijou a minha mão em um movimento que ele não tinha noção do quão charmoso era.
Me afastei antes que os passos se aproximassem e entrei no elevador sem descobrir quem havia nos interrompido.
Pousei as mãos sobre o meu peito, com medo de que a força da minha pulsação fosse me arrebentar de dentro pra fora. Quase doía.
Quando cheguei no quarto, liguei pra Heather. Queria contar pra ela do meu dia, de Trancoso, do término de Gabriel. Até então, eu tentava guardar tudo comigo mas, àquela altura, era demais. Precisava que a minha melhor amiga me dissesse que eu não estava ficando louca, que não era a minha imaginação.
Mais tarde, não conseguia dormir. Meu corpo vibrava apenas com a lembrança de Gabriel me olhando no corredor, a pele quente dele segurando a minha mão.
As horas passavam e eu gravava cada milímetro do rosto do surfista na minha mente. Queria guardar para sempre a imagem dele como o vi naquela noite. De todas, aquela era a mais perfeita. Eu senti seu olhar ceder ao mesmo tempo que o meu cedeu. Minha guarda estava baixa e a dele também, só precisávamos de mais um pouco de tempo.
Na meia luz de um corredor de hotel em um dos lugares mais lindos do Brasil, eu me enxerguei com ele. Mesmo que por um segundo, eu vi algo que não estava ali antes.
[...]
Dormi no vôo para o Rio de Janeiro, infelizmente, sentada fileiras atrás de Gabriel. Eu começava a suspeitar que a gestão do surfista estava tentando mantê-lo longe de toda e qualquer mulher da equipe.
Eu não entendia o tamanho do problema. Era só chegar perto de uma mulher que Gabriel estaria automaticamente desrespeitando a mãe de seu filho? Aquela proteção toda me parecia patética.
Como eu ia evitá-lo trabalhando com ele?
Luke comentou suas suspeitas comigo, e eram as mesmas que as minhas.
Na chegada a Saquarema, seguranças fizeram uma operação digna de um filme de espião para Gabriel não ser visto no aeroporto. Era quase ridículo. Achavam melhor escondê-lo do que responder qualquer pergunta sobre o término à imprensa. Todos no avião tiveram a saída da aeronave atrasada em quase trinta minutos por conta disso.
Eu achava uma péssima estratégia, mas não poderia questionar a Surfest. Me espantava o poder que a gestão tinha sobre todos os agenciados. O que os prendia tanto? Era dinheiro, status, segredos? Nada deveria valer a liberdade.
Quis perguntar ao Leo enquanto entrávamos em uma van em direção ao hotel, mas preferi deixar para outra oportunidade.
Me encostei no vidro do veículo, gravando um vídeo do trajeto para mostrar ao meu pai, que tinha me enviado uma foto de Sara cozinhando com ele.
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Click and Surf | Gabriel Medina
FanficGabriel Medina, o surfista brasileiro de renome mundial e novo embaixador da RIP CURL, se muda para a Austrália para promover a nova coleção da marca. Lá, ele conhece Maria Luiza, uma fotógrafa talentosa que se torna sua parceira criativa. À medida...